quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Avengers Standoff: Welcome to Pleasant Hill #1

Começa aqui a primeira saga dos Vingadores em 2016.



"Avengers Standoff" é a primeira saga reunindo todas as equipes e títulos principais dos Vingadores em 2016 na Marvel com a promessa do retorno do Soldado Invernal ao universo pós-Guerras Secretas além do aguardado retorno de Steve Rogers ao manto do Capitão América. Ao contrário do que lhe é costumeiro, pouquíssimas informações foram divulgadas pela editora sobre este evento arquitetado pelo autor do título atual do Capitão América (que já resenhamos aqui), Nick Spencer. Por isso esta edição que dá o pontapé inicial na saga acaba sendo extremamente importante para os fãs dos heróis mais poderosos da Terra.

"Welcome to Pleasant Hill" é um prelúdio de 38 páginas de "Avengers Standoff" com uma quantidade grande de informação e muito mistério. Aqui vemos logo de cara o retorno do Soldado Invernal e quem se lembra de sua última aparição na Marvel tem a confirmação que, felizmente, quase nada mudou no status do personagem após as Guerras Secretas. Somos introduzidos brevemente ao conceito do misterioso programa de segurança da S.H.I.E.L.D. chamado Kobik - um perigoso projeto com o intuito de utilizar o poder do Cubo Cósmico para fazer alterações pontuais na realidade. O vazamento de informações sobre o projeto é um dos temas do início da saga que abruptamente pula para a tal "Pleasant Hill". Em um clima desconfortável de mistério e ficção de confinamento, somos apresentados à estranha comunidade de, seus habitantes e sua prefeita, Maria Hill. Esta linha narrativa, que consiste em mais da metade do gibi, é contada através da visão do misterioso e desmemoriado personagem chamado "Jim".

Nick Spencer claramente tenta puxar algo de "Twin Peaks" nas passasgens em Pleasant Hill, logicamente com um clima bem mais leve. No entanto, a intenção do autor é boa, apesar de seu objetivo não ser muito claro. Este início de "Standoff" fica no meio termo entre mistério super heroico com clima de confinamento e uma história sobre conspiração. Muitas atitudes de Jim são previsíveis e o leitor vai reconhecendo aos poucos algumas figuras do Universo Marvel dentro de Pleasant Hill, o que é acaba sendo divertido, mas acaba quebrando um pouco o clima de confinamento da saga. O final no entanto acaba compensando pois temos o retorno de não só um, mas dois personagens clássicos da Marvel (em seu visual clássico) a este universo pós-Guerras Secretas. O que acaba sendo revigorante para leitores antigos dos gibis dos Vingadores e títulos associados.

A arte de Mark Bagley em "Pleasant Hill" é um retorno ao visual clássico dos gibis da década de 1990-2000 em uma saga Marvel. O estilo clássico e meio antiquado do ilustrador não é um desbunde, mas se encaixa direitinho na trama e é perfeito principalmente para as cenas iniciais com Bucky Barnes. Curiosamente, a ambientação da cidadezinha é desconfortavelmente clara, limpa, bem planejada e chega até a incomodar. Não dá para saber se essa caracterização do ambiente é intencional ou acidental, mas todo o clima em Pleasant Hill tem a artificialidade palpável que a premissa de Nick Spencer pede. Isso acaba convencendo o leitor logo de cara que tem algo muito errado com esta comunidade. A edição termina com um gancho visual que deixa lágrimas nos olhos de leitores mais antigos da Marvel. Sr. Bagley está de parabéns.

"Assault on Pleasant Hill" é um começo estranho e surpreendente. Por mérito da hermeticidade da campanha de divulgação da saga, provavelmente você não vai ter noção do que diabos está acontecendo na história até chegar em sua metade final. Isso em sagas da Marvel é uma melhora notável. Os protagonistas não são quem você imagina aqui, a arte é esquisita e clássica ao mesmo tempo e o ritmo narrativo torna a leitura meio que compulsiva da metade para o final da revista. Nick Spencer e Mark Bagley, intencionalmente ou não, fazem o que se deve fazer em um prelúdio de uma trama de mistério: Por bem ou por mal, você vai querer saber mais sobre Pleasant Hill ao final deste gibi.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

HQ do Dia | The Amazing Spider-Man 1-5

O Aranha é patrão, não funcionário nesta nova Marvel.

No final do ano passado testemunhamos o início de um novo e completamente diferente Universo Marvel (se você não sabe o que está se passando pelas publicações da Casa das ideias leia este artigo e este). O período chamado pós-Guerras Secretas deu origem a novos relançamentos em quadrinhos com propostas teoricamente diferentes para os principais ícones da editora.

Apesar da tal reformulação, o roteirista Dan Slott e o artista Giuseppe Camuncoli continuaram confortavelmente no assento do motorista na publicação protagonizada pelo super heroi mais popular da editora: o Homem Aranha. A resenha a seguir abrange o primeiro arco da novíssima "Amazing Spider-Man" contado nas edições 1 a 5 da revista que começou a ser publicada em Outubro do ano passado.

Aqui, apesar de seguir o fluxo de evolução de personagem estabelecido no final do volume anterior de ASM, Dan Slott nos apresenta de fato um Peter Parker um pouco diferente do que estamos acostumados a ver. O alter ego do amigão da vizinhança é agora um bem sucedido empresário no ramo da tecnologia sustentável e sua empresa, a Parker Industries, é uma nova força comercial dentro desta nova Marvel. Com isso logicamente não é possível para o protagonista ficar saltando de telhado em telhado em Nova York e combatendo o crime como em seus tempos áureos. Portanto, vemos Peter Parker fazendo algo inesperado em sua carreira como herói: Delegando tarefas. Ok. Isso não é nenhuma novidade em outros gibis, o molde do "herói empresário workaholic" já foi utilizado a exaustão neste gênero, mas de fato não neste personagem. Aqui vemos um Peter Parker bem mais maduro e objetivo do que em encanações anteriores. O objetivo das Indústrias Parker é totalmente altruísta, mas a ingenuidade de seu CEO ainda está lá e por vezes o faz cometer aqueles erros que estamos acostumados quando se trata de Peter. Ponto positivo para a abordagem de Slott que mostra um crescimento deste personagem, mas sem descaracterizá-lo de forma abrupta.

Neste arco vemos como o Homem-Aranha pode conviver com um Parker "patrão, não funcionário" e os males e benefícios desta nova fase na vida do protagonista são pontuados levemente mas de maneira eficaz pelo roteirista. Enquanto insere um festival de "gadgets" (que vão desde uma blindagem contra projéteis no uniforme e cartuchos de teia dos mais variados até o novo Aranhamóvel) nesta nova encarnação do Cabeça de Teia e antagonistas nada memoráveis (o tal do Zodíaco que é reconhecidamente pelos leitores uma das organizações criminosas mais "pé de chinelo" da editora), Slott apresenta uma trama de ação e espionagem industrial super heroica bem manjada, mas no geral divertida.

Há uma forte interação do personagem com a nova S.H.I.E.L.D. (tendo em vista que as Indústrias Parker são o novo fornecedor de tecnologia da agência) portanto em quase que todas edições temos a presença marcante da Hárpia, Nick Fury Jr. e todo o plantel de agentes da Superintendência como personagens de apoio. Além disso, vale ressaltar as interações muito divertidas entre Peter Parker e Hobie Brown (o ex-vilão Gatuno) que agora trabalha "cobrindo" a barra do Aranha quando ele não tem condições de atuar. Estas cenas são de longe as interações mais legais do Aranha com outro membro do elenco atualmente. O escopo do gibi do Teioso também está bastante diferente do que estamos acostumados. A atuação do herói agora é global e temos aqui uma trama internacional que nos leva da China para a África, dá um pulinho nos Estados Unidos e termina no Reino Unido. Este é outro ponto positivo a destacar, pois estas mudanças frequentes de ambientes tornam a vida do protagonista bem mais complicada e injetam o certo fator inesperado em algumas cenas de ação.

A arte de Giuseppe Camuncoli não mudou muito desde que o ilustrador começou a trabalahr nos roteiros de Dan Slott lá na fase "Superior". Portanto temos aqui no geral uma apresentação bem consistente do Aranha e todo o elenco. Vale destacar sempre o capricho do cara nas cenas de ação e neste novo volume o desafio é um pouco maior, tendo em vista o aumento considerável do elenco e as mudanças na forma de atuação do herói, além, é claro das constantes mudanças de ambientes de edição para edição na revista.

O início desta nova "Amazing Spider-Man" é fundamentalmente uma continuação do que Dan Slott cimentou no último volume do título do Cabeça de Teia. Portanto, para antigos leitores é somente um lapso temporal de oito meses na vida de Peter Parker e este elenco, com o acréscimo da S.H.IE.L.D. e o novo escopo das Indústrias Parker. Para novos leitores também não existe dificuldade em entender a situação do herói. Dan Slott faz um trabalho bem decente contextualizando tudo logo nas primeiras duas edições, no entanto fracassa em trazer um argumento um pouco mais cativante quando se trata de ameaças ao Homem-Aranha. Com uma arte que não escorrega em momento algum e diálogos com o padrão de qualidade "Slott" (seja lá o que isso signifique pra você), "Amazing Spider-Man" não é o melhor novo título da Nova Marvel e muito menos da linha do Aranha, mas também não é um desastre e pode sim ser apreciado pelos fãs do personagem.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

HQ do Dia | Spider Man #1

Bem vindo ao novíssimo 616, Miles Morales.

Que as Guerras Secretas modificaram bastante o panorama de publicações da Marvel você já está cansado de saber, né? Muitos personagens de Terras paralelas da editora agora fazem parte da continuidade atual e do universo "principal" da editora (teoricamente a Terra 616).

Talvez uma das mexidas mais acertadas desta "Nova e Diferente Marvel" após a saga tenha sido a adição do queridão Homem Aranha Ultimate, Miles Morales a esta nova Terra 616. E esta semana finalmente temos o retorno da consagrada equipe criativa formada por Brian Michael Bendis, Sara Pichelli e Justin Ponsor em um gibi estrelado por Morales simplesmente intitulado "Spider-Man".

"Spider-Man" #1 tem aquele cheiro gostoso de universo 1610 que o fã da Marvel aprendeu a amar
principalmente no título "Ultimate Comics Spider-Man". Então se você se divertia lendo aquela publicação, esta estreia é um presente. Bendis conhece melhor do que ninguém este elenco e sem esforço algum entrega um roteiro de estreia divertido, veloz e cativante. Desde a página inicial de apresentação até os diálogos e situações... Tudo é incrivelmente sucinto e sentimos quase que uma urgência em tornar este universo intrínseco à nova Marvel, mas o mais impressionante é que é tudo executado de forma orgânica e natural. Aqui não temos aquele velho mote: "Oh meu deus! Estou em um mundo estranho! Quem são essas pessoas? O que estou fazendo aqui?" Nada disso. Todo (excluindo logicamente a comunidade super heroica, por enquanto) o elenco associado diretamente a Miles Morales está inserido neste novo universo Marvel como se já fizessem parte desde seu início. Com isso a leitura ganha em dinamismo e podemos focar em narrativa e não em explanações. Um caso raro em estreias deste tipo.

Em 5 páginas você entende o elenco todo. Não há nada que exija muita exposição, então o autor pode se concentrar no que faz melhor: diálogos e ação. Sim. As vozes de Bendis para este elenco são tudo aquilo que você lembra em "Ultimate Comics". Apesar de Miles ser um personagem dos mais cativantes dos últimos tempos na Marvel, o destaque da estreia vai para a curtíssima cena de diálogo entre os seus pais. Nesta o roteirista dá um show de sensibilidade, mostrando a diferença de personalidade entre o pai e a mãe do jovem Aranha. Fica evidente que este não é um gibi de um herói e um elenco de coadjuvantes genéricos. Todos aqui são indivíduos. O antagonista mostrado nesta estreia é também uma grata surpresa. A interação deste com o Aranha é divertidíssima e dá oportunidade para a ilustradora Sara Pichelli mostrar porque é uma das melhores desenhistas de Homem Aranha em atividade na Marvel.

Sim! Sara Pichelli e Justin Ponsor estão de volta aos gibis do Aranha, Senhoras e Senhores. E que retorno! "Spider-Man" já abre seu primeiro quadro de forma matadora. Do jeito que o fã do personagem quer e merece ser tratado em termos gráficos. No decorrer da edição vemos a artista exercitando todos os seus "músculos" criativos nas demais cenas enquanto o colorista mostra o entrosamento fantástico que tem com a moça. "Spider-Man" não tem uma arte inovadora em termos de super heroi, mas não é isso que queremos. O que queremos ver é um Aranha adolescente negro saltando das páginas com seu visual "classicão" e de tirar o fôlego. E felizmente aqui temos isso.

Se você procura um gibi de super heroi adolescente no universo Marvel pode parar de procurar. "Spider-Man" atende todos os critérios do formato que popularizou as histórias do Homem Aranha desde a década de 1970, mas adaptado para o contexto da Marvel atualmente. Bendis, Pichelli e Ponsor entregam a melhor estreia de um gibi do Aranha em anos na editora e, francamente, isso leva a questionamentos sobre a relevância da publicação escrita por Dan Slott e estrelada por Peter Parker atualmente. Se cuida Peter! Miles chegou ao 616 e é o Aranha da massa.