quarta-feira, 17 de junho de 2015

HQ do Dia | Black Canary #1

Canário Negro estreia seu novo título detonando os palcos da DC Comics.

O que esperar de um título protagonizado por Dinah Lance no meio de uma turnê com uma banda de rock? Black Canary era um verdadeiro mistério na nova DC Comics desde que o título foi anunciado no início deste ano. Spin off de Batgirl? HQ adolescente indie? Reboot de uma das mais queridas personagens do universo DC? A resposta é: Nenhuma das alternativas anteriores. Black Canary é a estreia de um título com personalidade própria que se sustenta com as próprias pernas e que dá um rumo inesperado para uma das personalidades mais fortes desta editora.

O roteiro de Brenden Fletcher na edição de estreia põe Dinah em uma situação bastante diferente do que está acostumada. A moça não é uma frontman nata e isso fica aparente nas cenas de shows. A turnê de Canário Negro (que é o nome da banda) começa conturbada, com apresentações interrompidas por causa de misteriosos ataques à vocalista, destruição das casas de shows, fãs admirados / assustados e um verdadeiro caos. No meio dessa bagunça somos apresentados à banda que forma o elenco de apoio da HQ: A centrada baterista Lord Byron, líder da banda e principal interlocutora nesta história; A emburrada tecladista e geek tech Paloma Terrific e a misteriosa e muda guitarrista prodígio conhecida como Ditto. O único cara no elenco de apoio é o atrapalhado produtor chamado Heathcliff, mas não se preocupe. Ele não passa nem perto de interesse romântico da protagonista nesta edição. Dinah está no palco aparentemente pelo dinheiro. A protagonista é uma cantora incrível, mas relutante. Ela precisa da grana, mas tem que cumprir este contrato. Isso a colcoa em uma situação bem desconfortável. Pondo em risco seus companheiros de banda e fãs. Fletcher conduz a história com naturalidade, apresentando os personagens de maneira fluída.. A HQ alterna o tempo todo entre diálogos conflitantes revelando um pouco dos bastidores da turnê de uma banda de rock e as cenas de ação que mostram o que Dinah faz de melhor: Enfia a porrada em vagabundo. A destruição e o caos que seguem a banda por todos os seus shows dão aquele ar meio decadente das turnês de bandas da década de 1970-80 em lugares pequenos e isso dá uma cara muito diferente para esta publicação.

A arte de Annie Wu aqui é simples, direta, intencionalmente suja e meio tosca, mas vibrante, potente e marcante.Afinal Black Canary é um gibi sobre uma banda de rock em uma turnê extremamente conturbada e com uma vocalista com sérias tendências à violência. Então a parte gráfica não tem nada de "bonitinha". A HQ tem aquela cara de esboço, como se tivesse sido desenhada toda de uma vez. Isso dá muita naturalidade às cenas de diálogo e impacto nas cenas de shows / ação. Isso em momento algum afeta o entendimento da história. Essa "tosqueira" é parte do estilo da ilustradora que combina bastante com a proposta rock 'n roll do gibi. O design do elenco é icônico. Até pelas silhuetas você reconhece quem é quem. E isso, nas cenas de shows facilita muito a compreensão. A colorização é fosca / escura dando aquele clima de "pé na estrada" que o roteiro evoca.

Black Canary #1 é um título muito diferente da linha editorial da DC Comics. Esta HQ é primeiramente uma história sobre uma banda de rock em uma turnê cheia de problemas. Este não é um título sobre uma vigilante que nas horas vagas canta em uma banda. De alguma forma Brenden Fletcher consegue inserir neste contexto ação, mistério e um pouco da ficção que permeia todo os universo de super heróis da DC Comics. É um balanço delicado, mas executado com naturalidade e sem deixar o título monótono. A arte de Annie Wu é tosca, é agressiva, é feroz, é bem estranha por vezes, mas é perfeita para este tipo de título. Dinah realmente ganhou um presente este ano. Ela é a estrela de um título com temática e visual que fogem do amontoado de mesmice que infecta o mercado de quadrinhos mainstream na atualidade.

terça-feira, 16 de junho de 2015

HQ | Lançamentos da semana 17-06-2015

Canário Negro, O retorno dos Fugitivos e um festival de Thors nos lançamentos desta semana.
 
É hora de conferir os principais lançamentos em quadrinhos lá fora desta semana. Aqui separamos alguns dos títulos mais aguardados pelo público e crítica.


 Black Canary #1

Dinah Lance cai na estrada! Mas seus dias de espancar bandidos estão muito longe de terem terminado. Brenden Fletcher (Batgirl) e Annie Wu (Gavião Arqueiro) misturam rock 'n roll, super espiões e artes marciais no novo título da Canário Negro que estreia esta semana.


 Dr Fate #1

O deus egípcio da morte, Annubis pretende inundar o mundo e lavá-lo e a única pessoa que pode impedi-lo é o novo Senhor Destino - um jovem estudante de medicina do Brokklyn que não tem ideia do que está fazendo.




Harley Quinn & Power Girl #1

Harley e a Poderosa estão juntas novamente nesta mini-série em seis partes que começa esta semana. As duas moças estão em outra dimensão tendo que sacrificar sua dignidade para enfrentar o implacável Vartox. Para mais detalhes sobre esta mini leia nossa entrevista com o autor da revista, Jimmy Palmiotti aqui.   



Justice League of America #1

Finalmente poderemos conferir a estreia do aclamado ilustrador Bryan Hitch em um título escrito e desenhado por ele na DC Comics. História fora da continuidade atual do título principal da Liga sobre uma pacífica e misteriosa raça alienígena que chega ao planeta Terra com objetivos excusos.


Robin Son of Batman #1

Título solo de Damian Wayne. O menino prodígio e seu mais novo companheiro (um demônio gigantesco chamado Goliath) partem mundo afora para tentar se redimir pelos seus anos sangrentos.


Astronauts in trouble #1

Esta semana a Image Comics começa a republicar o material que lançou o ilustrador do sucesso The Walking Dead para o mundo. Astronauts in trouble é uma série criada por Larry Young que foi publicada originalmente em 1999 e deu origem a editora AiT (Astronauts in trouble). Na HQ que se passa em 1959, o time de jornalistas do Canal 7 vai até o Peru para investigar assassinatos e se veem envolvidos com espiões Russos, uma base espacial, cerveja barata e roupas de astronauta.


Runaways #1

Mais um tie in de Guerras Secretas estreia esta semana trazendo os jovens mais brilhantes do Mundo de Batalha da Marvel que são selecionados para frequentar a escola mais prestigiosa desta realidade na capital do planeta. Mas quando os jovens descobrem que o diretor do colégio é na verdade um super-vilão o que eles fazem? Fogem! A criadora do sucesso Lumberjanes, Noelle Stevenson nos trás uma história sobre jovens confusos e superpoderosos em um novo universo Marvel.

 Squadron Sinister #1

Estava com saudades de Hipérion, Doutor Spectro, Nighthawk e todo o elenco do Esquadrão Supremo? Pois eles estão de volta, mas como os vilões mais terríveis do Mundo de Batalha. Neste tie in de Guerras Secretas somos apresentados aos caras que vão tentar destronar o soberano deus Victor Von Doom.


Thors #1

Você conheceu a força policial do Mundo de Batalha nas três primeiras edições de Guerras Secretas e aqui o escritor Jason Aaron vai se aprofundar no universo dos guardiões do novo universo Marvel. Uma HQ de investigação com muitas capas, sotaques shakeperianos e martelos pra todos os lados.

E aí? Semana boa ou fraca nos quadrinhos lá fora? Se interessou por algum título? Deixe seus comentários abaixo.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

HQ do Dia | Harley Quinn #3

Especial de Dia dos Namorados. Aprenda a ser solteiro (a) com a Harley.

Dia dos namorados. Aquela data que ou te força a se sentir na obrigação de "fazer um agrado" para seu companheiro ou te faz sentir um miserável por estar sozinho. Isto não é exclusividade sua. Nos quadrinhos também acontece. E esta resenha é uma boa dica de leitura para a data.

Nesta edição especial de Dia dos namorados de Harley Quinn, escrita por Amanda Conner e Jimmy Palmiotti (que já entrevistamos aqui) a assassina desequilibrada mais adorável da DC Comics está solteira, entediada e com saudades do Senhor J. (O Coringa). Seguindo o conselho de seu adorável mascote, o Castor Bernie, ela sai para comemorar seu recente emprego em um bar de solteiros, mas não sem antes consumir uma misteriosa "frutinha" proveniente de uma planta deixada de presente por sua amiga, Hera Venenosa. É a receita para uma noite de dia dos namorados das mais estranhas na vida da personagem.

Assim como muitas das edições do primeiro volume de Harley Quinn (que resenhamos aqui) este terceiro número é ideal para se ler mesmo que você não esteja acompanhando fielmente as aventuras de Harley. Harley Quinn #3 tem a seu favor o fato de ser uma edição com uma história contida e sem amarras muito fortes aos números anteriores. O roteiro de Conner e Palmiotti e leve, cheio de violência gráfica e piadas. E sinceramente, onde você vai encontrar uma história sobre dia dos namorados na qual a protagonista enfrenta um batalhão de presidiários excitados em uma loja de ferramentas? Só aqui mesmo. Assim como todas as edições de Harley Quinn do run de Palmiotti e Conner esta aqui não tem um roteiro profundo nem muito elaborado, mas sim uma proposta de divertir e desconstruir valores sobre uma data comemorativa que no fundo não faz muito sentido. E nisso eles se superam.

A arte de Chad Hardin em Harley Quinn #3 é adorável: Espingardas no túnel do terror, pregos, machado e membros voando na loja de ferramentas e todo o resto do elenco correndo atrás de Harley que nem um bando de cães no cio durante a revista inteira. A caracterização é o forte do artista, com expressões faciais bem distintas e personagens marcantes, mesmo que eles só "durem" 2 páginas no gibi. As cenas de ação são um misto de comédia gore e desenho animado pervertido, então é só alegria.

Harley Quinn #3 mais uma vez demonstra que uma boa leitura não precisa ser tão séria. Em relação ao Dia dos namorados, a história (que diga-se de passagem é escrita por um casal) é um tiro nada sutil na data. Apesar de toda a violência extravagante, as piadas e o visual cartunesco, no final temos uma curta reflexão da protagonista sobre a real intenção da data. É raro uma publicação sobre datas temáticas deste tipo com alguma mensagem relevante e a deixada em Harley Quinn #3 (dentro de sua loucura) é simples, direta e verdadeira.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

HQ do Dia | Ghost Racers #1

Apertem os cintos! A corrida mais desgraçada da Marvel começa aqui.

Guerras Secretas, a mais recente saga do universo Marvel que junta diferentes realidades da história da editora, parece ter despertado as veias criativas mais primais de alguns profissionais envolvidos e suas séries tie ins. Em algumas histórias, pode-se ver claramente que o complexo conceito da saga de Jonathan Hickman foi aproveitado em títulos extremamente simples, baseados em uma premissa que dá para ser explicada em uma frase e se valendo de um roteiro que poderia ser escrito por uma criança de 10 anos de idade.

Este é o caso de Ghost Racers #1 de Felipe Smith e Juan Gedeon. Na edição de estreia do gibi (não tem outro nome que encaixe melhor), somos apresentados ao conceito dos Corredores Fantasmas - Encarnações do Espírito da Vingança que são mantidos sob cárcere pelas forças do deus Victor Von Doom e forçados a correr periodicamente para o entretenimento da população da "Capital" do Mundo de Batalha conhecida como Doomstadt. O vencedor das corridas mantém sua liberdade enquanto os outros apodrecem em uma cela até uma próxima corrida. O elenco é pequeno composto pelas versões mais clássicas do personagem encarnadas por Johnny Blaze e Danny Ketch seguidas da representação ancestral do personagem, Carter Slade e de Alejandra Blaze (A Motoqueira Fantasma durante a saga Essência do Medo). Estes acabam sendo os coadjuvantes para o verdadeiro protagonista da saga, Robbie Reyes, o atual Corredor Fantasma da editora.

O roteiro de Felipe Smith em Ghost Racers é linear, desprovido de camadas e quase que completamente voltado para a corrida em questão. Os personagens são apresentados no meio do alvoroço da linha de largada através da narração do apresentador do evento,uma versão do vilão Arcade e daí para frente é correria, explosões, batidas, xingamentos e violência em alta velocidade. No final até temos uma breve passada na situação dos perdedores e do vencedor para estabelecer motivações, mas o foco da primeira edição é a correria acéfala e descontrolada. Se você não curte este modelo mais simples de quadrinhos não é uma opção de leitura recomendada, mas para quem cresceu lendo histórias nas quais o "aqui" e "agora" eram mais importantes do os "porquês" esta é uma opção extremamente sincera de entretenimento.

A arte de Juan Gedeon não parece nem um pouco impressionante nas primeiras 4 páginas da revista e você com certeza vai duvidar da capacidade do artista até que subitamente é dada a largada e o traço meio "sem sal" se transforma em uma atrocidade sobre rodas flamejantes disparando inferno, balas e correntes por tudo quanto é quadro. A arte de Gedeon realmente se transforma abruptamente assim como os protagonistas e é de longe (milhas de distância) o destaque da edição de estreia. A corrida é visualmente incrível, com variações de tomadas a todo o tempo, cortes abruptos, design cinético e um fluxo inteligível de ação. O redesign de alguns personagens como Alejandra Blaze e o "Centauro Zumbi Fantasma", Carter Slade são irrepreensíveis, verdadeiros presentes visuais para os fãs do Espírito da Vingança. Com o término a corrida, as ilustrações de Gedeon intencionalmente se transformam novamente nos rabiscos monótonos e sem graça de outrora para contrastar com a parte da corrida. Uma sacada sutil e interessante do autor que dá ainda mais impacto às cenas durante a corrida.

Felipe Smith e Juan Gedeon podem ser acusados de várias coisas nesta estreia de Ghost Racers: O roteiro é simplório, raso e infantil? Sim. Os personagens são superficiais? Completamente. A história é somente uma desculpa para as cenas de ação? Com certeza. O que não se pode falar da dupla é de que não há sinceridade na proposta apresentada desde as prévias deste tie in. Ninguém te prometeu uma leitura que vá explodir a tua cabeça e fazer você repensar toda a sua vida. Ninguém te prometeu um elenco original e cheio de conflitos internos. E com certeza ninguém te prometeu um novo clássico de arte sequencial. Dito isto, no que se propõe, Ghost Racers atende quem quer um bom passatempo de alta octanagem com uma arte intencionalmente instável e descontrolada. A HQ não deve ser analisada muito profundamente. É ler, se divertir por 15 minutos e partir para a próxima corrida. Se isso é pouco para você fique longe destes corredores.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

HQ do Dia | Batman #41

Confira a resenha da estreia do novo Batman.

Esta semana marca a estreia do novo Batman na volta à continuidade do título principal do personagem após os eventos da saga Endgame (que tem resenha aqui). Desde a divulgação do novo design, identidade e proposta do personagem muito se questionou sobre as decisões da aclamada equipe criativa composta por Scott Snyder e Greg Capullo. O fato é que independente do gosto pessoal do leitor e da repercussão na internet, essa realmente é uma proposta muito diferente e ousada para um substituto de um dos maiores ícones dos quadrinhos.

Dito isto nos deparamos com a fatídica edição número 41 de Batman na qual (mais uma vez) o manto do Homem-Morcego é passado para um vigilante substituto. Em termos de estrutura narrativa Scott Snyder estabelece dois tempos distintos: O presente que é o "feijão com arroz" de HQ de super-herói - Temos um novo Batman, ele tem que enfrentar uma ameaça e ainda está aprendendo as coisas, ele enfrenta esta ameaça de um jeito diferente. Ok. E temos o tempo passado no qual o roteirista apresenta as justificativas e dá embasamento para que os eventos do tempo presente tenham sustentação - Então ficamos sabendo de fato quem é o novo Batman (Mesmo que você não leia a HQ já deve saber a identidade, né?), quais são os motivos que o fizeram assumir a tarefa de ser o novo Cavaleiro das Trevas e o principal: Porque o Departamento de Polícia de Gotham decidiu que precisa do auxílio de um vigilante mascarado oficialmente para combater o crime na cidade. A história no tempo presente funciona perfeitamente. Temos aquele velho clichê do herói que ainda está aprendendo a ser herói e que tem uma visão completamente diferente do que é ser o Batman e isso de fato é a parte mais interessante da revista. Temos bastante ação e narrações que humanizam bastante o protagonista. Impossível não simpatizar com este novo alter-ego do Morcego. Este Batman opera de uma maneira bem diferente do anterior (por limitações óbvias) e isto torna esta versão muito interessante e promete gerar ótimos frutos no futuro. Já no tempo passado (onde ficam as tais justificativas para este novo Batman) as coisas não caminham com tanta naturalidade. O autor por vezes fica no meio termo entre justificar e invalidar a própria proposta - isso é até particularmente divertido, mas tira um pouco a credibilidade desta lado da história. A forma como esta linha narrativa específica é conduzida não tem a naturalidade necessária para que alguém que leia se convença do porquê deste Batman existir. Tudo nesta sessão da revista soa meio travado e burocrático demais. Não há fluidez e a todo momento ouvimos a "voz" do roteirista justificando a sua decisão ousada em substituir o Batman, ao invés de lermos um backstory que supostamente deveria nos entreter. Se você tiver boa vontade, vai entender a situação, mas não existe aquela grande catarse que você espera de um cara que decide assumir o manto de um ícone como Batman. Com isso uma proposta interessante e ousada acaba aterrissando em um terreno irregular e temos uma boa história de ação até bem razoável, mas sem a sustentação necessária para fazer alguém de fato "comprar" a ideia.

A arte de Greg Capullo em Batman #41 é uma bem vinda mudança no tipo de ilustração que estamos acostumados a ver em títulos do Batman. Temos tons claros, expressões vívidas e mais brilhantes, um outro tipo de vilão, um cenário ainda urbano, mas apresentando formas diferentes. Então, tudo parece muito novo e empolgante nesta nova fase da revista. O design da nova Bat-Armadura é intencionalmente desengonçado, "mondrongo" e disforme e não há nada de errado nisso. A proposta da equipe criativa é mostrar o que aconteceria com o Batman se ele fosse uma ferramenta da corporação policial. Nada mais justo que vestir o personagem como se fosse um camburão. Esta armadura não é bonita, nem "legal" em quase nenhuma cena da revista e este é exatamente o objetivo dos autores durante toda a edição. O próprio alter-ego de Batman não fica nem um pouco empolgado com este utensílio. Ela não foi feita para ser bonita. Ela foi feita para funcionar e funciona. É fácil perceber esta sacada quando se chega ao final da edição. E talvez esta seja a parte mais divertida de Batman #41.

Batman #41 marca um ponto de ruptura no título do personagem que ecoará por toda a sua carreira daqui para frente. A ideia de Scott Snyder é extremamente válida e muito saudável para manter a longevidade e relevância deste ícone dos quadrinhos. No entanto, de nada adianta um conceito interessante e inovador se o conteúdo de fato não tem substância para justificar toda esta ousadia. O que temos aqui é uma boa HQ de super-herói com bastante ação e arte de ótimo nível. No entanto, analisando friamente a história, se a revista não tivesse o título Batman na capa, seria mais uma boa HQ de super-herói no mercado e somente os verdadeiros fãs desta equipe criativa pegariam a edição seguinte para ler.

terça-feira, 9 de junho de 2015

HQ do Dia | Liga da Justiça #41

Começa a Guerra de Darkseid.

Desde o primeiro confronto dos maiores super heróis da DC Comics (que marca a origem do grupo na fase Pós-Flashpoint) com Darkseid, as coisas ficaram mal resolvidas entre a Terra-0 e Apokolips. Durante os anos que seguiram o reboot da editora, alguns autores e publicações DC fizeram referência a um vindouro confronto final entre as forças de Darkseid e a Terra. A mais marcante destas referências foi a recente saga Fim dos Tempos, que explora as dramáticas repercussões da tal guerra no Universo DC cinco anos no futuro. No Free Comic Book Day deste ano a editora divulgou uma história na publicação one shot chamada Divergence introduzindo os conceitos por trás desta Guerra e mostrando a importância da Mulher Maravilha na saga. Na edição anterior de Justice League (número 40) o autor Geoff Johns explorou a relação entre Nova Gênese e Apokolips sob a ótica de Metron. Então, após essa preparação toda, a expectativa em relação à Guerra de Darkseid, para os fãs da Liga da Justiça, é enorme.

Em Liga #41, Johns utiliza dois pontos de vista bem distintos para começar a saga. O primeiro é o do Senhor Milagre, que faz uma estreia marcante (na HQ da Liga) e mostra o lado "Apokoliptico" do conflito. Como o personagem foi criado nos domínios de Darkseid, a participação dele é fundamental para termos a visão completa do conflito. O segundo ponto de vista utilizado no roteiro é o da princesa amazona, Diana Prince. Ela mostra o lado da Liga. A narração em caixas de texto utilizada como perspectiva da personagem é distinta e além de dar peso aos demais componentes do grupo serve de guia para as cenas investigativas na revista - algo que não é muito comum em termos de HQ de grupos de super-heróis. Liga #41 tem 44 páginas que alternam entre ação, ficção, drama e combates épicos. Johns consegue amarrar de forma bem simples e nítida algumas pequenas pontas deixadas em Vilania Eterna e no arco Vírus Amazo. O roteiro apresenta a maior ameaça que a Liga já enfrentou após Flashpoint com propriedade e sem enrolação. Desde seu início a HQ tem aquele clima de "real deal", e a presença do elenco clássico da equipe só reforça a severidade e magnitude da história.

Isso tudo é mostrado em 44 páginas de Jason Fabok. 44 páginas impecáveis de traço clássico de HQ de super-heróis. Para fãs deste estilo de ilustração, trata-se do melhor que você encontrará no mercado atualmente. Fabok tem o dom de dar grandiosidade e humanizar um elenco composto basicamente por deuses da editora. A caracterização e redesenho do Senhor Milagre é empolgante, celebra suas antigas encarnações e dá um ar mais moderno ao personagem, as cenas em Apokolips são aterradoras e os combates são tudo aquilo que se espera de lutas entre os maiores heróis da Terra e os servos de Darkseid.

Liga da Justiça #41 é o início de arco mais empolgante em uma HQ da equipe desde o início dos Novos 52. A convergência de tramas anteriores propostas por Geoff Johns aqui dá uma gravidade absurda a esta primeira parte do arco. Ok. Novamente a Liga se encontra em maus lençóis, como em todo o início de saga do grupo escrito por Johns, mas é exatamente isso que o leitor que acompanha a equipe espera de uma HQ com os maiores heróis da DC Comics. E isso tudo é atingido através de uma execução impecável. A arte de Jason Fabok é de altíssimo nível e se você é fã de traço clássico de super-heróis, fica impossível não se empolgar com 44 páginas desse tipo de desenho. Uma estreia matadora e empolgante para quem é fã de quadrinhos tradicionais e uma prova de que, após Convergence, a DC Comics não vai concentrar seus esforços exclusivamente em títulos mais casuais.
 


segunda-feira, 8 de junho de 2015

HQ | Lançamentos da semana 10-06-2015

Bat-Coelho, Carol Corps e aniversário da Valiant Comics nos lançamentos da semana.

É hora de conferir os principais lançamentos em quadrinhos lá fora desta semana. Aqui separamos alguns dos títulos mais aguardados pelo público e crítica.



Batman #41
Estreia do novo "Bat-Coelho" da DC Comics! É bem provável que você já saiba quem está dentro da armadura, né? De qualquer maneira, começa uma nova fase nos títulos do Cavaleiro das Trevas ainda sob a batuta do escritor Scott Snyder e com a arte de Greg Capullo.

 Estelar #1
Do time de escritores responsável pelo sucesso Arlequina, chega o título solo da princesa guerreira alienígena da DC Comics. Estelar se muda para a Flórida para tentar viver em paz, mas todos nó sabemos que isso não vai durar, né? Para saber mais sobre o novo título de Estelar leia a nossa entrevista com o autor da revista, Jimmy Palmiotti.

 Earth-2: Society #1
Estreia do novo título com os heróis da Terra-2. Os sobreviventes da Guerra contra Apokolips foram agraciados com uma novíssima Terra após Convergence. Agora é tempo de re-construir. 



Constantine The Hellblazer #1

Continua não sendo Vertigo, mas é a segunda tentativa da DC Comics de inserir o velho John de fato no universo dos Novos 52 (ou seja lá como a DC está chamando seus títulos "convencionais" esses dias). Os roteiristas Ming Doyle e James Tynion IV apresentam esta semana uma versão um pouco mais sombria de John Constantine.



Chrononauts #4

Final da mini-série sci-fi / bromance / time travel da Image Comics criada por Mark Millar e Sean Gordon Murphy. Após fazer uma puta bagunça no espaço-tempo, Quinn e Danny tem que consertar todas as cagadas que fizeram nas linhas temporais, derrotar seus inimigos e ainda enfrentar a ira de seu chefe.


Captain Marvel And Carol Corps #1 

Tie in de Guerras Secretas! Conheça o esquadrão de pilotos de Carol Danvers. A autora Kelly Sue DeConnick e o ilustrador David Marquez nos levam até o Campo Hala, onde só as melhores pilotos tem a chance de voar com o Esquadrão de Carol.
  

Ghost Racers #1 

Começa a corrida infernal pelo Mundo de Batalha. Motoqueiros, Pilotos e Cavaleiros Fantasmas de todo o Multiverso Marvel em um "racha" alucinado pelo novo Universo Marvel no qual vale tudo. 

 Weirdworld #1

Weirdworld é o título "capa, magia, espada" oficial de Guerras Secretas. Neste tie in escrito por Jason Aaron e ilustrado por Mike DelMundo, Arkon é um bárbaro vivendo todo o tipo de "aventuras bárbaras" no cantinho "bárbaro" do Mundo de Batalha.

  X-O Manowar 25th Anniversary Special #1

Parabéns, Valiant! Robert Venditti e CAFU (o artista, não o ex-jogador) celebram esta semana o aniversário de 25 da Valiant Comics contando as origens da armadura X-0 Manowar. Nesta edição comemorativa você vai descobrir de onde surgiu o artefato mais importante da história do Universo Valiant e muito da mitologia do ícone do universo de quadrinhos mais coeso da atualidade.


E aí? Algum lançamento desta semana te interessou ? Deixe seus comentários abaixo.

 

 

 



  

 

domingo, 7 de junho de 2015

HQ do Dia | Airboy #1

Um James Robinson como você nunca viu em toda a sua carreira.

Devido à enorme oferta de títulos independentes quebrando (e criando) formatos no mercado de quadrinhos atualmente, fica muito difícil surgir algum material que de fato surpreenda o leitor logo em sua primeira edição. Especialmente se tratando de Image Comics (que atualmente vem carregando a bandeira do avant gard na nossa indústria), quando você pega algo da editora para ler já espera ser surpreendido por alguma ideia inconcebível para os padrões um pouco mais rígidos das editoras mais tradicionais e essa expectativa às vezes pode já matar a surpresa.

Partindo deste pressuposto, temos o consagrado e veterano autor James Robinson (que já escreveu praticamente tudo em termos de quadrinhos mainstream) em um novo trabalho autoral pela editora cuja premissa é um personagem fictício da década de 1940 chamado Airboy, que subitamente ganha vida. Ok. Você vai pensar: "É uma HQ que quebra a quarta parede como Deadpool ou Arlequina eventualmente fazem. Vou seguir a vida lendo minhas 'Batman' porque não curto muito este tipo de formato e de repente algum dia pego pra ler". No entanto quem ler Airboy #1 vai se deparar com muito (muito) mais do que uma mera HQ calcada em metalinguagem e piadinhas.

O protagonista em Airboy, ao contrário do que se pode imaginar pelo título da revista, não é o personagem homônimo. O protagonista em Airboy é o próprio James Robinson acompanhado do ilustrador da revista, Greg Hinkle. Na história Robinson é contratado pela Image Comics (que adquiriu os direitos da franquia) para escrever um reboot do personagem. O artista, em uma puta crise criativa, não consegue ter ideia alguma para a HQ e convida o ilustrador para sua cidade, São Francisco, para tentar ajudá-lo. Daí para frente TUDO desanda. TUDO mesmo.

Esqueça praticamente tudo que você já leu deste autor anteriormente. O roteiro de Robinson em Airboy é uma análise de sua própria condição como autor em forma de quadrinhos adultos. Os protagonistas são mostrados a partir da segunda parte da história cometendo inúmeros atos de depravação que não iremos descrever para não estragar a surpresa e a sua diversão. Esta é uma visão torta e cheia de alfinetadas dos bastidores da indústria de quadrinhos e a cada fala do protagonista você vai pescar uma ou outra referência a temas que nós mesmos vivemos comentando em relação ao mercado e seus profissionais. Robinson, não perdoa ninguém aqui e principalmente a si mesmo. Em seus comentários ácidos e amargurados sobra para a DC Comics, os autores indie e até para alguns novos artistas do meio musical. Aí você chega a este ponto da resenha e tem todo o direito de questionar: "Ok. A HQ é somente sobre um roteirista fracassado reclamando da vida e se envolvendo em putaria?". Não. Como tudo que este senhor escreve, existe um roteiro, uma estrutura de acontecimentos sequenciais, personagens secundários relevantes e um gancho final que apresenta de fato o personagem Airboy. No meio de todo este diálogo ácido e das cenas lamentáveis protagonizadas pelos dois personagens o roteiro nunca é deixado de lado. Airboy #1 é uma "viração de página" alucinante com um ritmo veloz e isso tudo sem UMA única cena de ação. Este formato linear e cotidiano de roteiro de HQ pode parecer fácil de se fazer, mas é uma das tarefas mais ingratas que um roteirista pode ter. Balanceando mais ou menos cada um dos elementos narrativos da trama o resultado pode ser um amontoado de diálogos reflexivos sem estrutura ou uma história que caminha "mancando" por falta de substância. Airboy #1 está muito longe destes dois extremos.

A arte, finalização, colorização e letras do "protagonista" Greg Hinkle nesta estreia podem não parecer nada demais nesta edição de estreia. E realmente, o estilo do artista não chama atenção a primeira vista. Seu misto de caricatura e traço clássico americano serve em 90% desta edição de estreia como suporte ao roteiro e aos diálogos, mas eis que de repente temos uma full page desconcertante e hilária ou uma genitália desenhada sem o menor pudor. Como trata-se de uma história com zero ação, o destaque vai para o esmero nas expressões faciais durante os diálogos e os cenários muito bem detalhados durante toda a revista. As técnicas monocromáticas de colorização variam de acordo com o momento da história e dão um enorme impacto quando finalmente temos a primeira aparição de Airboy.

Airboy #1 é uma das melhores edições de estreia de 2015 em se tratando de quadrinhos autorais. O tom é adulto e o humor é amargo, mas brilhante. Os diálogos são de uma coragem e honestidade que parecem que foram gravados e transpostos para as páginas. A HQ é profana, perturbadora e ácida na medida certa para que o roteiro não seja comprometido por excesso de "ranço". Para quem espera somente um título "quebrador" de quarta parede, Airboy é muito mais do que isso. Uma perversão dos bastidores da indústria de quadrinhos e uma diversão que provavelmente vai te fazer esquecer muitos dos títulos que lê atualmente.    


sábado, 6 de junho de 2015

HQ do Dia | Midnighter #1

Surge um novo vigilante na DC Comics: ultra confiante, extremamente violento e gay.

Uma nova DC Comics começa esta semana. Com o final da saga Convergence, (Que tem resenha completa aqui) e uma grande reestruturação de sua linha de publicações, novos arcos se iniciam em seus títulos recorrentes e estreiam 24 novas publicações com formatos voltados para leitores casuais e até leitores mais antigos, mas que provavelmente estão meio fora de contato com o portfólio da editora nos últimos anos. Esta primeira leva de novos títulos é encabeçada pela aguardada Midnighter, primeiro título solo do personagem Meia-Noite, oriundo originalmente do Universo Wildstorm, absorvido posteriormente pela DC Comics e inserido na continuidade dos Novos 52 através do título Grayson, estrelado pelo ex-Asa Noturna, Dick Grayson.

O principal trunfo do roteiro de Steve Orlando (Que recentemente bateu um papo conosco sobre a revista) é que se você nunca leu nada sobre o Meia-Noite nem em seus tempos de Stormwatch nem na magnífica The Authority e muito menos em Grayson, não há problema algum em pegar Midnighter #1 curtir a leitura e entender o personagem. Logo nas primeiras páginas desta edição o autor estabelece quem é o Meia-Noite - um personagem super-humano gay, chutador de bundas de primeiro escalação e um cara extremamente confiante. A HQ começa em um jantar entre um protagonista e um futuro amante com um bate-papo que malandramente faz as devidas introduções. Logo em seguida somos bombardeados com ação de alta octanagem e descobrimos como o protagonista luta. O Meia-Noite é apresentado em sua primeira edição como um dos caras mais seguros de si no Universo DC atualmente. Ouvir um sujeito dizer que "já lutou e venceu esta luta centenas de vezes em sua cabeça" para uma legião de oponentes ANTES de começar a enfrentá-los, ganha o leitor logo nas páginas do gibi. E não é só promessa, o cara realmente enfia a porrada (muitas vezes literalmente) em todo mundo mesmo. Orlando não é condescendente com o público e apresenta alguns conceitos um pouco mais elaborados de ficção nas cenas do Jardim de deus misturando-os com as já citadas sequências de ação cinematográficas. Essa quantidade de ação frenética e explosiva é balanceada com passagens que mostram bastante da intimidade do protagonista - leia-se relações sexuais entre dois caras. Estas passagens apresentam os relacionamentos interpessoais do Meia-Noite não só com seu mais novo "peguete" ou possível namorado, mas também com sua criadora, a Jardineira além de amigos.

A arte de ACO em Midnighter #1 tem um tipo de fotografia e ângulos de captura visualmente brilhantes. A perspectiva do leitor em relação aos quadros nas páginas é o grande destaque desta primeira edição, pois é esteticamente perfeita e dá uma cara extremamente sofistica ao roteiro de Orlando. A caracterização do elenco também é de alto nível. Há um cuidado enorme com a apresentação dos personagens, cenários e objetos. As cenas de ação são cinéticas, impactantes e explosivas como o roteiro exige. O Meia-Noite lutando é um misto de coreografia cinematográfica e puro caos. As cenas tem impacto, mas a quantidade de informações por páginas pode ser demais para um leitor que não estiver acostumado a este nível de detalhes. Veja por exemplo a cena de luta no restaurante: Tudo voa e tudo voa a mesmo tempo - pratos, comida, talheres, armas, sangue, pedaços de ossos, objetos pessoais e tudo faz parte deste balé caótico que é uma luta do Meia-Noite. Além disso o desenhista posiciona estrategicamente mini-quadros com informações relevantes para quem está acompanhando esta luta e as hilárias radiografias dos golpes no melhor estilo Mortal Kombat. Isso tudo pode ser encarado como poluição de página ou como um detalhes que enriquecem as cenas de ação, depende muito do gosto pessoal do leitor.

Midnighter #1 é divertida, é muito fácil de ler e apresenta uma cara relativamente nova em um universo saturado pelos mesmos formatos de heróis há anos. Aliás, como o próprio autor afirma, o Meia-Noite não é um herói, ele é um lutador. É isso o que vemos aqui. O protagonista não é nenhum personagem novo, mas aqui o roteiro de Steve Orlando dá uma cara fresca ao gibi. Este elenco tem aquele cheiro de "carro novo" e aquele clima bacana de se estar conhecendo alguém pela primeira vez. Orlando, sendo um autor homossexual, trata este aspecto da personalidade do protagonista com extrema naturalidade e não há "glamourização" nem propaganda nestas páginas. Ser gay é somente um aspecto da personalidade do personagem. Isto de forma alguma o define por completo. Nada mais justo. As cenas de ação são cinematográficas, violentas e viscerais conforme o prometido e esta HQ tem um tom bastante adulto no geral, mas com um leve toque sci-fi. A arte é esmagadora, detalhada e linda. Especialmente nas cenas de luta a quantidade de detalhes por página podem parecer até epiléticas, mas nada que prejudique o entendimento de um leitor que tenha atenção a detalhes e relmente queira saborear todo o caos que é um combate protagonizado pelo Meia-Noite. Em se tratando de vigilantes, um gênero mais do que saturado no mercado de quadrinhos atualmente, Midnighter se destaca com folga. A HQ apresenta um personagem fora dos moldes convencionais (inclusive não tendo uma cidade fixa como "base" definida), tem um roteiro muito acelerado, é recheada de ação, tem uma arte de altíssimo nível e não necessita de nenhum conhecimento prévio. Uma excelente sugestão para novos leitores e uma leitura que vale a pena acompanhar mensalmente daqui para frente.         

sexta-feira, 5 de junho de 2015

HQ do Dia | Guerras Secretas #3

Quem sobreviveu a última incursão? Descubra em Guerras Secretas 3.  

A terceira edição do maior evento da Marvel em 2015 chegou às bancas esta semana com os dois pés no acelerador. Muito pouca enrolação nesta edição. Logo nas primeiras cenas descobrimos um pouco mais sobre a relação entre o deus e governante do Mundo de Batalha, Victor Von Doom e seu principal conselheiro e Xerife deste novo universo, o Doutor Stephen Strange. Além disso finalmente temos uma ideia mais clara do que realmente aconteceu aos personagens oriundos das Terras 616 e 1610 (Ultiverso). Sim! Você vai saber quem sobreviveu a última incursão e o que isso significa para este novo Universo Marvel.

O roteiro de Hickman para esta terceira edição alterna principalmente entre os núcleos protagonizados pelo Doutor Destino e pelo Doutor Estranho. A relação estabelecida pelo autor entre estes dois ícones da Marvel nestas versões é cheia de matizes e laços de amizade, confiança, mas ao mesmo tempo segredos terríveis. Isso torna o pano de fundo de uma premissa aparentemente boba como a de Guerras Secretas extremamente rico e cheio de possibilidades. Novamente a caracterização deste Mundo de Batalha e sua organização geo-política simples, mas eficaz é um dos destaques. Hickman ainda tem tempo de brincar com o conceito de um governante absoluto e suas dificuldades e de uma divindade com fraquezas. Isso ocorre na cena entre Sue Storm e Victor e o diálogo, apesar de relativamente curto, é carregado de conceitos filosóficos extremamente pertinentes, uma surpresa muito feliz em uma saga com uma premissa tão simplória. Hickman consegue pontuar com precisão as aparições de cada um dos personagens nesta edição. Sejam protagonistas ou meros coadjuvantes, cada um tem pelo menos uma fala mais marcante ou mesmo os que não tem fala alguma (como é o caso de Johnny Storm) não estão ali de graça só pra ficar bonito na foto. Mesmo personagens que tem poucas falas estão bem representados e tem suas características básicas preservadas em uma saga gigantesca como essa. O destaque da edição mesmo fica para Doom. O monarca é tudo que se espera de uma representação triunfante do vilão. Em essência. Victor é um sujeito que acredita piamente que a sua maneira de governar é a menos pior entre as ideias horríveis já propostas e aqui vemos isso sob o olhar da lupa de Hickman. Destino em seu íntimo (representado por Sue) se questiona, mas para o resto do Mundo de Batalha ele é o soberano, absoluto e impiedoso deus da nova Marvel.

A arte de Esad Ribic continua irretocável dentro de seu estilo foto-realista. Veja a atenção aos detalhes nas expressões faciais nas cenas com os sobreviventes da Terra 616. Isso alterna com os quadros épicos e grandiosos do Esquadrão de Thors, que são mostrados como uma verdadeira "Polícia Divina". Apesar da pouca variação de cenários nesta edição em particular a atenção dada ao Castelo de Destino é louvável e a ideia gráfica de Galactus e a Fundação Futuro (apresentada na edição 2) é chocante e surreal.

Guerras Secretas #3 continua superando as expectativas de um leitor que simplesmente pegar a sua sinopse e começar a ler o material. Isso aqui é muito mais do que 75 anos de Universo Marvel jogados em um liquidificador multiversal, como se esperava. A organização deste novo universo é simples e rica; o elenco é cuidadosamente representado com personalidade e várias nuances; os protagonistas principais são versões vibrantes dos seus personagens favoritos, a arte é detalhada, épica e extremamente consistente e o mais importante no meio disso tudo é que a história ANDA e anda a passos largos. Realmente estamos vendo os moldes de um novo universo Marvel sendo confeccionados em uma saga. Se algo de fato irá mudar na Marvel após este evento ou não, depende mais do corpo editorial da empresa do que da equipe criativa responsável pela saga. Hickman e Ribic fazem um trabalho muito consistente e a saga continua em um ritmo ótimo e com uma qualidade acima do esperado em eventos deste tipo na editora.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Marvel | Novo Hulk, novo Wolverine e teaser do Novo Universo Marvel

Muitas mudanças no Universo Marvel após Guerras Secretas.

Aos poucos vamos conhecendo a cara da Nova e Completamente Diferente Marvel, iniciativa da nova linha de publicações da editora que tem início logo após a saga Guerras Secretas.
Na noite de ontem a editora divulgou um novo teaser com os principais personagens de sua nova linha de quadrinhos. Além disso o editor chefe da empresa, Axel Alonso cncedeu uma série de entrevistas à diversos veículos de entretenimento dando algumas pistas sobre o futuro da editora.

O teaser acima inclui os seguintes personagens em suas novas versões: Spider-Gwen, Agente Phil Coulson, Mulher-Aranha, Pantera Negra, Homem-Aranha, Capitão América (Sam Wilson), Steve Rogers, Homem de Ferro, Homem-Formiga, Thor, Visão, Ms. Marvel, Homem-Aranha Ultimate, e uma versão do Lobo Vermelho, personagem Nativo-Americano da década de 1970 da Marvel que será re-inserido no universo através da nova série 1872 que é um tie in de Guerras Secretas.

As seguintes informações foram divulgadas nos últimos dias por Axel Alonso sobre a nova iniciativa da Marvel:

- All-New, All-Different Marvel terá cerca de SESSENTA novos títulos com número #1 na capa.

- Conforme já reportado aqui no Proibido ler, estes novos títulos com número #1 se passam cronologicamente OITO MESES após os eventos de Guerras Secretas. Segundo Alonso "seus personagens favoritos estarão em um novo momento em suas vidas".

- Alonso foi taxativo ao afirmar ao NY Daily News "Isto não é um reboot!". Segundo o editor a "Marvel não jogará fora décadas de história... Podem haver novos personagens, mas este ainda é o universo Marvel. Este é somente o próximo capítulo".

- Segundo Alonso HAVERÁ UM NOVO HULK! O editor afirma em entrevista ao EW que "O Universo Marvel testemunhará a chegada de um Hulk completamente diferente - não é um Hulk que você tenha visto antes".  Alonso complemente dizendo "Este desenvolvimento é intimamente enraizado na história. Eu estou pessoalmente muito excitado com isso e com as ramificações desta mudança. É uma história fascinante que acredito que os fãs de Bruce Banner definitivamente vão querer ler".

- Haverá também um novo Homem-Aranha e um Novo Wolverine. Segundo Alonso ambos personagens terão novas versões após Guerras Secretas e o novo Wolverine não necessariamente será Logan.

- Segundo Alonso a Marvel "precisa vender revistas dos X-Men para que eu possa manter meu emprego". O editor se esquiva praticamente de todos os questionamentos a respeito da aparente separação do Universo mutante do restante da Marvel

- Conforme mostrado no teaser acima, a nova linha da Marvel marca o retorno em grande estilo do personagem Lobo Vermelho, Nativo-Americano oriundo da década de 1970. Alonso confirma a informação do teaser de que Sam Wilson continua como o Capitão América e Steve Rogers continua em sua condição de idoso. Além disso a personagem já revelada como alter-ego de Thor permanece como Thor após Guerras Secretas.

- Ms. Marvel continua como parte vital para este novo Universo Marvel. Segundo Alonso "Ela [Kamala Khan] é o Peter Parker do século 21". o editor afirma ao EW "Peter Parker pode ser uma menina de 16 anos Paquistanesa de Nova Jersey. Se sua história é universal, então as pessoas irão ler. Se ela for verdadeira, ela ecoará e as pessoas lerão".

- O editor lista os seguintes autores na nova linha de publicações Brian Michael Bendis, Jason Aaron, Mark Waid, Dan Slott, Charles Soule, G. Willow Wilson e Jeff Lemire.

- Segundo Alonso a Marvel adotará um modelo de publicações por temporadas assim como nos programas de TV. "Eu acho que a indústria de quadrinhos - certamente nós - estamos lentamente trabalhando para entrar em um modelo sazonal que não é diferente do que vemos nos nossos programas favoritos de televisão: um modelo por temporadas que oferece pontos de acesso fácil para novos leitores e respeita os fãs de longa data".

- Em entrevista Alonso afirma que um número não específico de personagens do Ultiverso fará parte do novo Universo Marvel.
  
- Alonso reforça que não há pressão alguma nos criadores para que as publicações se encaixem nos moldes propostos por filmes da companhia. E que os criadores tem liberdade para criar as histórias independente de outras mídias.

E aí? Animado para as mudanças na Marvel? Ou continuará tudo a mesma coisa de sempre? Deixe sua opinião abaixo.