sábado, 28 de fevereiro de 2015

HQ do Dia | They're not like us


Jovens, superpoderosos e com um conjunto de valores bem distorcido. Eles definitivamente não são como nós.

Fica cada vez mais difícil algum produto de entretenimento chegar despercebido e arrebatar a crítica e a audiência. O público é cada vez mais exigente e sedento por notícias e a internet transborda com informações sobre entretenimento e raramente alguma coisa consegue escapar do radar. Quando este tipo de coisa acontece ela merece destaque. E foi o caso com They're not like us HQ de Eric Stephenson, Simon Gane e Jordie Bellaire.

Histórias sobre adolescentes com poderes sobre humanos infestam os quadrinhos desde que os
X-Men e os Novos Titãs foram popularizados. Ao longo dos anos tivemos ótimas historias escritas girando ao redor deste conceito, mas nada ainda como este título.

Em They're not like us temos pessoas realmente mundanas, sem as amarras morais que limitam as histórias em quadrinhos do gênero. O tema principal da HQ é: Se você é melhor que eles você pode subjugá-los. Por mais polêmico, indigesto e até reacionário que possa parecer o conceito funciona, intriga e diverte. Mérito para o autor Eric Stephenson que, se valendo da fórmula "mais é menos", consegue tornar um elenco a princípio detestável em um grupo interessante de indivíduos com um conjunto de regras e motivações que vão se desenrolando e revelando ter certo sentido através das páginas. Os diálogos e apresentação de personagens seguem esse lance meio minimalista e o leitor é alimentado aos poucos a medida em que vão sendo reveladas as motivações individuais de cada personagem. E lá pela terceira edição você vai se pegar concordando com algumas coisas bem distorcidas e questionando seu conjunto de valores.

A arte de Simon Gane é horrorosa e linda na medida certa. Em cenas de violência e ação o ilustrador coloca fúria, raiva, asco e tudo que há de ruim na cena em cima do papel sem piedade. Enquanto nas passagens mais calmas consegue deixar a revista com um visual artístico e independente se valendo da ajuda do colorista Jordie Bellaire nessas transições de paleta. Não é definitivamente uma arte de HQ de super-herói, mas também não chega a ser um visual aterrorizante como nos gibis de terror. O traço de Gane é um misto de cru e detalhado. Mostra o que precisamos ver ali naquele quadro e dá cadência e alma a um roteiro que poderia ser retratado como "frio" por outro ilustrador.

They're not like us foi lançada pela Image Comics em Dezembro de 2014 e não é uma desconstrução de gênero. Tampouco é uma sátira. A revista tem um tom diferente e uma abordagem bem direta e por vezes escrota ao conceito de jovens com poderes especiais. O autor e os artistas podem se orgulhar de revelar uma nova matiz para este tipo de história e mesmo com um elenco desprezível a princípio conseguir conquistar qualquer um que pegue as 3 primeiras edições para ler. Um título que vale a pena acompanhar daqui pra frente.
 



sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

HQ do Dia | Spider-Gwen #1

Vocês pediram e a Marvel atendeu. Estreia da HQ solo da mais nova Mulher-Aranha do Universo Marvel.

Gwendolyne Stacy (É. Esse é o nome dela) é mais um fenômeno de popularidade na Marvel em 2014. Idealizada por Dan Slott sua primeira aventura foi roteirizada em Edge of Spider-Verse #2 por Jason Latour e todo o design da personagem e do elenco da Terra-65 (onde se passam suas aventuras) foi definido pelo artista Robbi Rodriguez de maneira brilhante.

5 meses, 4 re-impressões (Isso mesmo. Edge of Spider-Verse #2 já está na sua quarta re-impressão pela Marvel) e um mega evento (Spider-verse) depois a editora é literalmente forçada pela demanda popular a criar um título solo para a personagem. E finalmente temos em mãos a primeira edição de Spider-Gwen.

Na edição de estreia somos relembrados dos eventos de Edge of Spider-Verse #2. A história se passa
após os acontecimentos da saga multiversal dos Aranhas e Gwen está de volta a Terra-65 do Multiverso Marvel tendo que organizar a bagunça que sua vida se tornou. Aqui vemos versões alternativas muito interessantes de personagens como o Capitão Stacy, Mary Jane Watson, Matt Murdock, J. Jonah Jameson, Benjamin Grim e até Frank Castle faz uma pequena e marcante aparição. A história coloca Gwen contra um dos inimigos tradicionais do Homem-Aranha e tem um clima de "universo alternativo" como é de se esperar. Então se você conhece um mínimo da mitologia do Homem-Aranha vai ficar boa parte do tempo fazendo comparações entre os eventos e personagens do universo 616 com estes aqui. Analisando a história em si a HQ não é ruim, mas também não tem nada de espetacular. A sina dos Homens e Mulheres-Aranha na Marvel é uma luta constante contra o crime enquanto tentam acertar suas conturbadas vidas pessoais e Spider-Gwen não foge muito disso. Gwen além de ter que enfrentar os criminosos de Nova York tem que se acertar com seu pai e gerenciar sua relação com sua banda "As Mary Janes". Os diálogos são legais e a revista não é cansativa de ler, mas não dá pra classificar como uma estreia que vá explodir a tua cabeça de tão original.

A arte de Robbi Rodriguez continua excepcional para este tipo de história. As páginas tem o dinamismo necessário sem parecer confusas. Os personagens tem um visual diferenciado e marcante. As expressões corporais da Mulher-Aranha são lindas e as cenas de ação (que são bem numerosas) são o destaque. Tomadas aéreas muito bonitas e a fotografia das lutas é bem impactante.

A estreia de Spider-Gwen em Edge of Spider-Verse #2 foi tão boa quanto sua primeira edição solo aqui apresentada. Temos um novo universo aracnídeo nascendo com um roteiro consistente, um elenco marcante, arte de alto nível e história movimentada. Resta saber se o público terá paciência e mostrará fidelidade a mais uma versão do Homem-Aranha no meio de tantas outras que infestam a Marvel atualmente.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Mulher-Gato | Autora confirma bissexualidade da personagem nos quadrinhos

Recentemente nas histórias da Mulher-Gato em seu título solo e nas páginas de Batman Eternal Selina Kyle evoluiu de meramente uma ladra de alto-nível e interesse romântico do Cavaleiro das Trevas para a verdadeira chefe do crime organizado em Gotham.

Na edição 39 de Catwoman lançada esta semana nos Estados Unidos a roteirista Genevieve Valentine confirmou a bissexualidade da personagem em uma cena de beijo entre Selina e Eiko, a mais recente encarnação da Mulher-Gato.


Eiko e Selina em Catwoman #39

Em seguida ao lançamento da edição 39 a autora usou seu blog pessoal para explicar a opção sexual da personagem e suas motivações. Segundo Valentine a intenção era estabelecer a bissexualidade de Selina como cânone.

Segundo Valentine:

"Ela flertou com isso -- frequentemente e literalmente - por anos, para mim isso não foi uma revelação e sim uma confirmação".

Apesar da nova opção da personagem ser considerada uma surpresa para os leitores segundo Genevieve "Com certeza não é uma surpresa para Selina que ela tem uma atração por mulheres".

Segundo a autora a relação da Mulher-Gato original com Batman ão será desconsiderada tendo em vista que "não é assim que a bissexualidade (o que a humanidade) funciona".






quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

HQ do Dia | Silk #1

Conheça Cindy Moon. Muito mais do que a nova namoradinha do Homem-Aranha.

Diretamente de um dos retcons mais grosseiros da história da Marvel surge a já celebrada heroína aracnídea que atende pelo nome Cindy Moon, mas usa o codinome Silk. Desde que surgiu no novo volume de Amazing Spider-Man, Silk chamou bastante atenção e adquiriu grande popularidade pela sua estranha relação com Peter Parker, seus poderes similares aos do Aranha e sua personalidade impulsiva e forte. Nada mais natural para a Marvel então do que lançar uma HQ solo da heroína para testar o apelo da personagem em relação ao público.

Silk é escrita por Robbie Thompson e foca muito no cotidiano de uma jovem que passou seus últimos 10 anos em um bunker sem contato nenhum com o mundo exterior. Cindy tem uma penca de assuntos mal resolvidos entre eles sua família desaparecida, seus poderes meio descontrolados e sua relação carnal com o Homem-Aranha. O autor define um tom bem claro nesta primeira edição dando a Silk um apelo fortíssimo ao público feminino. As cenas de ação estão ali burocraticamente pois o que carrega a trama são as relações interpessoais  da protagonista com o resto do elenco. Silk em tom é muito similar a títulos como a nova Batgirl de Brendan Fletcher e Cameron Stewart e com Ms. Marvel de G. Willow Wilson. Se você curte este estilo de roteiro menos denso, mais despojado e cômico e mais focado nos dilemas pessoais dos protagonistas do que em ameaças gigantescas é um boa leitura.

A arte de Stacey Lee em Silk #1 acompanha o tom meio indie do roteiro. Nada de poses sensuais ou splash pages épicas. Temos páginas com quadros minimalistas, foco nas expressões faciais (que por vezes flertam com o mangá) e uma atenção especial ao figurino de todo o elenco. O traço da artista lembra às vezes Chris Samnee em Demolidor pela simplicidade dos quadros e capricho nas expressões corporais e faciais. Destaque para os flashbacks mostrando a família de Cindy. Bastante sensibilidade da desenhista nestas passagens.

Silk #1 é uma estreia que vai acertar em cheio o coração dos novos leitores de quadrinhos que não querem nada muito complicado pra ler. Não é uma HQ explosiva e cheia de conflitos de vida ou morte e com um vilão cascudo logo de cara. Tampouco temos uma trama complexa e cheia de nuances logo de cara. Aqui começa a história de uma jovem tentando achar seu espaço em um mundo estranho, descobrindo seus próprios poderes e limitações e tentando fazer o certo meio aos trancos e barrancos. A protagonista tem uma personalidade capaz de carregar a primeira edição inteira sem tornar a leitura cansativa e já mostrou diversas vezes que consegue ofuscar ícones da Marvel como Homem-Aranha e Mulher-Aranha juntos. Então é só uma questão de tempo até Cindy Moon tornar-se mais um ícone entre os novos leitores de quadrinhos da Marvel. 

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

HQ do Dia | The Multiversity: Guidebook #1

Satisfação. Esta palavra define precisamente a leitura do sexto capítulo da viagem de Grant Morrison pelo Multiverso DC Comics. Guidebook, ao contrário do que possa se imaginar pelo título simples e direto não é somente um guia com os 52 universo mapeados do Multiverso DC. A revista com suas mais de 70 páginas é muito mais do que isso.

Primeiramente temos uma história envolvendo a Terra-51 na qual acompanhamos Kamandi, o peculiar BioOMAC e os Novos Deuses desvendando os mistérios de toda a criação do Universo DC desde suas origens através de alegorias metalinguísticas disfarçadas de histórias em quadrinhos (novamente é o caso da HQ dentro da HQ). A segunda história que corre paralelamente a primeira envolve o Batman da Terra-17 conhecido como o Cavaleiro Atômico e o pequeno Batman da série Lil' Gotham da Terra-42 enfrentando juntos um exército de robôs controlado pela maligna Liga dos Silvanas enquanto descobrem todas as Terras do Multiverso DC através novamente de uma revista em quadrinhos. No meio destas duas aventuras, Morrison presenteia os leitores com a sua visão própria da criação e das transformações da DC Comics através do tempo. Iniciando lá em Flash of two Worlds, passando pelas Crises e caminhando até a era atual dos Novos 52. Tudo escrito, apresentado e desenvolvido como se fosse uma história em quadrinhos e quase como um conto de fadas na verdade. Para leitores tradicionais da DC é um desbunde em forma de HQ. Além disso temos TODAS as Terras do Novo Multiverso mapeadas com pequenas sinopses e ilustradas pelos maiores talentos da indústria de quadrinhos atualmente. Só pra citar alguns deste talentos: Rafael Albuquerque, Gene Ha, Gary Frank, Cameron Stewart, David Finch, Darwyn Cooke, Bryan Hitch, Kelley Jones, Declan Shalvey, Emanuela Lupacchino entre muitos outros. No final ainda temos uma ótima conclusão interligando os eventos desta edição com o conceito apresentado na primeira edição de Multiversity e uma HQ que teoricamente demoraria uma hora em média pra ler passa na tua frente em 20 a 30 minutos e deixa com vontade de ler histórias sobre todo o Multiverso.

A arte em Guidebook é bem diversificada. As sequências na Terra-51 são brilhantemente desenhadas em estilo tradicional por Paulo Siqueira. Usando uma visão aérea o ilustrador pouco a pouco revela que a Terra-51 é observada das alturas pelos Novos Deuses. Enquanto isso a sequência mais energética da revista é desenhada por Marcus To que tem a árdua tarefa de misturar os protagonistas "fofinhos" de Lil' Gotham com os personagens amargurados da pós apocalíptica Terra-17. To faz um trabalho excelente misturando uma Legião de Silvanas nessa sequência que seria extremamente complicada para qualquer outro ilustrador.

Guidebook é desconjuntada, é confusa, é enorme, é diversificada, mas acima de tudo é magnífica e EXTREMAMENTE divertida. A revista é um presente para qualquer fã da DC Comics. Além de incluir duas histórias loucas totalmente interligadas e muito bem ilustradas ainda nos dá um panorama geral da rica história editorial do Multiverso e um guia com todas as Terras da DC Comics. Não tem como ficar melhor do que isso.

HQ do Dia | Lanterna Verde / Novos Deuses - Godhead - A saga completa

Os Lanternas e os Novos Deuses na maior saga cósmica da DC Comics em 2014

Passando meio que despercebido do grande público no ano passado o encontro entre As Tropas de Lanternas do Universo DC pós-Novos 52 com as novas encarnações dos Novos Deuses foi sim um grande evento não só nos títulos da linha do Lanterna Verde, mas em toda a editora.

A saga que apresentou pela primeira vez ao público atual da DC Comics as versões "Novos 52" do icônico panteão de Nova Gênese envolveu por 3 meses os títulos Green Lantern, Green Lantern Corps, Green Lantern: New Guardians, Red Lanterns, Sinestro além da One-Shot New Gods: Godhead #1 e tie-ins com 3 edições de Infinity Man and the Forever People

Na história o Grande Pai dos Novos Deuses busca a Equação da vida com o intuito de repelir um iminente novo ataque de Darkseid e finalmente por um fim a sua guerra eterna contra Apokolips. Acreditando que a equação se encontra além da Muralha Fonte (apresentada como o limite dos Universos DC em edições prévias de Lanterna Verde) o Grande Pai por intermédio do panteão dos Novos Deuses se apropria (forçadamente) de anéis de todas as matizes do espectro emocional para atingir este objetivo. Isso coloca todas as Tropas de Lanternas em conflito com os Novos Deuses.

A saga é arquitetada pelo escritor atual de Lanterna Verde, Robert Venditti e tem colaborações dos roteiristas dos outros respectivos títulos da linha como Van Jensen, Justin Jordan, Charles Soule e Cullen Bunn. O roteiro é uma ópera cósmica como realmente não havia se visto nos títulos dos Lanternas pós-Novos 52. Isso logicamente vem com seus prós e contras. O principal mérito de Godhead é envolver todas as Tropas em uma divertida aventura cósmica com um escopo imenso, colocá-los frente a frente com adversários que eles não tem condições de encarar e tornar os títulos dos Lanternas vitrine para a aguardada Guerra de Darkseid - saga que vem para mudar todo o Universo DC em 2015. Godhead não é uma saga focada em Hal Jordan. Todos os Lanternas (e alguns vilões) tem participação importantíssima no conflito e muitas pontas soltas deixadas em relação a Kyle Rayner, Saint Walker e Thaal Sinestro são amarradas pelos autores durante a saga. Para leitores e fãs que já vem acompanhando as aventuras das Tropas desde o início dos Novos 52 Godhead é uma leitura extremamente gratificante, divertida e bem amarrada. Por outro lado Godhead talvez possa ser considerada uma das sagas mais difíceis para novos leitores desde o início do Novos 52. A quantidade de personagens, o volume de informações prévias cruciais para sua compreensão total e o número de títulos envolvidos na saga pode ser sufocante para um leitor que cair de para-quedas no meio do arco. A equipe de roteiristas assume 100% que o cara que está lendo está totalmente envolvido no contexto atual dos títulos e tem algum conhecimento sobre os Novos Deuses e você que é novo leitor que se vire pra entender o que está acontecendo. Pra quem tem disposição pra encarar esse desafio é uma leitura bacana, mas talvez nem todos os novos leitores tenham essa paciência.

Sobre a arte temos intervenções regulares a boas em quase todos os títulos. O destaque vai para a arte de Brad Walker, Diogenes Neves e Rodney Buchemi em Green Lantern: New Guardians. Billy Tan faz um trabalho consistente com um grande elenco de personagens em Green Lantern, mas definitivamente as melhores artes da saga estão na One Shot inicial Green Lantern / New Gods: Godhead e na edição anual de número 3 de Green Lantern que finaliza o arco com uma batalha gigantesca em Nova Gênese envolvendo praticamente todos os Novos Deuses além de todo o elenco dos títulos atuais dos Lanternas. Um festival cósmico visual pra fã nenhum botar defeito.

Godhead definitivamente não teve a atenção e o crédito que mereceu em 2014. Para os fãs tradicionais que reclamam da ausência de grandes histórias de outrora esta é uma leitura muito satisfatória e atende a todos os critérios de uma saga épica em quadrinhos. Temos uma premissa extremamente válida, um conflito com proporções enormes para o UDC, um elenco com personalidades diferentes e conflitantes e arte que segura o tranco na maioria das edições. Para os novatos fãs infelizmente Godhead exige um pouco de conhecimento prévio (pelo menos da linha dos Lanternas nos Novos 52). A leitura é trabalhosa devido a quantidade de informação prévia, mas vale a pena pra quem tem este conhecimento prévio ou tem paciência de correr atrás do background deste elenco. Godhead deixa um gostinho de "quero mais" principalmente por ser um puta teaser da Guerra de Darkseid  que se aproxima e é até o momento o melhor momento do autor Robert Venditti a frente do título principal do Lanterna Verde. 




domingo, 22 de fevereiro de 2015

Divergence | O futuro da DC Comics de maneira descomplicada

No início do mês a DC Comics fez um anúncio oficial sobre seus planos editoriais para 2015 que envolvem cancelamentos de títulos, rodízio de equipes criativas, novas revistas, novos personagens e um direcionamento diferente para alguns de seus grandes ícones.

Imediatamente e sem muito critério ou avaliação surgiu uma avalanche de notícias provenientes de fontes duvidosas usando o temido termo "Reboot". Isso causou pânico, raiva e muitas dúvidas nos leitores, fãs ocasionais e na comunidade nerd em geral.

Após ler cuidadosamente os pronunciamentos oficiais da editora e estudar com calma a nova linha de títulos DC Comics resolvemos fazer este artigo para tentar sanar as dúvidas mais frequentes com os FATOS que até agora foram apresentados pela editora oficialmente. O conteúdo abaixo não contém especulações portanto muitas perguntas ainda ficarão sem respostas até que finalmente chegue o meio do ano e esta nova linha editorial seja lançada.

  

O que diabos é DIVERGENCE?

Até o presente momento a única informação oficial que cita o termo DIVERGENCE é o título da revista DC Comics: Divergence que será distribuída no Free Comic Book Day (FCBD) em Maio de 2015.
Capa de DC Comics: Divergence que será lançada no FCBD 2015.
A capa de "DC Comics: Divergence"

Segundo anúncio oficial da editora a revista será um preview das próximas edições das revistas Batman de Scott Snyder e Greg Capullo - mostrando o novo status-quo no universo do Cavaleiro das Trevas pós-Endgame; Justice League de Geoff Johns e Jason Fabok - mostrando uma prévia da aguardada saga Guerra de Darkseid e por fim uma prévia de Superman com o novo roteirista Gene Luen Yang e o artista regular John Romita Jr.

Portanto podemos concluir que Divergence é somente o termo usado para um preview dos próximos lançamentos da editora no segundo semestre de 2015, o que é bem comum em se tratando da indústria de quadrinhos.


Mas Divergence não é o fim dos "Novos 52"?

Para entendermos o que seria o polêmico "Fim" dos "Novos 52" primeiramente precisamos entender o que significa o termo "Novos 52".

Novos 52 é o termo utilizado pela DC Comics para classificar a sua fase editorial pós-Flashpoint. Muito mais do que uma referência a um mero número de publicações esta nomenclatura define o UDC que vale atualmente. Portanto se você está lendo as aventuras do Superman sem as cuecas e com armadura, do Flash como Barry Allen e um Wally West Afro-Americano, do Ciborgue na Liga da Justiça e a Mulher Maravilha como Deusa da Guerra você está lendo a cronologia atual da DC Comics. Durante os quase 4 anos de "Novos 52" a quantidade de títulos publicados pela editora variou e nem todo mês tivemos exatamente 52 revistas sendo publicadas.

 A nova "Justice League of America" de Bryan Hitch

Portanto podemos concluir que o temido "Fim" dos "Novos 52" só pode ser determinado de fato se a editora anunciar que haverá uma redefinição de toda a sua cronologia e de seus personagens a partir do zero como já ocorreu no passado. Não houve nenhum anúncio desta natureza até o presente momento. Portanto o termo "Reboot" fica fora de cogitação por enquanto.

Mas e os cancelamentos e novas revistas que serão lançadas este ano?

Vamos por partes. Muito antes de se falar em Divergence a DC Comics já planejava finalizar vários de seus títulos, seja por seus respectivos arcos estarem chegando ao fim ou por decisões editoriais baseadas em vendas, estratégia de marketing etc.

Estes cancelamentos foram anunciados através dos anúncios de solicitações de varejistas de quadrinhos para Março de 2015 e não estão relacionados com "Reboot" ou algo deste tipo. É válido lembrar que Março é o mês que precede a super saga multiversal da DC deste ano denominada Convergence, mas não vamos nos adiantar.

 A Guerra de Darkseid se aproxima

Conforme reportado anteriormente aqui no Proibido Ler, segue a lista dos cancelamentos de títulos DC Comics:

- Primeiramente temos as três revistas semanais da editora Batman Eternal, New 52: Futures End e Earth-2: World's End que finalizam seus arcos em Março de 2015 e serão descontinuadas.

- Em seguida temos a lista de cancelamentos composta por:

  • AQUAMAN AND THE OTHERS

  • KLARION

  • SECRET ORIGINS

  • STAR-SPANGLED WAR STORIES FEATURING G.I. ZOMBIE

  • TRINITY OF SIN

  • WORLDS’ FINEST

  • ARKHAM MANOR

  • BATWOMAN

  • GREEN LANTERN CORPS

  • GREEN LANTERN: NEW GUARDIANS

  • RED LANTERNS

  • SWAMP THING

  • INFINITY MAN AND THE FOREVER PEOPLE


 Outra revista que chega a seu fim é:

  • INJUSTICE: GODS AMONG US YEAR THREE


Nos meses de Abril e Maio a DC Comics entra no evento Convergence e além da saga principal temos 40 títulos com histórias em duas partes mostrando várias Terras diferentes no Multiverso da editora.

A partir de Junho de 2015 a configuração da linha editorial da DC Comics muda bastante. Primeiramente temos a estreia de 24 novos títulos com o número 1 na capa:

Robin, Son of Batman Escrita e ilustrada por Pat Gleason
Black Canary Escrita por Brenden Fletcher e desenhada por Annie Wu
Martian Manhunter Escrita por Rob Williams com os desenhistas Ben Oliver e Paulo Siqueira
Earth 2: Society pelo escritor Daniel H. Wilson e o artista Jorge Jimenez
Midnighter Escrita por Steve Orlando e desenhada por ACO
Bat-Mite pelo autor Dan Jurgens com desenhos de Corin Howell 
Batman Beyond também por Dan Jurgens com Bernard Chang nos desenhos
Cyborg pelo escritor David L. Walker e os artistas Ivan Reis e Joe Prado
Dark Universe por James Tynion IV desenhada por Ming Doyle
Doomed escrita por Scott Lobdell e desenhada por Javier Fernandez
Harley Quinn/Power Girl pela equipe de roteiristas Jimmy Palmiotti, Amanda Conner e Justin Gray com desenhos de Stephane Roux
Red Hood/Arsenal por Scott Lobdell e Denis Medri
Starfire escrita por Jimmy Palmiotti e Amanda Conner e desenhada pela artista Emanuela Lupacchino
We Are Robin escrita por Lee Bermejo e desenhada por Rob Haynes e Khary Randolph
Justice League of America escrita e desenhada pelo astro Brian Hitch
Bizzaro escrita por Heath Corson desenhada por Gustavo Duarte
Prez escrita por Mark Russell com arte de Ben Caldwell
Omega Men escrita por Tom King e desenhada por Barnaby Bagenda
Mystic U (título provisório) por Alisa Kwitney e Mauricet
Section Eight pela aclamada dupla Garth Ennis e John McCrea
Dr. Fate escrita por Paul Levitz e desenhada por Sonny Liew
Green Lantern: Lost Army por Cullen Bunn, desenhada por Jesus Saiz e Javi Pina.
Justice League 3001 escrita por Keith Giffen e J.M. DeMatteis e desenhada por Howard Porter
Constantine: The Hellblazer por Ming Doyle e Riley Rossmo

 Capa de "We are Robin"

Analisando cuidadosamente estes novos títulos podemos notar que muitos deles são derivados de títulos pré-existentes. Como fica claro em Justice League 3001 (que inclusive tem a mesma equipe criativa de Justice League 3000), Earth-2: Society (derivada de Earth-2), Constantine: The Hellblazer (Que só ganhou um subtítulo) além de Green Lantern: Lost Army (que vem substituir a enorme quantidade de títulos atuais das Tropas dos Lanternas). 

A prova cabal que desmente todos os boatos de "Reboot" na DC Comics é a manutenção de 25 títulos recorrentes com a numeração atual e com suas equipes criativas praticamente intactas.

Os títulos que continuam sendo publicados no UDC são os seguintes:

Action Comics por Greg Pak e Aaron Kuder
Aquaman por Cullen Bunn e Trevor McCarthy
Batgirl por Cameron Stewart, Brenden Fletcher e Babs Tarr
Batman pela dupla Scott Snyder e Greg Capullo
Detective Comics por Brian Buccelato e Francis Manapul
Batman/Superman por Greg Pak e Ardian Syaf
Catwoman por Genevieve Valentine e David Messina
Deathstroke escrita e desenhada por Tony Daniel
Flash por Rob Venditti, Van Jensen e Brett Booth
Gotham Academy por Becky Cloonan, Brenden Fletcher e Karl Kerschl
Gotham By Midnight por Ray Fawkes e Juan Ferreyra
Grayson por Tim King, Tim Seeley e Mikel Janin
Green Arrow por Ben Percy e Richard Zircher
Green Lantern por Robert Venditti e Billy Tan
Harley Quinn por Amanda Conner, Jimmy Palmiotti e Chad Hardin
Justice League por Geoff Johns e Jason Fabok
Justice League United, roteirista a ser anunciado, Travel Foreman e Paul Pelletier.
Lobo por Cullen Bunn e Cliff Richards
Secret Six por Gail Simone e Dale Eaglesham
Sinestro por Cullen Bunn e Brad Walker
New Suicide Squad por Sean Ryan e Carlos D’Anda
Superman por Gene Luen Yang e John Romita Jr.
Superman/Wonder Woman por Peter Tomasi e Doug Mahnke
Teen Titans por Will Pfeifer e Kenneth Rocafort
Wonder Woman por Meredith Finch e David Finch

 O novo título "Starfire" protagonizado por Estelar

Mulher Maravilha, Flash, Batman, Lanterna Verde, Liga da Justiça, Esquadrão Suicida, Exterminador entre outros continuam com exatamente a mesma equipe criativa de antes. Segundo a editora TODOS os títulos acima continuam com a numeração corrente e com as mesmas premissas anteriores. Portanto fica impossível usar o termo "Reboot" nessas condições.

Sobre os novos títulos com o número 1 na capa o pronunciamento oficial do Co-Publisher e responsável pelas publicações da editora, Dan Didio é de que "Nesta nova era narrativa, a história precederá a continuidade enquanto continuaremos a dar poder aos criadores para contar as melhores histórias da indústria".

"Estamos enxergando uma audiência mais diversificada . Estamos vendo um público mais jovem. Estamos vendo pessoas realmente empolgadas com quadrinhos. Então o que estamos tentando fazer é abraçar toda a nossa audiência e criar um produto que acreditamos se comunicar com todo mundo". - Didio completa.

 Imagem promocional da nova HQ da Canário Negro

 O outro Co-Publisher da editora Jim Lee também se pronunciou em relação aos novos rumos da editora: "Mais do que antes, o fãs da DC Comics estão sendo expostos ao nosso rico portfólio de personagens através de múltiplas fontes, incluindo uma quantidade sem precedentes de programas de TV, videogames e filmes vindouros. Estamos tentando estender esta experiência nas publicações para garantir que haja uma revista em quadrinhos para todo mundo. Por exemplo fãs do seriado ARROW podem querer mais histórias sobre CANÁRIO NEGRO. Agora eles podem encontrar encarnações modernas dos personagens nas páginas de suas revistas solo nas lojas de quadrinhos ou digitalmente".

Importante destacar que estes pronunciamentos se referem aos novos títulos DC Comics que chegam às bancas em Junho não se aplicando aos títulos recorrentes da editora.


O que Divergence tem a ver com Convergence?

Nada.

Divergence conforme foi explicado no início do artigo é somente o título da prévia dos novos títulos DC Comics que será divulgada em Maio no FCBD 2015.  

Convergence é a super saga que reúne todo o Multiverso DC Comics este ano e será publicada nos meses de Abril e Maio. Durante Convergence todos os títulos atuais da editora terão uma pausa e serão contadas histórias em duas partes relacionadas ao evento. 

Após Convergence, em Junho de 2015 a chamada reformulação da linha editorial da empresa se inicia e a DC Comics deixa de operar na Costa Leste dos Estados Unidos e se muda para a Califórnia.

Afinal o que vai acontecer com o Universo DC este ano?

Esta é realmente a questão central a ser respondida. Pelas evidências apresentadas acima podemos concluir que o rumo editorial da DC Comics em Junho não aponta para o tenebroso "Reboot". 
O que o futuro reserva para a editora são duas linhas distintas de publicações: 

Uma delas mantendo um núcleo de personagens cronologia e histórias que já vem sendo apresentadas desde o início dos Novos 52 sem alterações aparentes e mantendo a continuidade praticaemente intacta, apesar de ter sofrido vários cancelamentos. A outra linha de publicações é muito mais agressiva comercialmente e totalmente direcionada para o público menos hardcore de quadrinhos. Esta nova linha editorial não tem uma preocupação tão forte com cronologia e é destinada a capturar a audiência dos filmes, games e seriados da empresa.

 O design do novo título de Bizarro

Portanto este é o perfil da editora para o ano de 2015. Duas DC Comics: Uma para os fãs mais hardcore e outra para os novos leitores que são um mercado importante a ser capturado.

Logicamente ainda restam muitas dúvidas sobre esta nova linha de publicações. A própria editora anunciou que outros títulos ainda serão anunciados no decorrer deste ano. O que podemos afirmar com certeza é que a DC Comics novamente toma uma decisão radical com o intuito de abocanhar um pouco mais do disputado mercado de quadrinhos e tanto novos quanto antigos leitores terão que se adaptar a esta nova realidade.


  



 

 






















sábado, 21 de fevereiro de 2015

Guerras Secretas | Convenção de Motoqueiros Fantasmas na Arena do Mundo de Batalha

Liguem os motores! 

Robbie Reyes pode não causar o estardalhaço de uma Ms. Marvel ou de uma Spider-Gwen, mas definitivamente é um dos personagens mais interessantes da Nova Marvel. Pra quem não conhece o jovem latino dos guetos de Los Angeles é a mais recente encarnação do Espírito da Vingança e, apesar de seu título não ser um sucesso absoluto de vendas a crítica especializada recebeu muito bem a nova versão do Cabeça-de-Fósforo escrita pelo roteirista Felipe Smith.

Com o advento da super saga da Marvel, Guerras Secretas e a explosão do Multiverso da editora em vários campos de batalha o título atual All-New Ghost Rider subitamente se torna Ghost Racers. No preview abaixo divulgado pela editora podemos ver Robbie em seu carro (É! Pra quem não sabe moto é coisa de Johnny Blaze) em uma verdadeira Fantasma-Con reunindo velhos conhecidos, favoritos dos fãs e novas caras em páginas cheias de ação e velocidade.








"Esta é a revista que todos os fãs do Motoqueiro Fantasma vão curtir." afirma o editor senior Mark Paniccia. "Não iremos perder o coração e a alma do conceito - o drama de manter seus demônios contidos - especialmente com Robbie Reyes, mas por Deus! Estamos caprichando no design de veículos, velocidade e todo o fogo do inferno da coisa. É visualmente uma dinamite."

A premissa de Ghost Racers põe Corredores Fantasmas de várias realidades e épocas distintas em uma corrida mortal onde o prêmio é a liberdade do local no Mundo de Batalha chamado "A arena". Segundo Paniccia estão confirmadas as presenças de Danny Ketch, Johnny e Alejandra Blaze além de muitas outras surpresas.

Ghost Racers chega às bancas americanas em Maio juntamente com a aguardada Guerras Secretas.



sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

HQ do Dia | Homem-Aranha - Spider-Verse - A Saga completa

Aranhas de todo o Multiverso Marvel em uma batalha pela salvação de sua espécie.

Spider-Verse foi o "super evento" nos títulos do Homem-Aranha que começou no final do ano de 2014 e terminou em Fevereiro de 2015. Na trama o escritor Dan Slott criou uma ameaça à existência de todos os Homens e Mulheres-Aranha na figura da maligna família de caçadores multiversais chamada de "Herdeiros". Os tais Herdeiros se alimentam da força vital dos Aranhas do Multiverso Marvel e tem como objetivo dizimar a espécie aracnídea do todos os universos conhecidos. Com isso um grupo de Homems, Mulheres e outras espécies de Aranhas se juntam sob a liderança de Peter Parker do universo 616 e do Homem-Aranha Superior, Otto Octavius para combater esta nova ameaça. Resumidamente esta é a premissa proposta pelo autor.



Lendo a sinopse acima e tendo em vista a atual reputação do roteirista responsável pela saga, o leitor provavelmente não vai se importar muito com este evento. O fato é que apesar da enorme quantidade de personagens envolvidos, a infinidade de tie-ins, prelúdios, histórias paralelas e revistas lançadas somente em virtude desta saga (Edge of Spider-Verse, Spider-Verse, Spider-Verse Team-Up, Spider-Woman e Scarlet Spiders) no fundo Spider-Verse é uma celebração do autor às várias encarnações e fases do personagem. Sabiamente, colocando um elenco tão numeroso e variado frente a frente em situações surreais o roteirista acaba valorizando o papel do Aranha principal do universo 616, Peter Parker. O herói, que passou por um período de desgaste na década passada e atualmente vem se renovando aos poucos é exaltado em todos os momentos. Além disso, para os fãs é extremamente divertido ver essa quantidade e variedade de Homens-Aranha saltando pelo Multiverso e combatendo uma família de sanguessugas interdimensionais. Slott não se leva a sério em nenhum momento da saga no título principal do Cabeça-de-Teia e sinceramente a revista carecia de um tom mais ameno desde o final da era "Superior". Os diálogos e a interação entre os Aranhas são o destaque e o aspecto mais divertido da saga, remontando aos clássicos Team-Ups da Marvel nas décadas de 1970 / 80 nos quais o tom lúdico imperava, apesar das situações serem de extremo risco para os personagens. Nem todos os Aranhas tem seu momento sob os holofotes (mesmo porque eles são muitos), mas podemos sim ver momentos divertidíssimos protagonizados pelas versões alternativas do personagem em praticamente todas as edições.

A arte no título "carro chefe" da saga que é a revista Amazing Spider-Man, fica a cargo do consagrado Olivier Coipel com auxílio do desenhista regular do Aranha, Giuseppe Camuncoli. E é um prazer ver Coipel desenhando este elenco. Mesmo em situações extremamente confusas, nas quais um bando de caras vestidos de Homem-Aranha saltam através de portais dimensionais, montados em cavalos, buggys ou voando os desenhistas conseguem tirar da cartola soluções gráficas práticas para ilustrar o louco roteiro de Dan Slott. Durante toda a saga a arte é bastante regular e não atrapalha nem um pouco a leitura e nos tie-ins temos um festival de artistas novos e consagradas mostrando as mais diversas versões do Aracnídeo em ação. Em termos gráficos Spider-Verse tinha tudo para ser um desastre devido a quantidade de personagens e as mudanças abruptas de cenários, no entanto a equipe de artistas consegue atender às expectativas e temos uma saga no geral muito bem ilustrada.

Spider-Verse é uma saga bastante divertida por não se levar a sério, ter personagens cativantes interagindo o tempo todo e por ter um roteiro louco, mas fácil de entender. Para os fãs do Aranha clássico e suas histórias mais urbanas e "pé no chão" talvez não seja uma leitura tão bacana, mas para quem cresceu lendo os Team Ups com tom mais "moleque" da Marvel nas décadas de 1970 / 80 Spider-Verse tem tudo para agradar. A saga é praticamente um desenho de sábado de manhã da Marvel: Descomplicada, louca e confortável demais. No entanto, se você procura uma história épico-trágica do Homem-Aranha com "filosofagens", dramas existenciais sobre "poder e responsabilidade" e chororô por todos os quadros, fuja! Isso aqui está milhas de distância desse tipo de história mais "cabeça". E não tem nada de errado nisso.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Esquadrão Suicida | Equipe é totalmente reformulada nos quadrinhos e vai encarar o "Estado Islâmico"

O segundo volume de Suicide Squad foi lançado em Julho do ano passado pela DC Comics sob o comando do escritor Sean Ryan com uma equipe formada por Arlequina, Exterminador, Filha do Coringa, Arraia Negra e Pistoleiro. Sete meses depois do relançamento o título ainda se esforça muito para arrendar algum público e melhorar suas vendas.

Na semana passada a DC Comics revelou que o elenco do novo Esquadrão Suicida nos quadrinhos sofrerá grandes alterações no futuro próximo. Na imagem abaixo podemos ver uma mudança completa do cast da revista.


O elenco composto por Parasita, Mão Negra, Hera Venenosa, Flash Reverso, Cheetah e Talon faz sua estreia oficial na edição número 9, logo após Convergence, evento que toma de assalto toda a linha de publicações DC Comics em Abril e Maio deste ano. 
O título continua sob o comando do autor Sean Ryan e segundo a sinopse o roteirista promete colocar o grupo de vilões contra a organização jihadista Estado Islâmico.

HQ do Dia | Superman #38

Superman vs Ulisses - A batalha final! E ainda: O polêmico novo poder do Homem de Aço.

Superman #38 encerra o primeiro arco da nova equipe criativa no título principal do Homem de Aço chamado Homens do amanhã. Com uma promessa de salvação gratuita, Ulisses leva milhares de humanos para a aparentemente paradisíaca quarta dimensão, mas Lois Lane e Superman sabem que "nesse angú tem caroço" e isso coloca o Azulão em rota de colisão contra um oponente que não é maligno por natureza, mas que pode facilmente obliterá-lo. O confronto com Ulisses é épico como deve ser e as motivações dos personagens são claras e incontestáveis nesse arco. Mérito do autor Geoff Johns que conseguiu construir uma história relativamente simples, mas muito interessante envolvendo um novo antagonista e uma ideia meio batida sobre o papel do Superman na sociedade.

Sobre o novo e polêmico poder do Azulão pode-se dizer que o herói é sim forçado a uma condição extrema e acaba desenvolvendo inesperadamente a tal "explosão solar" na qual todas as células de seu corpo emanam a energia solar armazenada ao mesmo tempo, em uma devastadora onda de choque capaz de um estrago imenso. É como se todo o corpo do Superman disparasse a sua famosa "rajada óptica" ao mesmo tempo em intensidade máxima. Isso tem graves consequências para o Homem de aço e cria uma dinâmica nova e muito interessante que será explorada nas edições posteriores. Para os leitores mais conservadores o novo poder pode ser sim considerado ofensivo, no entanto a explicação dada pelo Batman (sempre ele) é válida se encararmos o Superman como um alienígena que basicamente é uma bateria solar e se alimenta dessa energia o tempo todo.

A arte de John Romita Jr. com Klaus Janson nessa nova fase do Homem de Aço é impactante e característica. Isso não quer dizer que todo mundo vá gostar das ilustrações. Se você conhece o trabalho da dupla já sabe o que esperar. Traços quadrados e grosseiros, cenas de batalha com splash pages gigantes, rostos meio parecidos entre si. A batalha entre Ulisses e o Superman se dá no meio de uma chuva torrencial, então se você já acha o traço de Romita rabiscado vai ver o triplo de linhas verticais por quadro nesta edição. Para os fãs da dupla de artistas esta é mais uma edição impactante na qual Superman é retratado visualmente com o "Pica das galáxias" que realmente é na DC Comics. No entanto, é uma arte que logicamente pode não agradar a todos os gostos.

Superman #38 conclui um arco com uma premissa extremamente simples, mas muito bem desenvolvida e cheia de nuances que questionam e reafirmam o papel do Homem de Aço no planeta Terra. Geoff Johns consegue entreter sem complicar e nem inventar a roda ao mesmo tempo em que pega um personagem com mais de 75 anos de existência e o torna um cara interessante. O final é um pouco surpreendente e muda bastante a dinâmica da revista daqui para frente. A arte é o melhor que se pode esperar da equipe de ilustradores, mas devido ao estilo de desenhos pode não agradar todos os fãs do personagem. No geral, desde que a nova equipe assumiu o título principal do Homem de aço temos uma sutil reformulação no personagem e histórias que agradam bastante os fãs do personagem.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

HQ do Dia | Darth Vader #1

A Marvel nos leva para o lado negro da força na estreia da HQ de Darth Vader.

Anakin Skywalker talvez seja o vilão de ficção mais icônico da história da cultura pop. A figura de Darth Vader representa o vilão trágico quintessencial e é conhecido em qualquer canto do Planeta Terra. Naturalmente com a aquisição dos direitos da franquia Star Wars pela Disney / Marvel a empresa se aproveitaria da popularidade do personagem em algum título de quadrinhos. Aqui temos a estreia da série mensal protagonizada por pelo Lord Sith, Vader.

Assim como na HQ Star Wars (De Jason Aaron e John Cassaday) a equipe criativa de Darth Vader, composta por Kieron Gillen e Salvador Larroca nos transporta diretamente para o frutífero período situado entre o Episódio IV - Uma nova esperança e o antológico Episódio V - O império contra-ataca.  O diferencial é que em Vader vemos os eventos que precedem o Episódio V sob a ótica do maligno Império Galáctico. Aqui acompanhamos um Anakin Skywalker recém derrotado pela Aliança Rebelde tendo que se justificar ao indigesto Imperador Darth Sidious e orquestrando seus planos contra seus inimigos. O argumento de Gillen é sóbrio e sem suas habituais "invenções" e quebras de formatos. Diálogos simples e uma história de fácil compreensão, mas que não empolga tanto quanto o outro título da franquia. Temos uma primeira edição que faz uma breve introdução do personagem ao público e apresenta uma galeria de personagens icônicos. Darth Vader se relaciona diretamente com os eventos da HQ Star Wars de Jason Aaron, e acompanhamos aqui o desenvolvimento de um pequeno universo de histórias nascendo, mas nada além disso.

Se por um lado a história não tem nada demais, a arte de Larroca no título é simplesmente sensacional EM TODAS AS PÁGINAS. Desde os diálogos de Vader com o Imperador passando pelos flashbacks que relembram eventos do Episódio IV até as cenas em Tatooine. Tudo é muito bem feito e bem pensado visualmente. As caracterizações de conhecidos protagonistas e até dos obscuros e icônicos coadjuvantes são perfeitas. Larroca consegue superar o brilhante trabalho de Cassaday nesta edição de estreia e Vader poucas vezes foi tão bem caracterizado em uma história em quadrinhos.

Darth Vader #1 não é uma estreia espetacular e empolgante. O roteirista claramente trabalha sob "cabresto" editorial e nos apresenta uma primeira edição sem nenhuma surpresa, mas também sem deslizes. O destaque vai para o trabalho gráfico que é sim embasbacante de tão bem feito. Vader é um espetáculo visual com um traço classudo e imponente. Uma boa leitura para os fãs da franquia, mas longe de ser um título indispensável.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

HQ do Dia | Spawn #250

Edição comemorativa! O retorno de Al Simmons - O Spawn original.

Conforme anunciado pelo próprio criador de Spawn, Todd McFarlane a única certeza sobre esta edição 250 de Spawn é que Al Simmons está de volta. Nesta edição comemorativa com tamanho triplo (70 páginas) temos o clímax do arco atual e o início de uma nova fase na publicação do soldado do inferno.
O principal problema é que o argumento de Todd McFarlane para esta edição não é nem um pouco convidativo para novos leitores e nem para antigos fãs. Portanto se você nunca leu Spawn ou mesmo se leu as primeiras edições e em algum momento largou a publicação Spawn #250 não terá piedade da tua ignorância. Apesar da história não ser ruim, o fato desta edição ser a conclusão uma história em andamento já contribui para alienar parte de uma audiência mal acostumada com tantos títulos com #1 na capa. A história segue os moldes dos quadrinhos antigos da década de 1980 nos quais o leitor pegava o "bonde andando" mesmo e tentava entender o contexto sem página de recapitulação ou alguma apresentação dos personagens (existe sim uma recapitulação, mas ela fica estranhamente no final da edição). O que vemos nesta edição são os eventos de Spawn 243 a 249 culminando em um showdown entre os principais protagonistas e um final com ares de recomeço. Na história o atual Spawn, Jim Downing se vê no meio de uma Nova Iorque infestada por pragas das mais diversas enquanto luta contra seu simbiótico e demoníaco uniforme por sua vida. Se você não conhece Jim Downing ficará confuso com algumas coisas a seu respeito sim, mas essas pequenas dúvidas não impactam tanto a leitura. McFarlane escreve praticamente da mesma forma como você se lembra na década de 1990 - voice boxes narrativos em terceira pessoa descrevendo as motivações dos personagens como em um romance e a todo o momento temos o protagonista sofrendo e o tom dramático e urgente impera durante toda esta edição. A dupla de detetives Sam e Twitch continua praticamente a mesma também, sempre um passo atrás dos acontecimentos da revista servindo somente para contextualizar a leitura e dar uma visão mais humana dos acontecimentos na trama. 
A arte nesta edição é um excelente trabalho de Szymon Kudranski. O traço do artista regular de Spawn é foto-realista na medida certa, deixando a revista com um tom menos caricato do que outrora, mas sem puxar muito para o realismo. Um equilíbrio bem delicado em uma publicação com protagonistas sobrenaturais com é o caso de Spawn. Felizmente a HQ tem um visual incrível e cativante, principalmente para quem não estava acompanhando o trabalho do ilustrador neste título.
A realidade sobre Spawn #250 é que a revista é muito mais uma conclusão de arco do que um recomeço para o título. Temos sim o esperado retorno de Simmons no final da edição, mas em grande parte o autor gasta páginas tentando deixar mais grave a situação em Nova Iorque e finalizando a passagem de Jim Downing na publicação. Algumas pontas soltas permanecem e isso é até um ponto positivo para o futuro da revista, mas o fato é que não dá pra ler Spawn #250 como uma edição número 1 pois ela não é. A arte por sua vez é caprichadíssima e totalmente de acordo com o tom do roteiro de McFarlane. Por muitas vezes vemos o Spawn sob a ótica de outros personagens, o que dá um novo ar ao personagem, o tornando mais estranho e misterioso do que suas encarnações prévias. As cenas de batalha são magníficas e o final, apesar de meio abrupto é sim empolgante pra quem curte Al Simmons. O saldo é o seguinte: Spawn #250 não é ruim, mas também não é fácil de ler. Temos muita coisa confusa para novos leitores assim como leitores que pararam de acompanhar o título na década passada. Apesar disso a história é boa e suas 70 páginas passam voando. Mesmo não sendo uma edição brilhante (mesmo porque McFarlane nunca foi um exímio roteirista) a proposta deixada pelo autor na publicação é garantia de histórias no mínimo interessantes no futuro próximo.

HQ do Dia | O Despertar

Ficção, Horror e Suspense na nova HQ da Vertigo.

Apesar de ter uma carreira relativamente extensa como roteirista de quadrinhos, o Americano Scott Snyder ficou mundialmente conhecido por seu trabalho principalmente após sua colaboração com o Brasileiro Rafael Albuquerque na série Vampiro Americano além da aclamada fase atual no título principal do Batman com o veterano desenhista Greg Capullo. Ao longo dos anos Snyder vem mostrando consistência e versatilidade nas histórias nas quais trabalha, transitando sem dificuldade entre gêneros que vão desde super-heróis até contos de horror, ficção, mistério e crime.

O Despertar é uma série autoral de Snyder em dez partes lançada em 2013 pelo selo Vertigo da DC Comics que chega agora em Fevereiro ao Brasil em dois volumes pela Panini. O primeiro volume contém as cinco primeiras edições e o segundo as edições restantes. O Despertar literalmente se divide em duas partes distintas - Sendo a primeira (que vai da edição 1 a 5 e é publicada no primeiro volume nacional) um thriller de confinamento bastante tenso e intrigante protagonizado pela bióloga marinha Lee Archer que é recrutada pelo departamento de segurança nacional dos Estados Unidos para investigar uma nova ameaça submarina. A primeira parte é pontuada por pequenas cenas que parecem não ter relação alguma com a trama principal, mas dão a impressão de uma história muito maior do que a que está sendo contada na narrativa principal. A medida em que a história avança os acontecimentos se tornam cada vez mais bizarros e menos realistas (no bom sentido) e quando chegamos ao clímax da primeira parte da história (na quinta edição) temos a guinada de gênero que é realmente o charme da série. A partir da sexta edição, O Despertar deixa de ser uma simples história de ficção e suspense em um ambiente inóspito e se torna uma obra de ficção pós-apocalíptica que remonta aos primórdios da história do nosso planeta. Uma mudança ocorre também em todo o elenco de protagonistas e no ritmo da trama. O mérito do roteiro de Snyder é conseguir relacionar gêneros distintos (o suspense / horror da primeira parte com a ficção pós apocalíptica da segunda parte) se valendo de uma ruptura abrupta e chocante, mas ao mesmo tempo confortável e muito intrigante. As duas partes da história se diferenciam bastante em termos de tom e gênero mas acabam se relacionando entre si por causa da trama macro desenvolvida sutilmente nas primeiras edições com cenas curtas e aparentemente sem sentido. O ritmo do roteiro tem uma cadência muito tranquila e apesar do grande volume de informações a leitura é de fácil compreensão e tem um ritmo que não cansa. Bons diálogos, personagens que mesmo com curtas aparições deixam sua marca e um vínculo emocional muito bacana entre as duas protagonistas da HQ.

A arte nas dez edições de O Despertar é responsabilidade de Sean Gordon Murphy que trabalhou com Snyder em edições de Vampiro Americano. Pra quem não conhece Murphy tem um traço bem rabiscado e meio "sujão" bem adequado ao conteúdo mais adulto dos títulos Vertigo. Em O Despertar vemos uma faceta inteiramente nova do desenhista, na qual pode-se observar um cuidado com caracterização de ambientes, equipamentos de cena, veículos e um desenvolvimento de criaturas cuidadoso. Isso tudo sem perder a pegada visceral e grosseira que já é característica do traço do artista. Temos cenas brutas e chocantes em várias passagens, mas estas se misturam a quadros de ficção épicos e grandiosos como poucas vezes o artista teve oportunidade de desenhar.

O Despertar é mais uma prova de que trabalhos autorais são realmente o melhor que se pode extrair dessa nova safra de jovens artistas em quadrinhos. Assim como em Vampiro Americano e na recente (e excelente) Wytches vemos Snyder nos mostrando um ótimo conceito. Uma HQ com um desenvolvimento sagaz em uma história envolvente que transita entre gêneros com a mesma tranquilidade em que se vai a padaria comprar um pão. A arte de Sean Murphy é totalmente entrosada com o roteiro e temos uma série fechada extremamente divertida. Logicamente algumas pessoas reclamarão do final, mas a conclusão apesar de meio esdrúxula é justificável pois em momento algum a HQ se prende muito a um realismo. No marasmo atual da Vertigo O Despertar é uma injeção de energia e uma leitura que vale a pena para fãs de horror, suspense e ficção em quadrinhos.