A edição passada foi um baque e uma decepção imensa pra mim e talvez alguns fãs do Hulk. Apesar de adorar o trabalho do roteirista em outras franquias, o jeito como Bruce Banner foi retratado ali me desestimulou bastante a continuar lendo o material do Mark Waid. Por pura teimosia comprei Hulk 3 no dia de seu lançamento e deixei guardada até minha raiva e desolação darem uma esfriada. Recentemente peguei pra ler esta edição e tive uma grata surpresa: Bruce Banner não virou um retardado completo.

A história continua do ponto em que a edição anterior nos deixou: Maria Hill cercada por atacantes misteriosos, Abominável caindo na mão com o Verdão e temos mais algumas informações sobre quem está por trás dos ataques a Banner. Nesta edição o Hulk recebe ajuda dos Vingadores para conter o Abominável, que teve seus poderes modificados para emitir doses de radiação letais. Descobrimos que toda a vez que Banner se torna o Hulk o fator de cura do monstro tentar regenerar o tecido cerebral que sofreu danos por causa do tiro na cabeça que ele recebeu. Com isso o cérebro de Banner corre sério risco de se regenerar de maneira errada e comprometer suas capacidades cognitivas. Vemos aqui um Banner que altera entre seu habitual brilhantismo, a burrice da edição anterior e a loucura total. E isso é muito legal. No final o protagonista põe em risco sua própria sanidade para ajudar seus amigos Vingadores. Uma premissa muito legal e uma idéia que eu não esperava. Ponto para o Waid e finalmente depois de muitas edições consegui me divertir e vibrar com alguma coisa do Hulk.
Os desenhos de Mark Bagley vão de regulares a bons nesta edição. Sem dúvida as cenas de ação entre o Hulk e o Abominável são as melhores. A página final também é uma amostra de como o desenhista pode caprichar quando quer. No entanto em cenas com personagens sem máscaras ou com expressões mais humanas o traço do artista ainda é muito genérico e sem sal. De qualquer maneira a HQ não é prejudicada nem um pouco pela arte de Bagley.
Hulk 3 é um triunfo de Mark Waid. O autor conseguiu levar Bruce Banner ao limite de sua sanidade através de uma construção paciente e bem planejada e de uma premissa que chegou a me enganar por um momento. O tema do dano cerebral físico é uma coisa que nunca foi usada neste personagem. A maneira como o protagonista é posto contra a parede e é obrigado a abdicar de sua integridade pelo bem estar de outras pessoas é uma das características primordiais de Bruce Banner. Hulk 3 é uma leitura movimentada, bem escrita e recupera aquele clima de imprevisibilidade que no fundo é o que me fez um apaixonado pelo personagem até hoje.
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