segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Thanos: The Infinity Revelation

Infinity Revelation é a mais nova OGN (Original Graphic Novel) cósmica da Marvel. O aclamado roteirista e artista Jim Starlin já havia retornado ao universo que ajudou a construir em "Thanos Annual 1" há alguns meses trás, mas aqui o autor realmente tem o espaço e oportunidade de escrever uma saga épica protagonizada pelo Titã louco.
Segundo recentes entrevistas de Starlin, Infinity Revelation foi escrita e desenhada sem conhecimento prévio da recente aparição de Thanos na saga Infinity. Após ter seu trabalho finalizado o artista acabou incluindo alguns personagens do evento idealizado por Jonathan Hickman em algumas páginas como figurantes. Infinity Revelation, portanto pode ser lida como um retorno de Thanos ao Universo Marvel pré-Infinity pois aborda algumas temas do passado do personagem, mas não cita nenhum evento que aconteceu de fato em Infinity.
Nesta grande viagem escrita por Starlin "algo" muito grande e muito tranformador está acontecendo com o Universo Marvel. Essa transformação envolve pessoalmente Thanos e Adam Warlock (A própria Marvel divulgou o retorno do personagem no preview desta HQ, então isto não é spoiler. Antes que alguém venha mimimizar). Apesar da escala do "evento" supostamente ser imensa, nenhum membro do elenco (e aqui estamos falando de entidades cósmicas de enorme magnitude na Marvel) consegue explicar muito bem o que está acontecendo. Neste caso fica por conta de Thanos descobrir do que se trata essa transformação.
Starlin nos presenteia com várias passagens clássicas da mitologia de Thanos . Muitos personagens do plantel cósmico da editora fazem suas devidas aparições e eventualmente caem na porrada com Thanos nas 99 páginas do graphic novel. Então, para quem estava com saudade do argumento verborrágico de Starlin e suas noções megalomaníacas do universo cósmico é um prato recheado.
Infelizmente existem leitores (me incluo) que querem um pouco mais do que devaneios interdimensionais quando pagam dezenove dólares por uma HQ e Infinity Revelation tem muito pouco conteúdo objetivo a oferecer. Analisando friamente a história dá uma volta gigante e não te leva de um ponto A para um ponto B. A HQ te deixa no mesmo ponto aonde começou, com muitas perguntas sem resposta e uma sensação de frustração pela expectativa criada nas primeiras 30 páginas. Parece que Starlin estava construindo algo que realmente tinha o objetivo de criar algum impacto no Universo Marvel, mas o impacto aqui é pequeno (aparentemente)  e se restringe a Thanos e Warlock principalmente. O próprio autor admite o fato de toda a história ser "muito barulho por nada" em uma passagem mais contemplativa de Thanos no final da HQ. Então acho que não estou falando besteira aqui.
A arte por outro lado é extremamente bem feita.Thanos de Starlin é um clássico e todas as caracterizações do elenco aqui estão representadas perfeitamente nos desenhos do cara. O traço de Starlin é limpo e tem a identidade visual perfeita pra esse tipo de história. O enquadramento não tem nenhuma loucura ou inovação, mas em compensação as cenas mais viajantes da HQ tem bastante dose de LSD, com alguns personagens mudando de forma e encarnação de quadro para quadro em diálogos e uns splash pages bem alucinados mais para o meio da revista.
Infinity Revelation é um excelente exercício em futilidade. E até diverte. Infelizmente por mais que eu adore Thanos, Warlock, as entidades cósmicas da Marvel e todo esse elenco apresentado aqui. Por mais que eu goste de um quebra-pau intergaláctico. E por mais que sagas megalomaníacas com diálogos filosóficos excessivos e beirando o limite da minha compreesnão do que o autor quer dizer me agradem, a história apresentada neste graphic novel leva nada a praticamente lugar nenhum e isso não é suficiente para que eu possa avaliar bem este material. A arte deste título é excelente, isso é fato. Infelizmente Thanos para mim sempre foi um agente de grandes mudanças e histórias mais objetivas na Marvel e não há conteúdo suficiente aqui para dar o que realmente espero de um título como esse.

sábado, 9 de agosto de 2014

Vilania Eterna 1 a 7



“Vilania Eterna” (eu odeio esta tradução) foi o evento que dominou a DC Comics desde o final do verão de 2013 até o início de 2014 e agora está bombando nas bancas e comics shops Brasileiras. 

Muita gente vem perguntar a minha opinião sobre a saga pois fica receoso de mergulhar de cabeça em uma HQ em sete partes sobre um bando de vilões como protagonistas.

Felizmente eu já tinha lido e resenhado as 7 edições de Forever Evil durante seu lançamento lá fora.
Este é um pequeno resumo sobre cada uma das edições da Saga pra ajudar você a se decidir se compra ou não. Divirta-se.

Vilania Eterna 1

Geoff John começa bem devagar com a história. Muitas cenas de gente escapando da prisão zzzzzzzzzz.. Muito grande e bem chatinha essa primeira edição com muitas cenas que são desnecessárias e o que realmente acontece na HQ se resume a umas 7 páginas. O resto é uma grande enrolação. Nada foi explicado desde o final "cliffhanger" de Trinity War (“A Guerra da Trindade”, evento que precedeu “Vilania Eterna”) e você leitor vai ficar como eu fiquei: com cara de babaca. Nem a arte é lá essas coisas. Pra não dizer que tudo foi ruim: A capa é maneira.

Vilania Eterna 2

A HQ deu um grande salto de qualidade em relação a sonolenta edição 1. Bastante ação e a trama começa a caminhar nessa edição. O Sindicato do Crime é retratado como uma equipe extremamente poderosa e, ao mesmo tempo, totalmente disfuncional. Muito legal isso. Muitas intrigas e traições ainda vão rolar. O tom da HQ é bem malvado pra uma série de super-herói, mas sem vulgarizar. Nessa edição Luthor é o destaque. Fiquei torcendo pelo careca o tempo todo. Algumas coisas são reveladas (FINALMENTE) sobre o que aconteceu com a Liga da Justiça ao final de Trinity War e isso me deixou contente. A arte do David Finch é impecável. Com quadros organizados e "full-pages" na medida certa. Me animei com Forevis Evil a partir deste ponto.

Vilania Eterna 3

A primeira edição realmente empolgante. Primeiro porque explicou o que aconteceu com a Liga no final de Trinity War, segundo porque o Luthor está muito bem escrito e tem um papel crucial na Saga, terceiro porque os heróis da Terra ficam em uma posição extremamente desfavorável e quarto porque os diálogos e intrigas entre o Sindicato do Crime são muito legais de acompanhar. 
Essa saga começou devagar (a primeira edição me colocou pra dormir quando li), mas foi me conquistando e a partir deste ponto ficou muito boa de acompanhar. 
A arte do David Finch não é nada sensacional aqui, mas não compromete e o Geoff Johns vai mostrando que ainda tem alguma lenha pra queimar na DC.



Vilania Eterna 4

Mais uma ótima edição. O ritmo como as coisas estão sendo conduzidas entre Justice League e esta HQ cria expectativa, mas ao mesmo tempo não deixa o leitor com aquela sensação de estar sendo enrolado. Novamente Luthor é a estrela dessa edição. A interação dele com o clone do Super cria um dos momentos mais legais de toda a saga. Johns acerta em cheio em alternar entre as narrativas nessa edição e a arte do David Finch evoluiu muito desde o primeiro número.

Vilania Eterna 5

Esta edição já é um clássico dos Novos 52 pra mim. 90% da HQ é ação pura. E não estou falando de ação gratuita. É ação muito bem escrita e desenhada. Luthor, Adão Negro, Capitão Frio, Black Manta e Sinestro enfiando a porrada. E os caras são violentos pra caralho. Batman no meio da confusão querendo entender a situação e achando que tem alguma voz ativa nessa nova "Liga" é um conceito original e hilário. Essa nova dinâmica Luthor x Batman vai render muita coisa boa ainda. Um novo mistério sobre o que diabos aconteceu com o mundo do Sindicato do crime começa a ser revelado. Ótima edição. Tão boa que achei que era até mais curta que as outras e fui conferir o número de páginas.
  
Vilania Eterna 6

Puta edição!
A força de resistência composta por Batman, Mulher-Gato, Luthor, Sinestro, Capitão Frio, Manta, Adão Negro e Bizarro invade a base do Sindicato do Crime. Porradaria entre Adão e Ultraman, Capitão Frio e Manta mostram o que realmente é ser malvado (a cena do Frio com Johnny Quick é histórica.Mesmo podendo fazer spoiler não quero estragar o momento pra voces). Enquanto isso Batman e Luthor encontram finalmente Dick Grayson preso a uma bomba que só pode ser desativada matando o Asa Noturna. Luthor entra em conflito direto com Batman. O que voces querem MAIS?
Ah, tem mais. Capitão Frio e Manta libertam o prisioneiro secreto do Sindicato do Crime. Nada mais nada menos do que um tal de Alexander Luthor com o poder de MAZAHS!
FO
DELL!
A arte do David Finch é de alto nível e mantém o foco na ação. Quadros médios e cenas de luta muito bem desenhadas.
Chegando a esta última edição eu consigo visualizar exatamente o que o Johns pensou: Ele escreveu um Sindicato do Crime tão puramente malvado e diabólico que isso força o leitor a torcer e vibrar quando os vilões do UDC partem pra guerra. Nunca me importei com o Capitão Frio ou com o Manta, mas nesta edição vibrei ao ver os dois retribuindo a maldade do Sindicato em dobro. Próxima edição: Múltiplos climax!

Vilania Eterna 7

Vilania Eterna chega a seu final com uma porrada de assuntos pendentes pra resolver:
Asa Noturna quase morto, a Liga da Justiça presa dentro de Nuclear (que está prestes a explodir e destruir metade dos EUA) e o principal: Quem diabos vai conseguir deter Ultraman, Deathstorm, Superwoman e MAZAHS?
A quantidade de coisas pra resolver em 42 páginas acaba deixando a HQ toda no limite da velocidade narrativa e algumas coisas são um pouco atropeladas, principalmente em relação a Owlman e o Asa Noturna. No geral, o ritmo acelerado é benéfico para o clímax e o excesso de subtramas é razoavelmente administrado por Geoff Johns não confundindo muito o leitor e deixando poucas coisas mal resolvidas.
O artifício usado pelo escritor pra resolver a trama já era previsível: O Sindicato do Crime é uma equipe formada integralmente por filhos da puta e, em sua “filhadaputagem” acabam se auto-sabotando. A Liga retorna do exílio deixando uma grande dúvida no ar a respeito de Batman e Diana e isso é bem interessante.
O principal ponto positivo da edição final de Forever Evil é a atuação de Lex Luthor durante toda a HQ. O personagem que já vinha tendo destaque nas outras edições ganha em personalidade, tridimensionalidade e carisma neste final. É muito bom mesmo ver alguém diferente do Batman resolvendo os pepinos na DC. E Lex Luthor é cara certo pra isso. Apesar da luta entre Lex e Alexander Luthor ser bem desigual e até um pouco difícil de engolir (Luthor é um ser humano normal com uma armadura e MAZAHS é quase um deus) ela é empolgante e muito bem feita.
David Finch faz aqui seu melhor trabalho nas sete edições do evento. Apesar da história ser bem corrida a arte é caprichada demais, os quadros são grandiosos do jeito que tem que ser e as lutas são um espetáculo visual. Destaque principalmente nas cenas com Bizarro (que virou meu personagem favorito da saga).
Forever Evil 7 é um clímax bem corrido e cheio de batatas quentes voando pra todo o lado. Geoff Johns consegue em 42 páginas dar resoluções e fechar 90% dos subplots propostos. No geral, o prometido desde o início dessa saga era que os vilões dominariam o Universo DC e foi realmente isso que ocorreu aqui. No final das contas foi um elenco composto por 80% de gente ruim que salvou a Terra do Sindicato do Crime.
Ah, eu não sei como será a reação de vocês, mas quando foi revelada a ameaça que destruiu o Universo do Sindicato do crime no final desta HQ vibrei com o que vem por aí. Leiam e me digam o que acham.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

All-New Ghost Rider #3

A HQ mais acelerada da Marvel chega a sua terceira edição e finalmente temos algumas respostas sobre a origem deste novo "Motoqueiro" (ele não tem moto, mas ainda estou chamando de "Motoqueiro", tá?). O jovem Robbie Reyes logo nas primeiras páginas confronta o Espírito da Vingança e o Cabeça de fósforo propõe uma aliança. Enquanto isso a guerra de gangues entre o Mr. Hyde e o criminoso Grumpy pelo controle de uma nova droga sintética continua vitimizando inocentes nos subúrbios de Los Angeles.
O roteirista Felipe Smith novamente entrega uma edição com bastante ação urbana e sem muita frescura. A premissa continua bem simples: Robbie precisa vingar alguém e o Espírito da Vingança lhe dá os poderes para fazê-lo, mas o jovem tem suas obrigações familiares e escolares e sua vida vira de pernas para o ar por causa desses conflitos. O fato do protagonista ser pobre, órfão, latino, morar num dos subúrbios mais violentos dos Estados Unidos e ter um irmão deficiente mental nos aproxima ainda mais do personagem e humaniza bastante a trama, sem tornar nada muito dramático. Achei bastante interessante o diálogo inicial entre o Espírito da Vingança e Robbie Reyes. Separando duas personalidades distintas o autor dá uma dinâmica diferente para o conceito do Motoqueiro Fantasma e consegue dar as explicações sobre a natureza dos poderes do anti-herói de maneira mais natural.
A arte de Tradd Moore é eletrizante (esse termo é meio cafona, mas eu não tinha como descrever de outra forma, desculpem). Tirando as cenas em que Robbie está na escola e com seu irmão (são poucas), tudo aqui é explosivo, rápido, agressivo e lindamente colorizado. O design de página e as cenas em alta velocidade nos carros continuam sendo o destaque. Moore tem uma veia oriental bastante aflorada, mas o trabalho de arte fica no meio termo entre os desenhos híbridos com mangá e o traço moderno ocidental. O design de Zabo e Hyde é monstruoso e o algumas pessoas podem torcer o nariz para o novo visual do protagonista, mas temos que aplaudir o artista pela tentativa de dar uma nova cara para o Motoqueiro.
All-New Ghost Rider 3 não é a melhor coisa dos quadrinhos hoje em dia, muito menos da Marvel. O mérito aqui é a tentiva do autor de dar uma nova cara, personalidade e background para um personagem já muito desgastado sem apelar para os velhos Johnny Blazes e Danny Ketchs da vida. A mitologia do Motoqueiro Fantasma permite que o personagem tenha várias encarnações e Felipe Smith foi muito feliz na escolha de Robbie Reyes como seu alter-ego. A arte de Tradd Moore é ideal pra este tipo de HQ e a trama, apesar de não ter nada de sensacional é fácil e divertida de acompanhar. Boa leitura.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

The Sandman: Overture (2013-) #3

Outubro de 2013, Março de 2014 e final de Julho de 2014. Este é o intervalo entre 3 as edições de Sandman: Overture de Neil Gaiman e J.H. Williams III. E esse parece ser o Calcanhar de Aquiles da série da Vertigo. Não me leve a mal. Este número 3 é umas das coisas mais incríveis e prazerosas que já li em termos de Sandman, mas infelizmente o longo intervalo entre as edições acabam por minimizar a grande obra que a DC Comics vem tentando publicar desde o final do ano passado.
Em Overture 3 os dois Sonhos, aquele que todos nós conhecemos e o "Gato", viajam até os confins de lugar nenhum em busca da Estrela Insana que provavelmente deve acabar com toda existência. A expectativa é chegar até a chamada "Cidade das Estrelas", que é descrita como o local onde as gigantes massas de gás explosivas vão para conversar, lutar e ter relações sexuais. Em seu caminho Sonho encontra velhas conhecidas e uma nova companheira.
Gaiman coloca o pé no acelerador nesta edição. Enquanto nos dois primeiros números tivemos (re)apresentações, introdução do plot geral e contextualização, aqui temos os protagonistas realmente correndo atrás de alguns objetivos. A HQ acrescenta matizes vívidas e multicoloridas ao universo de Sandman com novos grupos de personagens (que só poderiam ter saído da mente brilhante do autor) e ao mesmo tempo celebra velhos conhecidos como as 3 senhoras e Delírio e Desejo. Muito legal rever este elenco, mesmo que seja em pequenas passagens que parecem ser menos relevantes para o contexto geral da trama.
Eu acabo me repetindo quando escrevo sobre esse cara, mas a arte de J.H. Williams III vai além do que podemos chamar de História em Quadrinhos atualmente. O sujeito abusa de técnicas distintas de expressão visual e enquadramento e cada sessão desta HQ, mesmo sem as falas pode ser apreciada tranquilamente em uma galeria de arte contemporânea. Eu não sei nem qual página destacar. O plano geral da "Ponte" (como é chamado o lugar onde se passa 80% desta edição) com um gigante pelado se segurando por baixo da paisagem gigantesca é absurdo. No entanto a primeira aparição das 3 senhoras tem um dos layouts de página mais brilhantes que já vi. Mas aí você chega ao flashback sobre uma amante de Sonho e as passagens monocromáticas arrebentam a sua cabeça de tão lindas. Tudo é delirante, tóxico e entorpecente neste número 3.
Sandman: Overture 3 é a melhor edição da saga até o momento. Neil Gaiman f@#%* a minha cabeça de uma forma tão completa e gratificante que tive uma imensa dificuldade pra escrever sobre isso aqui. A HQ deve ser lida preferencialmente junto com as outras duas primeiras edições. Aliás, eu aconselho você esperar toda a saga se concluir e ler tudo de uma vez. Não digo isto por ser uma HQ de difícil compreensão, pois não é (muito). O fato é que desta forma a experiência é muito mais gratificante e menos confusa para os novos leitores. Ver o plano geral de Gaiman, que é mostrar uma grandiosa aventura no mundo de Sonho e Cia. e ao mesmo tempo celebrar toda a rica e bonita história deste que é um marco na nossa mídia é uma dádiva que deve ser saboreada de uma vez só e não nesse ritmo cadenciado e terrível que a DC Comics vem impondo.

Chew: Warrior Chicken Poyo #1

Quem acompanha Chew de John Layman e Rob Guillory provavelmente já está familiarizado com o Galo mais casca-grossa dos quadrinhos. Por imensa demanda popular Poyo finalmente ganha seu título solo no qual você pode ler uma HQ com 100% de insanidade, humor e violência galinácea sem as interrupções ocasionais que ocorrem em Chew.
Warrior Chicken Poyo, como é de se esperar não se leva a sério em momento algum. Desde a sua capa emulando Frazetta passando pela introdução recheada de chacota e chegando até a última página, onde os autores não dizem ao certo se haverá uma continuação ou não para a história - Tudo aqui é levado na base da sacanagem. A premissa é ridiculamente genial: Na fantástica terra de Yoeck, 24 guerreiros (Poyo sendo o mais fodão entre eles) de várias dimensões diferentes são convocados por um mago com o intuito de derrotar o Groceryomancer (que em uma tradução forçada seria algo como "Quitandeiro Arcano"...Urgh! Eu sou péssimo em traduções. Desculpem.) e seu exército de legumes, verduras e vegetais assassinos. É isso mesmo, leitor. Os caras escreveram um roteiro sobre uma galinha piscótica matando tomates, aspargus e batatas assassinas. E o pior é que essa loucura funciona. Poyo é adorável em sua grosseria silenciosa e as cenas de batalha que permeiam toda esta HQ são divertidíssimas. A HQ brinca e faz reverências bem sacadas a vários ícones do gênero "capa e espada" e as páginas voam na tua frente.
A arte de Rob Guillory é cartunesca e brutal como deve ser. Entranhas, ossos, decepações, sangue. A HQ é uma carnificina visual epilética que raramente pára para cenas mais calmas. Guillory inventa maneiras muito criativas de matar o elenco inteiro e brinca com o conceito do exército vegetal o tempo todo. Os quadros sempre tem alguma piadinha escondida e Poyo nunca esteve tão Bad-Ass em uma HQ.
Warrior Chicken Poyo é magnífica em sua proposta simples. Se você não se ligou pela capa isso não é uma leitura "cabeça". Muito pelo contrário. A HQ é uma fonte de boas risadas regadas a sangue e entranhas e abraça sem nenhum pudor a violência e o ridículo. Recomendado para pessoas com senso de humor descalibrado e loucos de plantão.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Outcast #1

Outcast é o novo título do criador de The Walking Dead e Invincible, Robert Kirkman lançado pela Image / Skybound como série mensal recentemente. Como definido pelo próprio autor trata-se de uma HQ de horror com uma pegada um pouco mais realista do que TWD e situada em West Virginia, onde Kirkman residiu por alguns anos. Nesta primeira edição somos apresentados a Kyle Barnes, um homem amargo, solitário e literalmente no fundo do poço que durante sua vida inteira foi atormentado por incidentes relacionados a possessões demoníacas e... OPA! É... Eu sei... Você vai me questionar o que tem de "realista" em ser possuído pelo Tinhoso e etc. Bom, segundo o roteirista, em comparação com um apocalipse zumbi e uma família de super-heróis Outcast é até bem realista.
O roteiro de Kirkman segue o modelo storyboard silencioso como em muitas passagens de TWD. Muitos quadros tensos e diálogos casuais que aos poucos vão nos dando pistas sobre o elenco e apresentando todo mundo de forma muito natural. Ao mesmo tempo em que as devidas introduções são feitas o roteirista consegue já nesta edição tirar o protagonista da inércia e dar a todo o elenco motivação e conflitos. Apesar da temática totalmente CHUPADA de filmes sobre exorcismo em cidades do interior percebi o roteiro muito mais focado nas relações conturbadas entre os personagens do que nos Capirotos por assim dizer (marca registrada de Kirkman). Antes de me pergutarem já digo: O roteiro é violento pra cacete e já temos algumas cenas polêmicas envolvendo violência infantil logo nas primeiras páginas.
A arte de Paul Azaceta é tudo que você queria na tua Hellblazer e às vezes não tinha. O sujeito tem um traço medonho, enquadramentos muito inteligentes, uso de perspectiva na medida certa e expressões faciais incríveis. A arte é parecida com a de David Aja em Hawkeye da Marvel, só que ao invés de flechas, cachorrinhos e pizza aqui você vai ver sangue, vômito e padres. Uma colorização que só poderia ser fosca pra acentuar a morbidez da trama e um acabamento visual caprichadíssimo nesta primeira edição.
Outcast 1 estréia com os dois pés na porta da igreja e é "tudo isso aí" que a crítica especializada vem dizendo. O roteiro de Kirkman é um tributo a tudo que já foi escrito sobre possessões demoníacas no passado, mas sabiamente não foca sua atenção no sobrenatural e sim no impacto desses acontecimentos sinistros na vida dos personagens. A arte é absurdamente macabra e a primeira edição termina com aquele clima de "Agora a p@#$% ficou séria!" que todo nós adoramos. O canhoto arrumou mais uma revista mensal pra sangrar tua carteira, literalmente.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Batman Eternal (2014-) #12

Começa o julgamento de James Gordon, mas antes ele tem uma visitinha do Cavaleiro das Trevas no camburão. Enquanto isso o Tenente Bard tem um plano para desmascarar o novo comissário Forbes e ainda por cima prender Carmine Falcone, mas vai precisar da ajuda de Vicky Vale e do Batman. A danadinha Harper Row consegue hackear o sistema de informações de Tim Drake. Capuz Vermelho e Batgirl ainda estão procurando pistas nos Brasil e após o primeiro dia no tribunal o ex-comissário recebe uma visita inesperada na cadeia.
Deixando para trás o marasmo da edição anterior o time de roteiristas de Batman Eternal nos entrega uma edição elétrica e quase que totalmente focada em Gotham e na situação do departamento de polícia da cidade. Batman aqui é coadjuvante e temos cenas excelentes no julgamento, além de diálogos bem legais nas cenas com o Tenente Bard, Harvey Bullock e a Capitã Sawyer. Harper Row começa a ganhar espaço no título finalmente e temos ainda passagens de Tim, Julia e Alfred Pennyworth na mansão Wayne que são bem interessantes. A variação entre as cenas e os diálogos certeiros e curtos entre os protagonistas fazem desta edição uma leitura muito empolgante pra quem está envolvido no universo de Gotham. Gordon é o ponto focal desta HQ, mas todos os personagens tem seu tempo nos holofotes.
A arte de Mikel Janin é uma das melhores já apresentadas nesta série. O traço do cara é limpo, realista e as caracterizações são tudo o que você quer ver em uma HQ do Batman. As acrobacias nesta edição são menos complicadas do que em seu trabalho na primeira edição de Grayson e as cenas em Blackgate são onde o artista realmente consegue brilhar, com expressões faciais bem diversificadas em simples cenas de diálogo.
Batman Eternal 12 é uma puta injeção de combustível na linha narrativa que parece ser a mais proeminente das muitas que se entrelaçam neste título. Afinal a HQ começou com a prisão de James Gordon e já estava mais do que na hora da história focar no destino do ex-comissário e nas repercussões para o departamento de polícia da cidade. Os diálogos são bem objetivos e o plano do Tenente Bard, apesar de não ser totalmente revelado já parece bem interessante. A arte é um deleite para fãs de HQ e todo o conteúdo aqui vale mais do que o preço de capa. Ótima leitura.

domingo, 3 de agosto de 2014

Captain Marvel (2014-) #3

Capitã Marvel e os Guardiões da Galáxia nesta edição! Carol Danvers tem que lidar com os refugiados da guerra contra os Construtores. O conglemerado de raças alienígenas em questão aqui foi vítima daquela destruição toda causada em Infinity e realocado para o inóspito Planeta Torfa pela Aliança Galáctica chefiada por Spartax. No entanto o planeta está matando todos os seus novos habitantes por envenenamento lentamente.
O início desta edição é particularmente divertido devido a interação entre Carol e os Guardiões. Os diálogos de Kelly Sue DeConnick são precisos na apresentação da voz de cada membro do elenco e a protagonista é cada vez mais um ponto focal de liderança na Marvel. Carol é uma chefe aqui e apesar de não ter tanta experiência quanto os Guardiões em assuntos cósmicos e povos alienígenas ela é respeitada pelo seu senso de comando e capacidade de combate. Ao chegar em Torfa a Capitã se depara com um dilema muito mais complexo do que esperava e isso acentua mais ainda seu senso de humanidade. A situação dos refugiados não é "preto-no-branco" como é de se esperar e isso gera uma gama de possibilidades muito legais para as edições seguintes.
A arte de David Lopez é ótima. A ausência dos quadros megalomaníacos cheios de splash-pages tão comuns em uma aventura espacial é uma sacada muito boa do artista, que prefere focar em movimentação, design não-convencional do elenco de apoio e expresões corporais e faciais para contar sua história. O roteiro é representado de forma clara e o dinamismo entre as cenas mantém a leitura leve e prazerosa o tempo todo.
Captain Marvel 3 é mais um largo passo na evolução da autora Kelly Sue DeConnick no comando da personagem. Já escrevi várias vezes que o volume passado da série não me impressionou nem um pouco, mas o jeito como esta nova fase de Carol é apresentado faz deste título um dos mais honestos protagonizados por personagens super-heróicas femininas do mercado editorial de HQs da atualidade. Uma leitura divertida, bem desenhada e empolgante que provavelmente deve agradar tanto os fãs quanto leitores que não estão muito familiarizados com a mitologia da personagem.

Green Lantern (2011-) #30

Green Lantern 30 começa melancolicamente com o funeral dos Laternas caídos nos últimos confrontos contra o Primeiro Lanterna e contra Relic. A Tropa relembra a morte de Kyle Rayner, que deu sua vida para que o espectro emocional continuasse ativo. Mas a guerra contra a aliança dos guerreiros Khund não espera por ninguém. Por isso Hal Jordan, Killowog e um pequeno time de Lanternas parte para o porto comercial Ebben, nos confins do espaço onde pretendem neutralizar uma nave de guerra hostil chamada Drokkun. Jordan é forçado a combater corpo-a-corpo o Capitão Khu em uma aposta pela vida dos Lanternas contra a nave alienígena.
Robert Venditti consegue transitar entre a ação e momentos mais dramáticos e intimistas nesta edição com bastante facilidade. Apesar das cenas no funeral serem um pouco chatas, elas são necessárias principalmente para humanizar a Tropa, que vem de batalha após batalha sem ter tempo de chorar por seus mortos. O roteirista faz um paralelo interessante entre a cultura da Terra (e da Tropa dos Lanternas) em relação aos mortos mostrando no final como os Khund lidam com a perda de um conhecido em combate. Os diálogos são bons, no entanto achei o combate entre Jordan e o Capitão Khund meio estúpido e fácil demais. Nada que impacte a leitura, mas não tem nada de sensacional na resolução do conflito.
A arte de Martin Coccolo é correta. O desenhista convidado faz um feijão com arroz aqui e não se compromete muito. As cenas no funeral até que são bonitas, mas não existe nenhuma coisa especificamente brilhante em nenhuma parte deste número. Apesar disso o trabalho gráfico não compromete o roteiro de Venditti.
Green Lantern 30 é uma edição razoável. Para quem está acompanhando não é uma leitura desagradável, mas também não é a edição que vai fazer você começar a se empolgar com o trabalho de Robert Venditti nos Lanternas. A HQ tem uma arte que não decepciona, mas não impressiona. A saga atual é morna e somente indicada aos fãs do personagem que não conseguem ficar muito longe desta parte do Universo DC.

Uncanny Avengers #20

Eu adoro escrever resenhas de HQ. Ler alguma coisa e posteriormente dar minha opinião sobre o título é muito prazeroso e esse é realmente o único motivo para eu estar acompanhando Uncanny Avengers hoje em dia. Nesta edição o que restou dos Fabulosos Vingadores se junta aos Chrono Corps de Kang e partem para cima do Conselho-X (se você quer se situar nessa bagunça leia o review da edição 19. Tem um resumo bem condensado sobre a situação no Planeta-X). Alex Summers consegue convencer seu irmão Scott a ajudá-lo e temos cenas de luta entre os X-Men e a nova X-Force (que é praticamente a antiga irmandade de mutantes). No final Thor recupera o machado Jarnbjorn e o time consegue transferir suas mentes para o passado novamente.
Bom, o trabalho de Rick Remender em Uncanny Avengers ficou bem desinteressante desde o início deste arco. Não existe gancho narrativo que prenda a atenção do leitor. Isso se explica principalmente porque o universo proposto pelo autor no título é hermético, passageiro e convenhamos: Todo mundo sabe que no final isso tudo aqui volta ao "normal". Então essa premissa de uma nova "Era dos mutantes" não convence ninguém. O que temos aqui é um elenco ENORME de versões "futuras-alternativas" dos seus personagens favoritos lutando entre si sem muita exploração de personalidades ou desenvolvimento de conflitos. O objetivo da equipe é simplório: Voltar no tempo e consertar tudo. Então se você gosta de ser enganado, boa viagem.
A arte de Daniel Acuna é uma péssima escolha para este título. O traço simplificado e meio rústico do desenhista não combina nem um pouco com a escala épica do arco e apesar do design dos personagens ser interessante a execução das cenas é pobre e sem apelo. Particularmente prefiro artistas como Acuna em HQs solo de personagens "urbanos". O surrealismo e a ficção não ganham em nada com este tipo de arte menos detalhada.
Uncanny Avengers 20 é uma HQ com bastante ação e cenas de luta. Se isso for suficiente para você pegar esta edição, fique a vontade. No entanto continuo achando o arco simplório, raso e por vezes confuso. O elenco é inchado demais e o universo criado por Rick Remender não encanta pois não consegue convencer quem lê de que aquilo ali é permanente. A arte é inadequada e nem um pouco épica e a HQ não oferece nada de interessante ao leitor tanto de Vingadores quanto de X-Men. 

sábado, 2 de agosto de 2014

Amazing Spider-Man (2014-) #2

Peter está de volta e nesta edição realmente se dá conta de que agora tem um doutorado, uma empresa, uma namorada apaixonada e um puta problema com os Vingadores. Em ASM 2 vemos como Parker lida com a inabilidade em gerenciar os projetos deixados por Otto Octavius, sua confusa vida amorosa e toda a desconfiaça por parte de seus colegas de equipe. De maneira geral o Aranha consegue contornar parcialmente estes problemas e ainda por cima impede Electro, que está com seus poderes fora de controle (mais um presentinho de Otto), de destruir a cidade.
Dan Slott escreve novamente uma edição muito divertida de ler. O conceito "homem fora do tempo" é aplicado aqui ao Homem-Aranha de forma bem leve e bem humorada. Neste número o Aracnídeo recebe até conselhos de dois "ex-exilados" (Steve Rogers e Johnny Storm) sobre como lidar com as mudanças no período em que esteve "fora" do Universo Marvel. Passagens de ação boas e diálogos muito engraçados por toda esta edição. Tudo que os fãs do Aranha ansiavam. A interação do protagonista com o elenco de apoio gera situações bem divertidas e é interessante notar a procupação de Dan Slott com o contexto atual da Marvel (notado nas cenas entre Peter Parker e Johnny Storm).
A arte de Humberto Ramos não é totalmente desastrosa. Percebe-se que com prazos mais confortáveis o artista até consegue fazer um trabalho gráfico aceitável em um título regular. Particularmente não curto muito o traço de Ramos, mas toda esta HQ tem uma arte caprichada e não dá pra dizer que o trabalho gráfico aqui é corrido ou mal feito. Trata-se de uma questão de gosto pessoal.
As primeiras páginas de Amazing Spider-Man 2 trazem de cara uma intrigante surpresa que deve manter os leitores presos a esta narrativa por algum tempo ainda. O resto da leitura continua com o tom leve e despretensioso da edição de estréia, uma arte que apesar de não ser ruim pode não agradar a todo mundo e é uma leitura indicada fortemente para os cabeças-de-teia saudosos de histórias menos complicadas. Apesar disso, para os fãs mais novos também é uma leitura bem confortável principalmente por você saber tanto quanto Peter Parker sobre o que aconteceu em seu período de afastamento. Avaliando friamente a HQ em si não tem nada de espetacular e se você não tem interessse ou apego com o personagem, não é este novo run que deve te motivar a sair gastando seu dinheiro. A sugestão é aguardar um pouco, mesmo porque o retcon de Original Sin promete abalar um pouco a estrutura desta publicação e além disso o evento Spider-Verse deve bagunçar muito mais a vida do aracnídeo mais famoso das HQs este ano.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Swamp Thing (2011-) #29

Alec Holland é apresentado a um culto de adoração ao Monstro do Pântano chamado "Sureen". Capucine re-encontra o irmão Jonah e enquanto isso os ex-avatares do verde Lady Weeds e o "Lobo" perambulam por Nova Orleans em busca de financiamento para seus novos planos.
Charles Soule escreve uma edição um pouco parada aqui. Neste número temos basicamente uma introdução ao conceito do culto ao Avatar do Verde e algumas cenas dos ex-avatares andando pela cidade meio naquele esquema de "Sou malvadão e vim do passado e tudo isso é novidade pra mim". Os diálogos não são ruins, mas pouca coisa relevante realmente acontece. Quando você está prestes achar que foi uma edição perdida felizmente vem o final e temos um excelente cliffhanger para os próximos números.
A arte de Jesus Saiz é o pilar de sustentação neste número. O sujeito desenha qualquer coisa com extrema facilidade e competência e acho que estou me repetindo, mas Swamp Thing é uma das HQs mais bem desenhadas da DC Comics atualmente se não for a mais bem feita. Todos os personagens são muito caprichados, os quadros são lindos e a cena em que o Monstro alimenta o culto com seus "frutos" é bizarra, meio perturbadora e maravilhosa de ver.
Swamp Thing 29 é uma leitura que vale mais pela parte gráfica. Esse novo arco "Gift of the Sureen" começa bem devagar e se não fosse pelo gancho deixado no final e pela arte sensacional de Jesus Saiz eu poderia considerar esta uma edição ruim. Felizmente o roteiro morno de Charles Soule tem seu propósito nas páginas finais revelado e é salvo pelo trabalho do desenhista escalado aqui, que é acima da média. 

Ms. Marvel (2014-) #4

Ms. Marvel 4 já começa em um clima meio de desespero devido ao cliffhanger do número 3. Aqui descobrimos um poucos mais sobre a natureza e extensão dos poderes inumanos de Kamala Khan. Sua identidade "secreta" é meio que já revelada a seu melhor amigo e a heroína sensação da Marvel atualmente parte para sua primeira missão de fato (sem a permissão de seus pais logicamente).
A autora G. Willow Wilson novamente nos entrega uma delícia de roteiro nesta quarta edição. Começando pela cena do assalto, passando pelos diálogos entre a protagonista e seus pais e culminando em uma boa sequência de ação final. Tudo aqui é doce, fofo e engraçadinho, mas sem perder aquela sensação de perigo imediato. A protagonista é uma pessoa real como eu e você que pode se machucar e até morrer. Isso fica claro desde o início desta edição. Em um universo cheio de histórias épicas o tom intimista, "pé no chão" e mais familiar de Ms. Marvel é uma leitura revigorante. Principalmente se você for uma adolescente nerd e confusa como Kamala. Ela representa todos nós. As referências a cultura pop existem e não são gratuitas. Tudo se encaixa com o roteiro que parece simples, mas é muito bem planejado e tem uma execução impecável.
Adrian Alphona não decepciona e nos apresenta um trabalho gráfico LINDO e diferenciado novamente. Cada figura, seja ela um protagonista, um mero coadjuvante ou um figurante tem a sua personalidade gráfica muito bem definida. O tom da HQ é dado pelo roteiro, mas também em grande parte pela apresentação de Alphona que faz questão de mostrar a New Jersey de Kamala como a minha ou a sua vizinhança. A protagonista é uma adolescente desajeitada e a evolução para o status de super-heroína é natural e gradativa. Tudo isso é retratado com perfeição através da linguagem corporal da jovem heroína.
Ms. Marvel 4 é uma edição muito forte. Wilson consegue apresentar novas matizes das habilidades da protagonista, estabelecer bases de relacionamentos entre o elenco de apoio e introduzir situações de conflito e amadurecimento para Kamala Khan. Isso tudo de uma maneira divertida, diferente e extremamente natural. Lendo Ms. Marvel sinto como se estivesse conversando com um amigo e ele me contasse como foi seu dia. A autora consegue estabelecer esse vínculo com você sem forçar a barra. A arte de Adrian Alphona é consistente, diferente de tudo que é feito em revistas mensais atualmente e muito familiar. Por esses motivos o título é um sucesso de vendas atualmente e quando chegar ao Brasil é fortíssimo candidato a se tornar uma leitura obrigatória para fãs de HQs jovens e mais velhos.

The New 52: Futures End #10

Chegamos a décima semana de Futures End. Nesta edição vemos um Superman obcecado em encontrar o criminoso Boyer, que escapou da prisão em Metrópolis na edição número 9. O Azulão é questionado por Lois Lane e suas respostas parecem não fazer sentido algum. Será que o crack também pegou o último filho de Krypton? De volta a Nova York, Plastique e sua gangue planejam invadir o prédio da Terrifictec no boteco de Tim Drake. Os três recebem uma ajuda de Terry McGinnis, o Batman do Futuro. Terry pelo visto não aprendeu nada com Bruce Wayne sobre disfarçar sua identidade secreta, pois é reconhecido por Tim. Nos confins do espaço, mais especificamente no sistema Huron, Safira e Gavião Negro recebem um sinal do Stormwatch e na Ilha Cadmus, Grifter toma mais porrada. Ah, quase ia me esquecendo... uma tal Jane Kirby dá as caras no Canadá. Chega de Spoiler.
Apesar do final muito empolgante toda esta edição é bem parada. Os diálogos são bem chatinhos e quase não temos ação. Existe a cena com Lois e Superman que é um pouco esquisita e até interessante, mas tive dificuldade para concluir a leitura desta edição. As cenas na Cadmus particularmente são muito chatas e totalmente desnecessárias. Tudo o que poderia ser estabelecido sobre Grifter, Fifty Sue e o Exterminador já foi feito. É hora da ação nesse núcleo narrativo.
A arte de Aaron Lopresti neste número é especialmente horrorosa. Tirando a cena com o Superman que é aceitável o resto é bem mal feito. O enquadrmaneto até que não é ruim en não é difícil acompanhar a história, mas as caracterizações são horríveis e o design das cenas é bem simplório e sem apelo.
Futures End 10 é uma passagem muito fraca da saga semanal da DC Comics. Com um roteiro no qual praticamente nada que mova as tramas acontece e uma arte indigesta fica muito complicado se divertir lendo este número. Este tipo de edição é totalmente dispensável e só serve mesmo para arrancar dinheiro do leitor que está acompanhando. Apesar de no plano geral eu estar curtindo este título fiquei bem decepcionado desta vez com a equipe de roteiristas. A estrutura (baseada em 52) e o ritmo mais cadenciado da saga não são incômodos para mim, meu problema são edições como esta, nas quais pouca coisa realmente acontece e temos uma arte capenga.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Guardians of the Galaxy (2013-) #16

Os Guardiões estão separados e espalhados pelos confins da galáxia. Cativos de diferentes espécies e enfrentando cada um seus problemas. Neste edição Carol Danvers estréia de fato na equipe cósmica da Marvel em uma entrada triunfal salvando Peter Quill de seu pai, o rei J'Son. Enquanto isso Angela vai ao resgate de Gamora, prisioneira dos Badoon em Moord. Drax desafia o Gladiador para um duelo no plnate anatal Shiar e Flash Thompson tenta recuperar de volta seu simbionte alienígena, preso pelos Skrulls.
Brian Michael Bendis foi extremamente feliz em separar o grupo desta forma nas últimas edições. As situações criam um senso de abrangência e magnitude para este título e dão oportunidade de toda a equipe ter seu momento sob os holofotes. É claro que aqui o show fica por conta das cenas de luta de Gamora e do diálogo intenso entre Quill e seu pai em Spartax, mas temos bons momentos em todas as cenas e a história é bem divertida.
A arte nesta edição é uma colaboração entre Nick Bradshaw, David Marquez e Jason Masters e o trabalho dividido é benéfico. Apesar das sequências entre Quill, Venom e Drax por exemplo terem artes bem distintas entre si os desenhistas são todos muito competentes e devido a divisão de tarefas a arte nesta edição acaba se tornando muito interessante. A cena entre Quill e seu pai e o detalhe na arma de Peter é meu quadro favorito de toda esta HQ. Ainda temos ótimas cenas de uma batalha bem violenta com Gamora e Angela para coroar um trabalho gráfico de alto nível.
Guardians of the Galaxy 16 é uma leitura bem divertida que finalmente introduz a Capitã Marvel como uma das protagonisas da equipe e põe todos os outros personagens em situações nas quais eles tem que se virar quase sozinhos. Outro ponto positivo foi que a edição toda consegue se sustentar sem Rocket que aparece em uma cena bem curtinha e totalmente fora de combate sob o domínio dos Kree. Boa leitura de uma das séries mais bacanas da Marvel atualmente.

Robin Rises: Omega (2014)

Robin Rises Omega é uma One-Shot que introduz a saga Robin Rises no universo do Cavaleiro das Trevas. A caçada pelo cadáver de Damian Wayne terminou em Batman and Robin 32 (já resenhada) e no final daquela edição temos a chegada das tropas de Apokolips comandadas pelo servo de Darkseid, Godfrey no Tibet.
Sobre esta edição especificamente é interessante notar que ela começa fazendo uma ótima retrospectiva da história de Damian que data desde antes dos Novos 52. O flashback é bem objetivo e ótimo para situar novos leitores além de relembrar alguns momentos marcantes da curta carreira do jovem para os leitores mais antigos.
Daí para frente o autor Peter J. Tomasi inventa uma justificativa que achei meio forçada para o conflito entre Godfrey e suas tropas e Batman, Ra's Al Ghul e Frankenstein.É pancadaria o tempo todo e quando parece que tudo está perdido temos aquela clássica cena de "cavalaria chegando" que eu não quero estragar aqui. Ainda nesta edição Batman descobre um pouco mais sobre o cristal que Ra's Al Ghul pretendia usar para ressuscitar Damian e Talia.
Não é um início muito promissor para a volta de Damian. Temos bastante ação durante praticamanete todas as 39 páginas desta edição. Mas acho que juntar Darkseid e o tal cristal do caos com o retorno de Robin desviou um pouco o foco do jovem para outra trama. Isso acaba deixando Robin e a própria situação de Batman meio que em segundo plano desde que lemos a palavra "Darkseid" na HQ.
A arte de Andy Kubert sinceramente nunca me agradou nem na época em que Jubileu ainda era virgem. Não sou fã do traço do cara e acho que o artista foi uma escolha errada para este One-Shot que tem um tamanho um pouco estendido. Você nota claramente que a medida em que a história avança o design de página e os quadros vão ficando mais degradados e corridos. Existem cenas realmente lamentáveis (a das baleias) nesta HQ e isso poderia ser evitado escalando um artista menos relapso e mais caprichoso como o próprio Patrick Gleason que já trabalha com Tomasi em Batman and Robin.
Apesar do foco da narrativa não ser Robin e nem muito o Batman dá pra se divertir lendo esta edição. Omega é um início que empolga não pela expectativa do retorno de Damian Wayne, mas sim pela volta de Apokolips ao Universo DC pós-Novos 52. Talvez Peter J. Tomasi tenha feito isto intencionalmente, meu palpite é que o autor mirou no que viu e acertou o que não viu. A arte desta edição poderia e deveria ser muito melhor. O roteiro que é pura ação pode acabar agradando o leitor exclusivamente pelo prazer de ver cenas de batalha entre heróis da Terra contra seres de outra dimensão. A justificativa para essa batalha no entanto é fraca e não convence quem está lendo.

Batman and Robin (2011-) #32: Ra's al Ghul

Batman e Frankenstein descobriram finalmente o local do poço Lazarus que Ra's Al Ghul pretende usar para ressuscitar Damian Wayne e Talia Al Ghul. Ra's usa um misterioso cristal para ativar o poço que estava dormente e explica que o cristal é uma poderosa fonte catalisadora de energia e foi usado também na gestação de Damian quando bebê.
É lógico que os ânimos se exaltam (pra dizer o mínimo) e a batalha entre Ra's e Batman, que começa no templo chamado "Nanda Parbat" e se estende pelas montanhas geladas do Tibet é violenta e cheia de ódio. Batman leva para o lado pessoal e a luta é feia com direito a pisão no estômago, dedo no olho e soco no pescoço. No final descobrimos a verdadeira orgem do cristal misterioso quando tropas de Apokolips (é isso mesmo!) lideradas por Godfrey, o glorioso surgem de um portal e clamam pelo objeto.
O argumento de Patrick J. Tomasi aqui é bem simples. Temos uma edição basicamente só com lutas corporais. O problema é que esse lance de sarcófagos pra lá e pra cá anda me incomodando neste título. Tudo bem, tem que haver um objetivo pra todos estes conflitos, mas dois cadáveres não são uma bolinha de tênis e nesta HQ e principalmente neste número aqui é assim que os corpos de Talia e Damian são tratados. Tirando isso gosto muito de como o autor apresenta Batman com uma postura meio descontrolada passando do sentimento de dor pela perda do filho até um ódio louco direcionado a Ra's.
Os desenhos de Patrick Gleason são muito bons. Mesmo com a confusão toda de sarcófagos pra lá e pra cá o artista consegue manter um padrão de qualidade durante toda esta edição. O detalhe dos rostos é muito bem feito, principalmente de Frankenstein e a luta entre Batman e Ra's é tudo que se espera de um confronto raivoso entre dois caras treinados para matar como esses dois.
Batman and Robin 32 é de fato o prelúdio imediato para Robin Rises, arco que promete trazer Damian Wayne de volta dos mortos (a história continua no One-Shot chamado "Robin Rises Omega"). A edição é interessante mais pelo conflito bem feito e bem desenhado entre Ra's Al Ghul e Batman. De resto não há nada muito empolgante. O fato dos cadáveres serem jogados pra lá e pra cá é meio estúpido e é o único ponto realmente negativo de uma leitura divertida.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

New Avengers (2013-) #20

Esta edição começa revelando um pouco mais do trato de Stephen Strange para conseguir mais poder naquele período em que ele vagou pelos mercados das dimensões obscuras. Depois...
É PORRADA ESTANCANDO! É E ISSO QUE O POVO QUER VER!
Os Iluminatti encontraram um grupo talvez mais poderoso que eles na forma da Grande Sociedade (que muita gente já está chamando de Liga da Justiça genérica) e esta edição continua no mesmo clima de batalha no fim dos tempos do final de New Avengers 20. Hulk tomando um couro de Sun God. Namor contra Jovian. Tony Stark se fode todo nas mãos de Boundless. E Raio Negro persegue Dr. Spectrum que tenta impedir a detonação da bomba universal no universo 616.
Simplesmente foda esta edição. Ação e mistério na medida certa. Diálogos curtinhos. Sem narração filosófica. Sem babaquice. Recheada de cenas fodonas e um momento EPIC WIN do Doutor Estranho, humilhando o tal The Norn. Empolgante demais. Nem preciso descrever muita coisa aqui. Ponto pro Hickman. Aliás, pontos pro Hickman.
A arte de Valerio Schiti aqui é SENSACIONAL. Não estou exagerando não. Vocês sabem que eu sou chato. Mas os quadros são lindos. Todos os personagens tem cenas extremamente bem feitas e a batalha é violenta e bela ao mesmo tempo.
Essa resenha é bem curtinha mesmo. A batalha entre os Illuminatti e a Grande Sociedade talvez seja o momento mais empolgante do run de Jonathan Hickman em New Avengers. A arte nesta edição é especialmente caprichada. Não preciso ficar inventando motivos pra vocês pegar isso aqui e devorar não. Ótima edição e que detonem essa porra dessa bomba logo!

The New 52: Futures End #9

Lois Lane finalmente chega às misteriosas coordenadas (no meio do oceano índico) que recebeu naquele pacote lá no início da saga. Grifter descobre um pouco mais sobre os objetivos do Exterminador, Fifty Sue e do povo da Ilha Cadmus. Superman (de capacete) contra Rampage em metrópolis! Batman do Futuro tem que decidir o que fará a respeito da descoberta de Mr. Terrific. E os agentes da S.H.A.D.E. descobrem que nem todo o Stormwatch está morto.
Novamente temos uma edição bem movimentada em Futures End. Ao contrário da oitava parte da saga aqui temos bastante coisa relevante acontecendo em cenas bem curtas entre si, levando no máximo 3 páginas entre uma e outra. O time de roteiristas capricha um pouco mais nos diálogos também e a atitude do Superman neste número é meio selvagem e inesperada. Gostei bastante.
Patrick Zircher retorna ao comando da arte nesta edição e é muito bem vindo.O artista eleva bastante o nível dos desenhos nesta publicação que tem artistas intinerantes. Quadros simples com telas bem acabadas e caracterizações precisas de todo o numeroso elenco. As cenas da S.H.A.D.E. foram minhas favoritas aqui.
Futures End 9 é uma boa edição para uma saga semanal que tem por caraterística um ritmo mais cadenciado e inúmeras tramas paralelas. A HQ foca em linhas narrativas que parecem ser as mais interessantes e faz a história avançar em todas elas. A arte tem um grande salto de qualidade em relação a números anteriores e me diverti bastante lendo isso aqui.

Batman (2011-) #32

Penúltima parte do arco que conta como foi o primeiro ano de Bruce Wayne como Batman. Zero Year chega a sua 12ª parte enquanto o Cavaleiro das Trevas e Lucius Fox finalmente conseguem acessar a rede de comunicações do Charada, que domina e controla toda Gotham City, agora uma cidade selvagem.
Pra quem está curtindo esse Batman-McGuyver é uma edição excelente, com o Morcegão e Fox invadindo e descobrindo finalmente de onde o Charada está controlando a cidade.
Scott Snyder entrega uma edição onde as sementes que foram plantadas nos números anteriores podem finalmente ser colhidas. Tirando um pequeno flashback sobre o passado de um certo mordomo tudo aqui tem um ar de frescor e novidade, mesmo em uma mitologia tão esgotada como a do Batman. Esse é o tipo de edição em que você torce pelo protagonista o tempo todo e isso renova um pouco sua fé na franquia. O roteirista prova que não custa muito escrever uma história simples e boa, se houver dedicação, tempo hábil e capricho de quem trabalha.O Charada é elevado a um patamar digno de sua história na DC Comics e as páginas finais aqui são tensas e chegam a irritar pois eu queria ler mais coisa.
A arte de Greg Capullo com finalização de Danny Miki é um exemplo de originalidade, clareza, classe, boas idéias de enquadramente e um acabamento singular. Seja nas páginas povoadas de pequenos quadros e recheadas com balões de diálogos, ou na sequência final com quadros maiores e épicos o trabalho desse time de arte já está eternizado na história do Cavaleiro das Trevas. É uma das equipes de arte mais competentes que já rabiscou um Batman na história da DC Comics. E isso é dizer muito.
Batman 32 é irritante de tão boa. Eu queria uma double-size que fechasse logo esse arco pois a tensão que Snyder conseguiu imprimir nesta última parte (chamada "Savage City") é insuportável pra quem é fã do morcego. Aconselho ler tudo de uma vez, mensalmente é desgastante. De qualquer maneira não considere isso como uma crítica negativa. Minha irritação só é um mero reflexo da qualidade do roteiro de Synder, que deixa o leitor roendo unhas e pronto para as próximas edições. Com uma arte extraordinária o penúltimo capítulo de Zero Year é uma leitura de alto nível digna do protagonista e desse elenco imortal.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Captain America (2012-) #19

A Marvel e o roteirista Rick Remender anunciam este arco "The Iron Nail" como a história que vai mudar a vida do Capitão América para sempre. Pelos anúncios recentes vocês já tem idéia do que vai acontecer então não preciso ficar explicando. Nesta edição temos a terceira parte do arco na qual o Gungnir, o porta-aviões mais poderoso da S.H.I.E.L.D. já está sob comando do vilão Prego de Ferro e do bizarro Dr. Mindbubble. Steve, a bordo da nave tem seu primeiro confronto direto com os dois e no final é aprisionado pelo controle mental do vilão (isso era inevitável, né?)
Remender novamente entrega um puta roteiro de ação nesta edição. Desde o início já temos Steve Rogers chutando, socando e "escudando" tudo em seu caminho. O cara é mostrado como uma máquina de bater aqui. Em algumas cenas temos Maria Hill tentando se virar e Jet Black tira a bunda do sofá e parte pra dar uma mãozinha para o Capitão. Mas basicamente esta edição é pura ação. Não acho que esses dois antagonistas sejam os mais adequados pra promover tais "mudanças" drásticas no personagem. Na verdade os dois vilões tem menos carisma que um pote de granola. Mas não posso negar a qualidade desse roteiro. É simples e funcional. Sem enrolação.
A arte de Nick Klein continua perfeita pra essa HQ. O cara não faz nada demais e não reinventa a roda, mas as cenas de ação são precisas, impactantes e diretas. O enquadramento é reto e sem frescura e a movimentação do Capitão é empolgante. O desenhista poderia ter optado por uma mega splash page com a queda dos porta-aviões, mas mantem quadros menores para a batalha aérea e foca a ação na luta de Steve contra a verdadeira e horripilante face do Prego de Ferro. Sem frescura e perfeita essa arte.
Captain America 19 é um puta gibi de ação. Porrada o tempo todo como deve ser e há até uma motivação e um escopo maior que deve mudar mesmo a vida desse elenco todo. Os antagonistas novamente ainda me parecem bem genéricos e sem graça e o cliffhanger final é totalmente previsível. De qualquer maneira o arco está divertido e a arte é muito legal. Boa leitura. 

Avengers (2012-) #32

Capitão América, Viúva Negra e Starbrand 5000 anos no futuro. Contemple a inevitabilidade dos fatos, Capita! O que restou dos Vingadores que foram passear pelo fluxo temporal (os demais já voltaram para 2014) tem muitas respostas sobre as incurssões, sobre o final da saga anterior "Rogue Planet" e sobre o futuro de todo o multiverso Marvel. O guia desta edição é Franklin Richards, o onipotente rebento do primeiro casal da Marvel. Franklin revela duras verdades ao Capitão e sana muitas dúvidas de todos nós que estávamos meio que boiando.No final uma pequena surpresa cósmica em relação ao jardim onde o encontro entre os protagonistas ocorre. Empolgante.
Essa é uma daquelas edições brilhantes de Jonathan Hickman (já era tempo). O autor retribui toda a nossa paciência com diálogos extremamente bem escritos entre Franklin e o Capitão América sobre os fundamentos do espaço-tempo. Com um mínimo de massa cinzenta você consegue entender muita coisa que parecia só ter explicação na cabeça do autor e o leitor torce pra que o escopo proposto por esta edição se estenda para todo o Universo Marvel.
A arte de Leinil Francis Yu até me agradou nesta edição. Não sei se intencionalmente, mas os quadros estão mais retos e o enquadramento das cenas é mais "normal". A caracterização continua inadequada (minha opinião) pra este tipo de título, mas a arte aqui atendeu às minhas expectativas.
É muito bom ler uma edição como esta. Um argumento adulto e com conceitos filosóficos sobre a existência da Marvel, mas justo e inteligível pra quem está pagando pelo preço da capa. A revista toda não tem UMA cena de ação e mesmo assim prendeu a minha atenção mais do que o decote da Skye em Agents of S.H.I.E.L.D. Isso tudo porque o autor teve o cuidado de aplicar seus dons na medida em que o leitor mais casual possa compreender, mas sem alienar o cara que estava curtindo seus conceitos loucos de ficção. Avengers 32 é o balanço perfeito e me lembra muito a fase Hickman no Quarteto Fantástico, onde a sensibilidade e a ficção se misturavam perfeitamente. O formato meio "Fantasmas de Scrooge" colocando o foco no Capitão durante os saltos temporais é uma sacada genial e torço de todo o coração pra que o tom permaneça assim nas próximas edições.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Avengers World (2014-) #4

Starbrand, Mulher-Aranha, Gavião-Arqueiro e Nightmask investigam a cidade dos mortos em Velleri, na Itália onde toda a população desapareceu. Starbrand é atraído por um espírito desgarrado e revê um de seus piores pesadelos: As pessoas que morreram quando ele recebeu a dádiva de seus poderes cósmicos. Os Vingadores percebem que apesar de terem dois dos seres mais poderosos do universo ao seu lado, estão impotentes contra ameaças espirituais e feitiços neste momento. No porta-aviões da S.H.I.E.L.D. o Capitão recruta um especielista em magia. O jovem Sebastian Druid. No fim temos o retorno de uma vilã clássica dos Vingadores: Morgana Le Fay.
Apesar de eu curtir a proposta de Nick Spencer de dividir os Vingadores em times atacando ameaças distintas pelo globo terrestre senti que faltou alguma coisa para edição ficar melhor. Talvez, mais ação. Existe um clima intencional de mistério durante toda a edição, mas a conclusão é meio que manjada. O menos mal é que aprendemos um pouco mais sobre Starbrand e sua vida pré-Vingadores.
A arte de Stefano Caselli por outro lado é excelente. O desenhista dá um show de imagens e todas as cenas aqui são extremamente bem feitas. O traço de Stefano continua na mesma vibe energética de seus tempos de Guerreiros Secretos e nas cenas de ação ou nos flashbacks o trabalho gráfico é impecável.
Avengers World 4 mantem a proposta dos times divididos e foca em um grupo interessante de personagens. Talvez a premissa de uma cidade cheia de espíritos amargurados não tenha sida a mais feliz para o roteirista, mas a arte arrebatadora compensa essa momentanea falta de criatividade neste número.

É POSSÍVEL SER FELIZ SEM MARVEL OU DC (Ou 6 HQs de outras editoras que você DEVERIA estar lendo AGORA)


Quem é melhor? Marvel ou DC? Desde que comecei a ler minhas Hulks e Batmans lá em 1988 (eu sou velho mesmo, foda-se) essa sempre me pareceu a pergunta mais recorrente entre os (poucos) fãs e leitores de HQs que me cercavam. Com o advento da internet a fanboyzagem (ou fanboyzice, como você preferir) antingiu níveis estratosféricos gerando discussões infinitas e sem propósito por todos os fóruns e redes sociais possíveis.


O que a maioria dos fãs de quadrinhos não percebem é que as duas editoras nas últimas décadas se prenderam a moldes editoriais bem definidos e baseiam suas publicações muito mais na receita que elas podem gerar do que na qualidade do material. Editoras de menor exposição atualmente tem títulos muito superiores aos das "majors" pois rompem paradigmas estabelecidos e dão liberdade criativa e oportunidade aos seus autores.
Agora que todos os fãs das duas editoras estão devidamente e proporcionalmente PUTOS comigo posso apresentar o propósito do tópico que é: Mostrar a todos vocês que não é necessário gastar um tostão do seu rico dinheirinho atualmente nem com a DC nem com a Marvel para preencher seu tempo livre com quadrinhos de qualidade. Aqui eu apresento somente 6 títulos (existem muitos outros) de outras editoras que são melhores que qualquer coisa que você possa encontrar atualmente nas grandes editoras do mercado. Então larga essa porra desse Flash ou desses X-Men e dá uma olhada na listinha abaixo.


Aquaman (2011-) #28

Arthur Curry salva um mergulhador em apuros e descobre a base Triton, um posto avançado sub-aquático comandado pelo Sr. Blythe e que (é claro) tem o envolvimento do Dr. Shin. O regente da Atlântida nem desconfia, mas esse mesmo mergulhador promete dar um trabalho do cacete em seu futuro próximo. De volta a terra firme Arthur e Mera enfrentam um dos maiores desafios do herói desde sua re-estréia nos Novos 52: Uma reunião de colegial onde Arthur re-encontra todos os seus colegas de classe. Enquanto o soberano dos mares tenta sobreviver a esse martírio seu tridente sagrado é roubado. E isso também vai dar merda nas próximas edições.
Muito divertido este roteiro de Jeff Parker. A HQ mistura muito bem as cenas de ação marinha, alguns flashbacks interessantes e as cenas na reunião humanizam bastante Arthur e Mera. Edições como essa aproximam o leitor dos protagonistas. Parker entende essa mecânica e a explora de maneira dosada e inteligente.
A arte de Paul Pelletier é correta e adequada. Temos boas cenas submarinas e dá pra notar o cuidado do artista com as expressões, e caracterização diferenciada do elenco nas cenas na escola de Arthur. Não é o tipo de arte pra você ficar babando em cima da HQ, mas é funcional e transmite bem a idéia do roteiro proposto.
Aquaman 28 é uma grata pausa e além de tornar os protagonistas muito mais humanos com uma simples história ainda introduz dois novos (e enormes) problemas na vida do Rei dos Mares. Roteiro simples e caprichado e arte adequada.

Batman Eternal (2014-) #11

Batman Eternal 11 nos leva até a cidade maravilhosa.
No meio do Rio de Janeiro, Barbara Gordon procura por um ator de novelas (É isso mesmo!) que foi filmado durante aquele incidente no metrô de Gotham que levou a prisão de James Gordon. Lá ela enfrenta a vilã Escorpiana (alguém lembra?) e receba ajuda de El Gaucho, o Batman Argentino (Pra quem não está familiarizado com esse elenco meio bizarro sugiro uma leitura de Batman Inc. do Morrison) e do Capuz Vermelho. Voltando à Gotham, Julia Pennyworth ainda está muito ferida após o confronto em Hong Kong e é tratada por seu pai, Alfred. Stephanie Brown finalmente descobre a origem secreta de seu pai, o vilão Cluemaster. No cemitério da cidade temos um encontro melancólico entre Selyna Kyle e Batman.
Apesar de termos bastante ação nesta edição o foco demasiado do roteiro em Batgirl, Capuz Vermelho e a situação no Rio de Janeiro parece uma tentativa da equipe de roteiristas de forçar uma barra pra "internacionalizar" a família morcego. Toda a parte no Brasil é cheia de ação, mas soa desnecessária e descolada do contexto geral da série. Não achei um argumento objetivo aqui e nem muito construtivo. Tirando as curtas cenas de Stephanie Brown todo o conteúdo aqui é bem chatinho.
A arte de Iam Bertram é sim um salto de originalidade em relação aos desenhistas anteriores. O estilo do cara é muito distinto e lembra (de longe) aqueles desenhos meio disformes e cartunescos de Rafael Grampá, no entanto não chega nem perto do trabalho do Brasileiro. Os personagens tem um visual bem fantasiosos e nada realistas. Particularmente pra que um artista me faça gostar deste tipo de trabalho gráfico ele precisa ser MUITO foda, como Grampá. Não é o caso aqui. O Rio de Janeiro é retratado de forma genérica na HQ, e tirando alguns painéis pequenos, com paisagens mais marcantes, não tem nada que diferencie muito o cenário da cidade.
Batman Eternal 11 é uma edição bem fraquinha. Principalmente por causa do roteiro. Excluindo a passagem com Stephanie Brown não tem nada de muito interessante pra ler aqui. A arte não é ruim, mas esse estilo não me agrada. A história não se move e as cenas no Brasil parecem deslocadas da trama geral.

Captain America (2012-) #18

Muita ação nesta edição. O vilão Iron Nail usa Nick Fury Jr. para acessar a maior arma da S.H.I.E.L.D., um puta porta-aviões que aparentemente se transforma em um robô gigante estilo Jaeger (de Círculo de fogo do Del Toro). O veículo se chama Gungnir e é imenso. Enquanto o vilão Iron Nail e o estranho Doutor Mindbubble tocam o terror na S.H.I.E.L.D. Capitão América e o Falcão enfrentam soldados dominados mentalmente pelos vilões no meio do deserto do Saara. No final, um salto desesperado de Steve Rogers que consegue alcançar o Gungnir a tempo de sua partida.
Não lia algo tão movimentado escrito por Rick Remender há algum tempo. O ritmo aqui é frenético e a quantidade de ação é digna de storyboard de algum filme com Bruce Willis. Ótima interação entre o Falcão (que vem ganhando cada vez mais espaço neste título e já está pegando a filha de Arnim Zola pra quem não sabe) e Rogers. A motivação dos vilões continua me parecendo bem rasa, mas estou pouco me fudendo. A história é boa de ler.
A arte de Nick Klein aqui é o destaque da edição. O desenhista imprime ritmo, dinâmica e as cenas de ação tem todo o impacto que se espera de uma HQ do Sentinela da Liberdade. Os cenários são bem feitos, as expressões e enquadramento são ótimos e em geral a arte funciona perfeitamente com este roteiro.
Captain America 18 é uma pisada forte no acelerador do título. Chega do "nhé nhé nhé" das edições anteriores. É hora do Capitas chutar bundas, mesmo que seja da S.H.I.E.L.D. Argumento bem conciso e direto e uma arte matadora. Ótima leitura.

Justice League (2011-) #31

A casa caiu, Sr. Wayne! Lex Luthor sabe de tudo sobre suas escapadinhas noturnas como Cavaleiro das Trevas. Seguindo a trilha deixada após a revelação da indentidade secreta de Asa Noturna em Forever Evil, Luthor vai até a mansão Wayne e tenta convencer Batman de que é uma ótima idéia tê-lo na Liga da Justiça. O ex-vilão (será mesmo?) inclusive descobre a entrada da Batcaverna nesta edição. Enquanto isso na Sala de Justiça (No novo satélite-base da Liga), Ciborgue tenta manter Shazam entretido duranto o árduo trabalho de monitoramento de ameaças globais. Logicamente Billy Batson, como todo adolescente não vai aturar essa chatice e usa seus poderes para conjurar algum tipo de diversão. Ainda nesta edição temos Capitão Frio sendo contratado pela Lexcorp e surge a nova Power Ring. Ah, esqueci de mencionar a última página tem SPOILER ALERT! É claro que você já sabia disso... A estréia da Patrulha do Destino nos Novos 52.
Geoff Johns entrega uma edição bem interessante este mês com ótimos diálogos entre Bruce Wayne e Lex Luthor e cenas curtas e divertidas no Satélite e na Lexcorp. É notória a preocupação do autor em justificar a nova formação da Liga da Justiça com as adições de Luthor e Frio, então não acho que a trama esteja andando devagar demais. De fato temos poucas cenas de ação aqui, mas nada que deixe a leitura monótona.
A arte de Doug Mahnke continua caprichadíssima neste título. Dá pra notar em algumas passagens que o desenhista ainda não está totalmente acostumado com esse elenco. A cena bem curtinha onde vemos Superman e Mulher-Maravilha voando é um exemplo. Entretanto mesmo com a saída de Ivan Reis este continua sendo um título com arte de alto nível. As cenas entre Ciborgue e Shazam principalmente são muito bem feitas e o design da nova Patrulha do Destino é fiel ao original mas tem um certo toque atual. Bem equilibrado entre o passado e o presente.
Justice League 31 é mais um passo em direção ao novo caminho desenhado por Johns e Cia. para o maior time de heróis da DC. As mudanças de formação propostas são bem radicais então considero justo autor esteja levando o tempo necessário criando o pano de fundo para que as mesmas não pareçam abruptas ou forçadas demais. Me diverti lendo esta edição e fico ansioso pelo papel que a nova Patrulha do Destino terá nos Novos 52.