quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

HQ do Dia | Guerras Secretas #8

O império de Destino começa a ruir em Guerras Secretas 8.

Se Jonathan Hickman e Esad Ribic no decorrer dessas 7 edições de "Guerras Secretas" ainda não haviam te convencido de que esta aqui é a saga mais bem executada da Marvel nos últimos 10 anos é aqui que o jogo vai virar, queridinha...

Quando deixamos o Mundo de Batalha no final da sétima parte da história, o deus Destino se encontrava sob cerco em seu castelo Doomsdadt. Sofrendo ataque das forças rebeldes lideradas pelo Profeta, Victor ainda tem que lidar com sua própria Tropa Thor e alguns de seus Barões que se rebelaram, ao mesmo tempo em que os sobreviventes da Terra 616 planejam se infiltrar em seus domínios. Mas não é só isso: Quem tem Thanos como inimigo sabe o tamanho da dor de cabeça que o aguarda e aqui vemos a enxaqueca de Destino na forma gigantesca de Ben Grimm - a muralha que protege seu reino dos horrores deste universo.

"Guerras Secretas" #8 é a edição mais cinética da saga de longe. Planejada e executada como
extensão direta da parte 7, aqui temos um verdadeiro festival de micro interações entre os principais atores deste teatro (nas palavras da própria Valéria Richards) que vão fazer qualquer fã da Marvel restaurar sua fé em boas sagas na editora. Todo o enredo se encaixa finalmente de forma bruta e (a palavra está bem desgastada mas se aplica) épica ao mesmo tempo. Hickman dosa muito bem o tempo de cena de cada um dos protagonistas e nos surpreende dando destaque repentino a personagens que aparentemente estavam meio esquecidos durante toda a saga. Outro ponto extremamente válido é que, apesar do duro golpe dado em Destino, o monarca da Latvéria ainda mostra porque é o vira-latas mais poderoso desse canil multiversal e que não vai sucumbir facilmente à pressão da resistência (e ela é enorme). Os diálogos e o timing entre transições das cenas e ganchos é de tirar o fôlego. Isso aqui é uma verdadeira avalanche de momentos "WIN!" coroada com um final que vai marcar a história da Marvel para sempre. Acredite nesta última página.

Esad Ribic incontestavelmente já vinha desenhando a saga mais linda da Marvel desde que Steve McNiven nos entregou a "Guerra Civil" de Mark Millar. Então para quem leu as outras 7 edições, já se esperava um trabalho acima da média do ilustrador. No entanto, por mais que você tenha amado o trabalho do cara até agora, você VAI SE EMBASBACAR com isso aqui. Não dá para descrever as páginas mais lindas sem estragar a tua leitura, mas todo o peso que Hickman dá a estas cenas é elevado enormemente pela apresentação de Ribic. Novamente temos uma caracterização soberba de um elenco massivo e momentos intimistas (como a participação e Peter Quill) trabalhados com um cuidado de mãe nesta edição. A última página no entanto vai se tornar a imagem da Marvel em 2015 e talvez nos próximos anos vindouros.

Resenha alguma será digna da felicidade que um leitor Marvel pode ter ao ler esta oitava parte de Guerras Secretas. Do reencontro emocionante entre Ben Grimm e a família Richards ao embate Destino / Thanos, passando pelo destino de Doomsdadt... Tudo aqui é planejado, descrito e executado para fazer você sorrir, Marvete. Jonathan Hickman mostra como se escreve uma saga grande na editora e Esad Ribic faz o impossível: Nos entrega quadros que vão ficar impressos na memória dos fãs por muito tempo. "Guerras Secretas" se aproxima de seu final de maneira elegante, grosseira (no melhor sentido possível) e classuda e já começa a deixar saudades mesmo antes do fim.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

HQ do Dia | Doctor Strange #1-3

Mesmo com o Universo Marvel ainda em mutação devido às Guerras Secretas, (entenda o que está acontecendo aqui) Outubro foi o mês da enxurrada dos novos títulos Marvel. Com isso, público e crítica ainda estão absorvendo a enorme gama de informação publicada pela editora nos últimos 2 meses. A casa das ideias não pára de vomitar edições número 1 nas bancas estrangeiras e no meio disso tudo tivemos a estreia de um novo volume do gibi protagonizado pelo sacerdote supremo, Stephen Strange.

"Doctor Strange" já está na sua terceira edição agora em Dezembro, portanto a resenha aqui abrange, além da estreia as duas edições subsequentes da revista. A equipe criativa em "Doctor Strange" é formada pela dupla Jason Aaron (que vem de irrepreensíveis últimos volumes de Thor) e Chris Bachalo (vindo de uma passagem bem morna pelo título principal dos filhos do átomo escrita por Brian Michael Bendis). A colaboração entre os dois artistas apresenta de forma bem natural o mago supremo do Universo Marvel, tanto no que tange às suas atribuições, modus operandi e sua complicada vida pessoal. Além disso temos um excitante premissa envolvendo uma nova ameaça aos praticantes das artes arcanas em TODO o multiverso Marvel. E isso não é pouca merda.

O roteiro de Aaron em Strange é rápido, despojado e inusitado. Em um momento estamos vendo o bom Doutor curando pacientes acometidos por alguma maldição inusitada, e rapidamente somos fisgados por uma cena mais contemplativa e elucidativa sobre a natureza da sua função no universo místico da Marvel. O balanço entre o esquisito e o casual nos leva a enxergar a Nova York da nova Marvel sob o prisma do oculto e abstrato com muita naturalidade. Nada de novidade neste gênero, mas tudo é executado de forma competente, com pitadas certeiras de humor, certa dose de ação e sem perder o tema principal em títulos de magia contemporâneos: todo encanto tem seu preço.

Stephen Strange está longe de ser um John Constantine. O personagem, apesar de ter uma infinidade de demônios internos, ainda é um herói com todos aqueles valores morais heroicos que se espera deste tipo de personagem. Isto não o torna menos complexo ou interessante. Muito pelo contrário, o tratamento dado a Aaron simplifica a dinâmica entre o oculto e o mundano para novos leitores e dá importância ao trabalho do personagem neste universo.

A arte de Chris Bachalo é realmente uma questão de gosto pessoal do leitor. O estilo híbrido (e peculiar) de caracterização e diagramação do ilustrador e sua colorização calcada em tons bege pode tanto fazer você se apaixonar por esta apresentação quanto achar um pouco cansativa. Há um excesso de artifícios e atalhos gráficos em cada uma destas edições, algo que só quem desenha constantemente a princípio vai detectar e pode passar despercebido. Os conceitos desenvolvidos por Jason Aaron tem uma interpretação bem própria do artista. Isso é um ponto positivo. No entanto nem tudo fica explicitamente claro (cenas de ação por exemplo) nas páginas devido justamente à insistência de Bachalo em "estilizar" praticamente todas as sequências mais movimentadas do gibi. Então, justamente quando o roteiro pede algo mais explícito e claro, o artista nos presenteia com uma linda, mas extremamente confusa página dupla na qual você tem certa dificuldade para acompanhar a sequência de eventos. Tirando algum quadro ou outro no qual a caracterização carece de um pouco mais de capricho, o trabalho de Bachalo é bem superior ao que vinha fazendo nos X-Men justamente por ter um número limitado de personagens neste elenco e uma premissa que se encaixa mais em seu modo de apresentação.

"Doctor Strange" é um início promissor para esta nova fase do sacerdote supremo da Marvel. O roteiro de Jason Aaron realmente não tem nada de inovador ou especial, mas a maneira clara, dinâmica e prática com a qual aborda o universo arcano da editora transforma a franquia em um prato cheio para quem quer conhecer o personagem. Com uma arte que é francamente tão imprevisível quanto o próprio Sanctum Santorum de Stephen Strange, isto aqui se torna uma leitura muito interessante, porém não indispensável nesta nova e diferente Marvel.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

HQ do Dia | Sheriff of Babylon #1

A Bagdá do jeito que só a Vertigo pode retratar. 

Neste início de Outuno no hemisfério norte o leitor Vertigo foi literalmente metralhado com uma  saraivada de novos títulos e mini séries com criações totalmente originais dos mais proeminentes e diversos criadores da indústria de quadrinhos.

Estes lançamentos (veja a lista completa aqui) em geral vem mantendo um padrão consideravelmente elevado de qualidade e, devido à diversidade do conteúdo entre os mesmos, fica até complicado destacar este ou aquele gibi como "o melhor".

Corta para dia 2 de Dezembro de 2015, data de lançamento da primeira edição de "Sheriff of Babylon" - mini série em oito partes escrita por Tom King (da sensacional "The Omega Men") em colaboração com o talentosíssimo ilustrador Mitch Gerads (da mais recente fase do Justiceiro na Marvel). E, senhoras e senhores, parece que temos um vencedor...

"Sheriff of Babylon" é um thriller político / militar com toques de romance criminal que se passa na Bagdá recém ocupada por tropas americanas após a queda de Sadam Hussein em 2004. Na primeira edição somos literalmente sufocados pelo clima de instabilidade da região e no meio deste verdadeiro pandemônio de áreas cinzentas conhecemos os três personagens centrais da história: O policial Americano, Christopher que está na zona verde controlada pelo EUA para treinar novos policias na capital do Iraque; A agente de operações especiais do conselho Iraquiano chamada Sofia que faz o trabalho sujo durante a transição entre os governos na região e o ex-ivestigador da era pós-emancipação chamado Nassir. 

Tom King apresenta os três personagens com cenas curtas e impactantes que a princípio parecem mera exposição, no entanto do meio para o fim da primeira edição as peças se encaixam e o que era exposição ganha contornos narrativos sutis e geniais. Então além de apresentar três protagonistas extremamente complexos e multifacetados o roteirista ainda injeta uma puta dose de tensão na trama de uma só tacada. Irretocável. O roteiro de King é permeado de pesquisa de campo (afinal o roteirista trabalho em uma unidade antiterrorismo da CIA na época) e mostra propriedade tanto em diálogos, quanto em sutilezas de cenário e maneirismos dos personagens. No geral uma primeira edição que te envolve completamente e sem esforço força (de forma bem agradável) uma releitura para saborear algum detalhe que por ventura possa ter passado despercebido.

Quanto a Mitch Gerards, aqui vemos a técnica de apresentação de equipamentos bélicos e armamentos do sujeito (que os leitores de Justiceiro já conhecem) elevada ao grau de uma guerra de verdade. Além disso, o artista nos entrega uma Bagdá exuberantemente caótica em seus tons de sépia, interpretações dignas de atores e um uso inteligente de fotografia de impacto nas cenas mais grosseiras. O entrosamento entre roteiro e arte aqui é nítido. Vemos a marca registrada de King (as páginas com 9 quadros retangulares em simetria) em muitos momentos e isso dá uma identidade sutil e classuda para a apresentação da estreia. Um trabalho gráfico elegante e bruto ao mesmo tempo.

Ok. Não há nada na Vertigo atualmente como "Sheriff of Babylon". Tanto em termos de premissa, quanto formato de roteiro ou precisão na execução de arte. King e Gerads nos entregam uma das primeiras edições mais excitantes e caprichadas de 2015 e nos fazem querer fazer parte deste universo infernal que é a realidade de uma nação em frangalhos. Uma pena que é uma mini série limitada, portanto aproveitem ao máximo pois o hype é real.

 

domingo, 6 de dezembro de 2015

HQ do Dia | Black Magic #1

Crime e ocultismo em Black Magic, a nova criação de Greg Rucka e Nicola Scott.

Senhoras e Senhores, Greg Rucka conseguiu novamente. 

Sim. Às vésperas do Halloween de 2015 a Image Comics lançou a primeira edição desta "Black Magic" - Nova empreitada em quadrinhos do autor de "Lazarus" e "Gotham Central" com a artista Australiana Nicola Scott ("Aves de Rapina" e "Terra-2" pré-Flashpoint) - e dá uma chacoalhada nervosa no gênero de investigação sobrenatural no mercado Americano de gibis.

Em "Black Magic" somos apresentados à detetive Rowan Black, uma policial praticante das artes ocultas atormentada por demônios de um passado misterioso. Na primeira edição vemos tanto a faceta mística de Rowan, quanto sua rotina como policial. A história se inicia quando estas duas identidades da personagem entram em conflito durante uma situação inesperada com reféns em uma lanchonete. 

Os eventos descritos por Greg Rucka aqui se desenrolam com um tom e ritmo quase que procedimental dentro de seu estilo próprio. Emulando algo de Vertigo nas décadas de 1990-2000 e misturado homogeneamente ao já conhecido talento do roteirista para contos criminais urbanos temos uma primeira edição com ritmo cadenciado que estranhamente não entedia. Apesar do molde meio baseado em séries policiais sobrenaturais, Rowan Black é escrita de forma real. Não existem bordões marcantes, frases de muito efeito ou as já habituais poses de fêmea durona que não leva desaforo para casa. A mulher com certeza já viu muita porra estranha e sofreu horrores em seus anos de bruxaria, isso se reflete em uma amargura, frieza e até certo desdém em suas falas, atitudes e expressões. Rucka nesta primeira edição mostra novamente e sem esforço algum que é um dos autores que mais entende as sutilezas da psique feminina, aplica isto a um universo macabro e ganha o leitor logo nas primeiras quatro páginas de roteiro.

Pra quem leu "A noite mais escura: Mulher Maravilha" já tem uma noção do que é uma colaboração entre Nicola Soctt e o roteirista de "Black Magic". Aqui, livre para interpretar e criar à partir das ideias do autor, a desenhista nos entrega um produto dos mais lindos impressos pelo selo Image este ano. "Black Magic" é intencionalmente apresentada em cinzento aquarelado com intervenções de cores pontuais e certeiras da colorista Chiara Arena. Rowan Black encarna Joan Jett visualmente nestas páginas e temos um cuidado absurdo com ambientação durante todo o decorrer da edição. Tirando alguns closes, o que vemos são cenários de fundo que agregam valor ao produto final em praticamente todos os quadrinhos de "Black Magic". Scott acerta todas as caixinhas - expressões corporais, faciais, design de página e caracterização - com isso não há de ser dizer um "Ai!" da arte deste gibi.

"Black Magic" abriu seu próprio caminho na imensa linha de quadrinhos da Image com um roteiro inicialmente muito (muito) simples de acompanhar, mas uma personagem central que te arrebenta a cara logo nas primeiras páginas. Com um ritmo envolvente e quase que melancólico e um balanço perfeito entre o noir criminal e o oculto, temos aqui um dos lançamentos mais empolgantes do mercado em 2015 com uma arte que eleva ainda mais o nível do produto final. 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

HQ do Dia | Totally Awesome Hulk #1

Conheça o novo e completamente diferente Incrível Hulk.

Pra entender "Totally Awesome Hulk" da Marvel vamos a um pequeno exercício mental: Imagine que você é um menino adolescente bem imaturo e com uma capacidade cognitiva acima da média humana, imagine que você é fã incondicional de um determinado super herói e que este determinado herói foi tratado como uma aberração durante praticamente toda sua carreira, agora imagine que da noite para o dia você se torna este super herói e tem de enfrentar todas as consequências físicas e mentais disso. Se você conseguiu alcançar este entendimento e simpatiza com o menino provavelmente vai entender porque o novo gibi do Hulk estreia desta forma.

Tirando logo do caminho, "Totally Awesome Hulk" é um gibi extremamente babaca (no melhor sentido da palavra). Não temos uma premissa sensível tampouco traumática ou tragicômica. O tom da narrativa de Greg Pak se assemelha à boa fase de Joe Kelly quando assumiu o título do Deadpool. Portanto, se você não é fã deste tipo de formato mais despojado (bem diferente do indie) de gibi, esqueça esta leitura. Esta "Deadpoolização" do Hulk é dosada no entanto, atendendo às demandas emocionais de um protagonista como Amadeus Cho (Não é spoiler a esta altura, pelamor, né?). Portanto parece que estamos assistindo a um desenho animado de sábado com certa dose de conteúdo adolescente. Cho sempre foi naturalmente descontraído e levemente imaturo desde sua concepção (de responsabilidade do próprio Greg Pak) e isso é somente exacerbado levemente por conta da alteração de personalidade natural que ocorre devido à transformação no Gigante Esmeralda. Greg Pak entende perfeitamente quem é Amadeus Cho: O cara não é um herói altivo e nem o jovem sensível e fofinho que você gostaria de namorar e / ou apresentar pros seus pais. Ele é um garoto gênio meio babaquinha, fanboy do Hulk (espécie desprezível, né?) e que às vezes pode ser irritante sim. Deal with it!

Felizmente os eventos aqui (assim como em todos os outros títulos da nova linha da editora) se passam oito meses após o início deste novo universo Marvel. Então, apesar de alguns indícios do que aconteceu com Bruce Banner serem mostrados em um rápido flashback, a revista é 95% "Novo Hulk baixando a porrada em monstros e se comportando de maneira estúpida". O inteligente contraponto de Cho na revista é sua irmã, Maddy - Uma jovem (também "gênia", claro) que entende perfeitamente o que está acontecendo com o irmão e serve como interlocutora / apoio tático / perspectiva do leitor, nesta nova fase do personagem. Maddy, que estreou na Marvel na fase "Hércules" do título do Verdão, já faz sua primeira aparição aqui mostrando quem é que de fato manda neste team hulk. É aquele velho clichê de "homem serve pra dar porrada e mulher serve pra direcionar os golpes", que se encaixa como uma luva na relação dos irmãos Cho. De bônus o leitor ainda ganha pequenas interações bem divertidas do novo Hulk com conhecidos personagens da nova Marvel e a apresentação de uma nova antagonista que segue os padrões (nada originais) de vilões em gibis do Hulk.
Muitas pessoas odeiam Frank Cho. Isso é compreensível. O cara em pleno ano de 2015 ainda cisma em (ocasionalmente) retratar mulheres de forma extremamente sensualizada, com vestimentas inviáveis em infames poses heróico-eróticas. O fato é que, independente disso, o sujeito é um artista extremamente competente e caprichoso (quando tem prazos de trabalho confortáveis). Em "Totally Awesome Hulk", a parte da sensualização está quase que ausente. Ok, temos uma cena com uma coadjuvante de biquini abrindo a HQ, mas fica claro que é uma piada interna entre os criadores (repare no nome do bebê que a moça está segurando) e que atende à proposta do roteiro em começar em uma praia. No decorrer da revista, Cho faz o que faz melhor: Traço extremamente limpo e polido, fotografia cinematográfica em cenas de ação, caracterização linda de todo o elenco e um Hulk que impõe respeito, mesmo com os olhinhos puxados de descendente de Sul Coreano. Cho é um artista e tanto, que frequentemente toma decisões visuais erradas é acaba se queimando com o público feminino de quadrinhos, mas ninguém pode negar seu talento pra desenhar gibis de heróis.

"Totally Awesome Hulk" é estúpida, é infantil e é óbvia em alguns pontos. A revista tem um protagonista levemente irritante e não veio para revolucionar este mercado. Isso tudo é verdade, mas a maior verdade desta estreia é que Greg Pak entende perfeitamente quem é Amadeus Cho e o que acontece quando o garoto se torna uma bomba gama humana. Você odeia a premissa de Cho ser o novo Hulk? Ok! Isso provavelmente nem foi ideia deste roteirista, portanto por isso ele não pode ser responsabilizado. O que Pak e Frank Cho podem ser responsabilizados é por um gibi casual e muito divertido que faz de tudo para retratar seu protagonista da maneira mais verdadeira possível com uma arte extremamente caprichada e ação do início ao fim.

     

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

HQ do Dia | Titans Hunt #1

Os Titãs pré-Flashpoint de volta a DC?

No já longínquo ano de 2011, quando a DC Comics relançou toda a sua linha de quadrinhos após o evento Flashpoint através dos infames "Novos 52" alguns personagens aparentemente não tiveram grandes alterações em suas versões anteriores, no entanto outros sofreram mudanças tão radicais que chegaram a afastar antigos leitores de seus títulos. Isso aconteceu com o grupo de meta humanos conhecido como "Jovens Titãs". Em sua versão "Novos 52", os 2 títulos do grupo fracassaram em angariar fãs mais tradicionais e também não tiveram apelo suficiente para atrair leitores novos, sobrevivendo em um limbo editorial sustentado somente pelos fãs mais fervorosos da franquia.

Pulamos para a DC Comics pós-Convergence e com a reunificação de todo o multiverso da editora (entenda o que aconteceu aqui) os autores finalmente tem liberdade para trazer de volta (na medida do possível) linhas temporais e versões dos seus queridos personagens do período Pré-Flashpoint. Trata-se do caso da recente publicação "Superman: Lois e Clark" (já resenhada aqui) e da maxi série em 12 partes chamada "Titans Hunt" escrita pelo veterano Dan Abnett (co-responsável pela fase mais prolífica dos Guardiões da Galáxia na Marvel) e ilustrada por Paulo Siqueira (responsável pela arte nos títulos da Terra-2 antes e durante a saga "Worlds End") e Geraldo Borges (do terrível título "Red Hood and the Outlaws") .

A primeira edição de "Titans Hunt" claramente apela para o leitor antigo com aquela promessa marota de uma reunião dos Titãs clássicos em suas versões mais queridas. Isso se dá desde seu título - uma clara referência ao arco em doze partes escrito por Marv Wolfman no título dos jovens heróis na década de 1990. No entanto quase que na sua totalidade a revista é protagonizada pelas versões atuais dos Titãs. Aqui vemos um Roy Harper atormentado e cedendo a vícios, um Dick Grayson atuando como agente da Spyral (como em seu gibi solo) em uma missão envolvendo os Atlantes, mas sendo acometido por visões, além de uma misteriosa Donna Troy que não faz praticamente nada de especial na primeira edição. Todos são unidos pela misteriosa Lilith, uma terapeuta "precognitiva" que parece conhecer muito sobre os Titãs da fase pré-Flashpoint. E a primeira edição se resume basicamente a isso: "Gente! Estou com essas visões de um tempo que não vivi! O Q TÁ CON TESENO?!"

Se levarmos em consideração que a história se desenvolverá no curso de 12 edições podemos até relevar a falta de uma premissa mais clara e o ritmo meio sonolento desta primeira edição. No entanto, para os leitores mais "afobadinhos" e os fãs dos momentos "massavéi" ainda é muito cedo para se empolgar. A primeira edição se baseia em visões de outra época e referências e é basicamente isso. Diálogos nada especiais, transição de cenas que não alteram o ritmo da leitura em nada e caracterização nem um pouco carismática dos protagonistas.

A arte dividida entre Paulo Siqueira e Geraldo Borges também acaba mostrando bem inconsistente e nada atraente. O principal problema são as transições bastante abruptas no curso da primeira edição. Apesar de terem estilos semelhantes, os traços dos dois artistas não se complementam de forma natural e as transições entre as cenas acabam parecendo recortadas e coladas. Não é um desastre visual completo, mas "Titans Hunt" #1 não é um título de estreia com uma apresentação das mais elegantes do mercado atualmente. E o visual na primeira edição importa neste mercado.

Para os fãs antigos, "Titans Hunt" é uma promessa muito legal, escrita por um profissional extremamente competente, que resgata alguns valores dos Titãs clássicos e pode ser a salvação desta franquia na DC pós-Flashpoint. Com uma arte irregular e atabalhoada entre as transições de cena, a estreia da maxi-série depende muito da boa vontade e esperança de que a premissa proposta por Dan Abnett gere bons frutos em seu futuro. Mas, como dito antes: É uma promessa.