Confira a resenha da estreia do novo Batman.
Esta semana marca a estreia do novo
Batman na volta à continuidade do título principal do personagem após os eventos da saga
Endgame (
que tem resenha aqui). Desde a divulgação do novo design, identidade e proposta do personagem muito se questionou sobre as decisões da aclamada equipe criativa composta por
Scott Snyder e
Greg Capullo. O fato é que independente do gosto pessoal do leitor e da repercussão na internet, essa realmente é uma proposta muito diferente e ousada para um substituto de um dos maiores ícones dos quadrinhos.

Dito isto nos deparamos com a fatídica edição número 41 de
Batman na qual (mais uma vez) o manto do
Homem-Morcego é passado para um vigilante substituto. Em termos de estrutura narrativa
Scott Snyder estabelece dois tempos distintos: O presente que é o "feijão com arroz" de HQ de super-herói - Temos um novo
Batman, ele tem que enfrentar uma ameaça e ainda está aprendendo as coisas, ele enfrenta esta ameaça de um jeito diferente. Ok. E temos o tempo passado no qual o roteirista apresenta as justificativas e dá embasamento para que os eventos do tempo presente tenham sustentação - Então ficamos sabendo de fato quem é o novo
Batman (Mesmo que você não leia a HQ já deve saber a identidade, né?), quais são os motivos que o fizeram assumir a tarefa de ser o novo
Cavaleiro das Trevas e o principal: Porque o Departamento de Polícia de Gotham decidiu que precisa do auxílio de um vigilante mascarado oficialmente para combater o crime na cidade. A história no tempo presente funciona perfeitamente. Temos aquele velho clichê do herói que ainda está aprendendo a ser herói e que tem uma visão completamente diferente do que é ser o
Batman e isso de fato é a parte mais interessante da revista. Temos bastante ação e narrações que humanizam bastante o protagonista. Impossível não simpatizar com este novo alter-ego do Morcego. Este
Batman opera de uma maneira bem diferente do anterior (por limitações óbvias) e isto torna esta versão muito interessante e promete gerar ótimos frutos no futuro. Já no tempo passado (onde ficam as tais justificativas para este novo
Batman) as coisas não caminham com tanta naturalidade. O autor por vezes fica no meio termo entre justificar e invalidar a própria proposta - isso é até particularmente divertido, mas tira um pouco a credibilidade desta lado da história. A forma como esta linha narrativa específica é conduzida não tem a naturalidade necessária para que alguém que leia se convença do porquê deste
Batman existir. Tudo nesta sessão da revista soa meio travado e burocrático demais. Não há fluidez e a todo momento ouvimos a "voz" do roteirista justificando a sua decisão ousada em substituir o
Batman, ao invés de lermos um
backstory que supostamente deveria nos entreter. Se você tiver boa vontade, vai entender a situação, mas não existe aquela grande catarse que você espera de um cara que decide assumir o manto de um ícone como
Batman. Com isso uma proposta interessante e ousada acaba aterrissando em um terreno irregular e temos uma boa história de ação até bem razoável, mas sem a sustentação necessária para fazer alguém de fato "comprar" a ideia.
A arte de Greg Capullo em Batman #41 é uma bem vinda mudança no tipo de ilustração que estamos acostumados a ver em títulos do Batman. Temos tons claros, expressões vívidas e mais brilhantes, um outro tipo de vilão, um cenário ainda urbano, mas apresentando formas diferentes. Então, tudo parece muito novo e empolgante nesta nova fase da revista. O design da nova Bat-Armadura é intencionalmente desengonçado, "mondrongo" e disforme e não há nada de errado nisso. A proposta da equipe criativa é mostrar o que aconteceria com o Batman se ele fosse uma ferramenta da corporação policial. Nada mais justo que vestir o personagem como se fosse um camburão. Esta armadura não é bonita, nem "legal" em quase nenhuma cena da revista e este é exatamente o objetivo dos autores durante toda a edição. O próprio alter-ego de Batman não fica nem um pouco empolgado com este utensílio. Ela não foi feita para ser bonita. Ela foi feita para funcionar e funciona. É fácil perceber esta sacada quando se chega ao final da edição. E talvez esta seja a parte mais divertida de Batman #41.
Batman #41 marca um ponto de ruptura no título do personagem que ecoará por toda a sua carreira daqui para frente. A ideia de Scott Snyder é extremamente válida e muito saudável para manter a longevidade e relevância deste ícone dos quadrinhos. No entanto, de nada adianta um conceito interessante e inovador se o conteúdo de fato não tem substância para justificar toda esta ousadia. O que temos aqui é uma boa HQ de super-herói com bastante ação e arte de ótimo nível. No entanto, analisando friamente a história, se a revista não tivesse o título Batman na capa, seria mais uma boa HQ de super-herói no mercado e somente os verdadeiros fãs desta equipe criativa pegariam a edição seguinte para ler.
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