segunda-feira, 26 de outubro de 2015

HQ do Dia | The Twilight Children #1

Hernandez e Cooke no novo mistério surreal da Vertigo.


Mesmo sendo uma mini série limitada em (teoricamente) quatro edições que poderia facilmente ser resenhada quando todo o material for lançado, fica muito difícil ler o número 1 de "The Twilight Children" da Vertigo e não escrever algumas linhas sobre o gibi. Portanto espere uma nova resenha completa quando a história fora concluída.

Voltando ao que interessa, "The Twilight Children" faz parte da nova leva de lançamentos Vertigo em 2015 que começou este mês (veja a lista completa aqui). A mini série é a primeira colaboração entre o aclamado roteirista Gilbert Hernandez (Love and Rockets) e o queridão dos DCnautas, Darwyn Cooke (DC: A nova fronteira) e conta uma misteriosa história em uma cidadezinha praiana aqui na América Latina que tem sua rotina totalmente alterada com o aparecimento de estranhas esferas brancas em sua pacífica costa.

Hernandez dá a "The Twilight Children" aquele clima gostoso de ficção esquisitinha em cidades pequenas que tanto amamos em obras como "Twin Peaks" por exemplo. A principal diferença é que 99% do elenco da revista é composto de personagens Latinos, mudando um pouco os moldes e o cenário deste tipo de formato de história. Nas primeiras páginas desta primeira edição somos introduzidos ao elenco e seus dramas domésticos, que são mundanos sim, mas escritos de uma maneira tão sensível e natural que conquistam o leitor. As crianças por exemplo são meio estúpidas e até cruéis, mas o mais importante é que são crianças reais e relacionáveis, longe de algum tipo de caricatura infantil idealizada. Outro ótimo exemplo de dinâmica entre personagens estabelecida logo na primeira edição é o triângulo adúltero formado por Tito, Anton e Nikolas - apesar de aparentemente isso não ter nada a ver com o tema central da HQ, o cuidado do roteirista em mostrar uma situação real e personagens com várias camadas é louvável.

Mas "The Twilight Children" #1 está longe de ser somente apresentações. O ritmo da história que começa lento e o clima mundano se alteram bruscamente com a aparição da tal esfera esquisita e o próprio tom da narrativa sofre uma metamorfose no meio da leitura, deixando toda a experiência da primeira edição com aquele gostinho de "desconforto viciante" que os fãs de mistérios de ficção adoram. 

A arte de Darwyn Cooke está melhor do que você pode esperar dentro do estilo cartoon característico do ilustrador. Livre das "amarras" visuais de títulos de super heróis, o artista dá um show de caracterização tanto na concepção e design deste elenco (que é marcante logo de cara), quanto na ambientação da pequena cidade praiana. Se você já conhece o desenhista, não há muito o que acrescentar sobre a arte de Cooke. O sujeito continua um mestre no estilo em que se propõe. Usando quadros simples e soluções de fotografia muito inteligentes, o ilustrador consegue transmitir algumas situações um pouco complicadas do roteiro de Hernadez com extrema facilidade isso tudo em um visual geral lindo de chorar.

"Twilight Children" #1 já é o cartão de visitas da Vertigo em 2015. Uma colaboração única entre uma equipe de artistas consagrados com liberdade suficiente para criar um roteiro envolvente e misterioso com uma arte singular e deslumbrante. Tão legal de ler que dá até pena imaginar que isso só deve durar quatro edições. Para quem anda reclamando que a Vertigo não é mais como antigamente, isso aqui prova que sempre há espaço para material autoral de qualidade neste querido selo da DC Comics.

sábado, 24 de outubro de 2015

Os 3 universos Marvel e as Guerras Secretas

Entenda o que está acontecendo com os quadrinhos da Marvel durante Guerras Secretas.

Dúvidas... Muitas dúvidas... Outubro talvez tenha sido o mês mais caótico na Marvel no ano de 2015 (e possivelmente nos últimos 5 anos). Leitores antigos e os casuais sofreram tanto com a quantidade de publicações na linha de quadrinhos da editora quanto com as inconsistências cronológicas que esse excesso de gibis nas bancas gerou.

O Outubro do caos na Marvel marcou o lançamento de títulos mensais em 3 períodos diferentes do universo Marvel e aqui você vai entender o que está acontecendo na editora.

As Guerras Secretas causaram o caos na Marvel.

Mas como isso foi acontecer?

"Guerras Secretas", a mais recente saga da Marvel, além de contar uma história que unifica temporariamente todo o "omniverso" (alguns já estão chamando assim) da editora (entenda a premissa da saga aqui), supostamente ao seu final (que já foi adiado) tem a função de reformular toda a linha de quadrinhos da editora.

Durante a saga criada e escrita por Jonathan Hickman e desenhada por Esad Ribic, todo o Multiverso Marvel foi destruído e condensado em um único universo chamado "Mundo de Batalha". Durante os meses em que a saga é publicada grande parte das histórias da Marvel se passa nesse contexto. Isso inclui a série de edições "tie ins" criadas especificamente para o evento. Até aí tudo bem, né?

Agora, pensado de maneira lógica: Se você vai destruir e posteriormente reformular todo o seu universo usando uma saga desse porte e relançar uma linha de quadrinhos completamente nova após esta saga, o mais prudente seria descontinuar todos os seus títulos ANTES do evento ter início e após seu término lançar a nova linha de gibis de forma ordenada, certo?

Não para a Marvel.

O que de fato ocorreu foi que títulos com forte apelo popular e / ou significativo apelo comercial (vendas) não foram descontinuados com o início da saga. Com isso tivemos alguns gibis com histórias se passando no "antigo" universo Marvel sendo publicados no meio das "Guerras Secretas".

Sob o selo "The last days", títulos como "Ms. Marvel"; "Black Widow"; "Captain America and the Mighty Avengers"; "Silver Surfer"; "Loki agent of Asgard" e alguns outros continuaram nas bancas contando histórias prévias à "destruição" do Universo Marvel e a formação do novo "Mundo de Batalha" das "Guerras Secretas".


"Ms. Marvel" continua a ser publicado mesmo com a chegada de "Guerras Secretas". 

Essa estratégia de manter alguns títulos no "antigo" universo Marvel mesmo com o advento de "Guerras Secretas" não teve uma recepção negativa e felizmente os leitores entenderam mais ou menos o que estava acontecendo com a editora naquele momento.

Entramos em Outubro de 2015 e aqui começa a iniciativa chamada "All New, All Different Marvel" - que é o nome dado a nova linha de quadrinhos da editora com uma porção de novos títulos com o número 1 na capa. É muito importante lembrar que todas as histórias neste novo universo Marvel se passam 8 meses após os eventos do final de "Guerras Secretas". E é aqui que o negócio complica... 

A Marvel na metade de Outubro de 2015 começa a publicar a sua nova linha de quadrinhos com uma edição "Point One" (já resenhada aqui), um novo gibi do Capitão América (também já resenhado aqui) e muitos outros títulos novos. Isso tudo simultaneamente às "Guerras Secretas" e seus inúmeros "tie ins". 

 A "nova e completamente diferente" Marvel começou em Outubro.

Está formada a confusão.
 
Portanto esse fenômeno esdrúxulo foi ocasionado devido à colisão de três períodos temporais na cronologia da Marvel - O pré-Guerras Secretas (The last days), o pós-Guerras Secretas (All-New, All Different) e as Guerras Secretas e seus tie ins em si. Tudo isso gerado pelo lançamento prematuro da nova linha de títulos da editora que começou a ser publicada antes do final da saga.

Tá... Mas o que aconteceu com os personagens da Marvel?

Bom, aí entramos na parte de spoilers do artigo e você pode se sentir livre para ler ou não o restante caso não se importe em saber o que aconteceu com alguns personagens Marvel.

Algumas mudanças significativas aconteceram no novo universo Marvel que afetaram o status quo de grupos de personagens recentemente. Algumas dessas mudanças já vem se desenrolando há algum tempo nas publicações individuais e outras são em decorrência de "Guerras Secretas".

Os Mutantes - Os mutantes do universo Marvel atualmente são afetados pelas névoas terrígenas Inumanas que foram lançadas sobre o planeta Terra ao final da saga "Infinito". Com isso a exposição a atmosfera terrestre atualmente se torna extremamente nociva para toda a raça mutante. Além disso as névoas ainda aparentemente esterilizam todos os mutantes, impedindo-os de se reproduzirem. Os títulos atuais do X-Men em sua maioria agora tratam das repercussões das névoas na vida dos mutantes.

Reed Richards da Terra-1610 agora faz parte do novo Universo Marvel.

O Quarteto Fantástico - O quarteto fantástico já não existe desde o início de "Guerras Secretas" e isso se mantém após a saga. Com Reed Richards aparentemente sumido, o mundo terá de lidar com sua versão maligna do Ultiverso (também conhecido como o Criador). O personagem já fez uma aparição no título dos Novos Vingadores, mas quanto ao Reed original do Universo 616 pré-Guerras Secretas ainda não há sinal. Enquanto isso, Sue Richards aparentemente fará parte da nova S.H.IE.L.D. como foi mostrado nos títulos dos Vingadores antes de "Guerras Secretas". Benjamin Grimm se junta aos Guardiões da Galáxia na nova Marvel e Johnny Storm se envolve em um complicado relacionamento com a Rainha dos Inumanos, Medusa e se junta à família real.

Os Aranhas - O universo Marvel pós-Guerras Secretas está infestado de Aranhas. A mudança mais radical é a permanência do Homem-Aranha do Ultiverso, Miles Morales no novo Universo Marvel (e já fazendo parte dos Vingadores). Fora Miles, o novo Universo Marvel se torna a nova casa da favorita da galera, Gwen Stacy - a Spider-Gwen. Outros aracnídeos que brotam após as Guerras Secretas na continuidade são os membros da equipe chamada "Web Warriors" formado aparentemente por Spider-Gwen, Spider-Man Noir, Spider-Man India, Spider-Uk, Spider-Ham (o Porco-Aranha). O próprio Peter Parker, atribulado como administrador da empresa chamada "Parker Industries", anda "terceirizando" os serviços do Homem-Aranha. O antigo criminoso conhecido como Gatuno anda cobrindo o Aranha original em algumas missões nos Estados Unidos, enquanto Peter lida com os problemas de sua empresa.

 Favorita dos fãs, Jane Foster continua como a detentora do Mjolnir, Thor.

Os Vingadores - Se levarmos em consideração que de uns 5 anos pra cá a Marvel tinha no mínimo umas 4 equipes de Vingadores diferentes em seu universo, podemos dizer que o status geral da equipe não mudou muito com o advento das Guerras Secretas. A principal diferença nas equipes atualmente é a aparente independência e até conflitos com o S.H.I.E.L.D. em certos momentos. A mudança mais imediata é uma equipe de Vingadores financiada pelo mutante Brasileiro Roberto da Costa, Mancha Solar. Roberto antes de "Guerras Secretas" já havia "comprado" a organização científico / criminosa e usa estes recursos em sua própria equipe de Vingadores.

 O Esquadrão Supremo agora faz parte da nova Marvel.

Pontualmente temos mudanças já estabelecidas previamente nos principais ícones do grupo - O Capitão América continua sendo Sam Wilson, o antigo Falcão, enquanto Steve Rogers continua idoso e liderando uma equipe de Vingadores como apoio estratégico. O Mjolnir continua nas mãos de Jane Foster, a Thor do universo Marvel fez tanto sucesso que foi mantida após o final de Guerras Secretas. Tony Stark aparentemente continua o mesmo da fase pré-Superior Iron-Man (na qual Tony se tornou mais babaca do que o normal). Não há muitas mudanças imediatas para o Homem de Ferro, no entanto na primeira edição de sua nova revista vemos uma importante mudança para o Doutor Destino (que não temos coragem de fazer o spoiler).

Além disso tudo, muitas séries e personagens oriundos de "Guerras Secretas" estão inseridos no novo Universo Marvel. Alguns exemplos são o Lobo Vermelho, personagem esquecido da antiga Marvel que foi revitalizado no tie in de "Guerras Secretas", "1872" e agora ganha título solo. Outra novidade é o Esquadrão Supremo, equipe formada por membros da antiga equipe homônima da Marvel em sua versão "Max". O time agora está completamente inserido no novo universo Marvel. O Hulk por sua vez ganha duas versões no novo Universo Marvel - Bruce Banner é visto em sua versão maligna oriunda de "Futuro Imperfeito", o Mastro. Enquanto existe um novo Hulk cuja identidade é Amadeus Cho, antigo aliado do Versão. Wolverine sofre mudanças também já que o Logan do novo universo Marvel é a versão idosa do universo de "Velho Logan". Quem assume o manto do carcaju canadense é a mutante X-23.

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Estas são apenas as primeiras mudanças já notadas no novo Universo Marvel com o recente e confuso relançamento de sua linha de quadrinhos.

Espera-se muitas outras mudanças nos personagens e títulos da editora à medida que novos gibis forem lançados. Além disso ainda não sabemos como este universo foi afetado por Guerras Secretas, tendo em vista que a saga ainda está em andamento e seu final ainda é um mistério.

De qualquer forma leia a nova linha de quadrinhos, a antiga e a atual e tire suas próprias conclusões sobre a verdadeira zona na qual se encontra a Marvel atualmente.






  

  


sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Marvel | Justiceiro, Hipérion, Homem de Ferro, Falcão Noturno e X-Men ganham novos títulos em 2016

E a Marvel não pára de inflar sua linha de quadrinhos para 2016.

Seguido da proposta inicial de reformulação de toda sua linha editorial (já analisamos aqui) que começou este mês, a editora ontem anunciou hoje na apresentação para varejistas na MCM Comic Con em Londres, mais quatro títulos para o ano que vem

Segue a lista:

"International Iron Man" - Primeiro citada como um rumor de um segundo título do Homem de Ferro, a revista foi confirmada hoje e reúne a antiga dupla responsável por "Demolidor", "Cavaleiro da Lua" e "Scarlet" - Brian Michael Bendis e Alex Maleev.



"The Punisher" - O Justiceiro está de volta em uma nova mensal escrita pela autora de "Southern Cross" e do sucesso adolescente "Gotham Academy", Becky Cloonan. Segundo a roteirista o título não tem nada de infantil e se você é uma criança lendo "Gotham Academy" provavelmente não deve ler o novo título de Frank Castle. A arte em "The Punisher" fica por conta de um dos favoritos dos leitores, Steve Dillon, que trabalhou no personagem na aclamada passagem de Garth Ennis pela revista na década de 2000.

"Hyperion" - O Super-Homem da Marvel não está somente nas páginas de "Esquadrão Supremo" em 2016. Hipérion ganha seu título próprio escrito pelo autor do romance "Star Wars: Aftermath", Chuck Wendig e com arte do desenhista do tie in de "Guerras Secretas" chamado "1872", Nik Virella.

"X-Men: Worst X-Man ever" - Max Bemis, vocalista da banda indie Norte Americana Say Anything, estreia em seu primeiro título regular na Marvel (Ele já havia escrito uma história na extinta revista "A+X") introduzindo o personagem Bailey Hoskins, o "pior X-Man que já existiu".  


Além disso a Marvel anunciou ontem exclusivamente via CBR um novo título protagonizado pelo Falcão Noturno (versão "Poder Supremo") escrito pelo autor de "Cyborg" na DC Comics, David F. Walker. Além disso Walker já havia sido escalado para um novo título estrelando o heróis de aluguel, Luke Cage e Punho de Ferro (que já comentamos aqui).
 

HQ do Dia | Survivors' Club #1

Conheça o clube de sobreviventes do horror da Vertigo.

Uma lista na internet. Todos na lista estão mortos, exceto por 6 indivíduos. Algo horrível aconteceu com essas pessoas em 1987. Traumas distintos que os assombram até hoje. Uma dessas pessoas é Chenzira Molenko, uma imigrante Sul Africana especialista em video games que sofreu uma experiência demoníaca em sua infância no Soweto. Agora os demônios estão de volta e "Zira" em meio a uma investigação descobre a tal lista e reúne o bando de desajustados que forma este "Clube dos Sobreviventes".

"Survivors' Club" é um dos primeiros lançamentos da nova linha de títulos Vertigo (veja a lista completa aqui) em 2015 que começam a ser publicados este mês pela DC Comics. O roteiro do gibi é uma colaboração entre a autora Sul Africana, Lauren Beukes (que além de romances escreveu o spin-off de "Fábulas" chamado "Fairest") e o jornalista especializado em video games Dale Halvorsen. A HQ é totalmente ilustrada por Ryan Kelly, veterano da Vertigo que já trabalhou em "Livros de Magia" e "Lúcifer". 

O roteiro da primeira edição apresenta uma premissa um pouco manjada no que se pode definir como histórias de horror em grupo, porém não deixa de instigar a leitura por conta das personalidades conflitantes do elenco e do interesse geral do público em desgraças alheias. Os autores não entregam o jogo logo de cara e dão somente breves pinceladas nos traumas de cada um dos integrantes do clube nesta estreia, focando mais no flashback de "Zira" e na dinâmica estabelecida entre os personagens. Há muito espaço para boas histórias de horror em "Survivors's Club" e os autores aparentemente levarão o gibi de modo a apresentar cada um dos protagonistas de forma cadenciada. Se você tiver paciência para este tipo de formato, é uma boa escolha. Há muitos esqueletos nos armários deste pessoal aqui e este é o mérito da primeira edição. Pode parecer que não há um gerenciamento de elenco muito uniforme, mas aparentemente isso faz parte do formato da série. A parte do horror ainda é sutil, temos algumas cenas mais fortes, mas nada que impressione ou choque. Tudo bem encaixado no roteiro e sem apelação para a violência gratuita.

A arte de Ryan Kelly é o destaque em "Survivors' Club". Com boa parte do roteiro se passando em uma casa com os personagens conversando, o risco desta primeira edição se tornar monótona era bem alto. No entanto o ilustrador consegue um ótimo resultado gráfico e torna a leitura prazerosa através de ferramentas muito simples: Boa caracterização do grande elenco, cenários bem feitos, linguagem corporal inteligente, sequência de quadros inteligível e expressões faciais marcantes. Kelly tem um traço clássico de quadrinhos bem limpo e isso facilita muito o entendimento das sequências em flashback e mesmo quando faz umas "gracinhas" no enquadramento, isso de forma alguma compromete o fluxo de leitura da revista. Repare como o design de páginas nas cenas dentro da casa de Alice Taylor (onde ocorre a primeira reunião do Clube) é praticamente o mesmo em comparação com as externas e os flashbacks que são intencionalmente mais caóticos. Isso é uma estratégia visual bem sutil que envolve o leitor sem ele nem perceber.

"Survivors's Club" não é uma edição de estreia "arrasa quarteirão" que vai deixar o leitor de quadrinhos adultos sedento pelas próximas edições. Temos um bom roteiro de horror sobrenatural com um elenco bem problemático (no melhor sentido da palavra) em um ritmo cadenciado e uma apresentação gráfica bem honesta. Para quem anda carente de bons títulos do gênero, vale a pena dar uma conferida e ver se a premissa e o andamento do roteiro desta primeira edição agrada.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Valiant | Editora distribui machados de batalha no lançamento de HQ

Como não amar a Valiant Entertainment?

Para o promover o vindouro lançamento do novo título "Wrath of the Eternal Warrior" estrelando o Guerreiro Eterno, Gilad Anni Padda, a editora enviará à lojas de quadrinhos selecionadas réplicas do icônico machado de batalha do personagem.

Os machados serão enviados às lojas participantes do pacote exclusivo de lançamento da revista, mas podem ser adquiridas por outras lojas mediante contato com a editora. O machados são em escala humana e tem o logo da revista cravejado na lâmina.



"Wrath of the Eternal Warrior" é escrita por Robert Venditti (que nós já entrevistamos exclusivamente aqui) e desenhada por Raul Allen e tem estreia marcada para o dia 18 de Novembro.

Para mais sobre a Valiant leia nosso artigo com o cara que trouxe a editora para o Brasil:

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

DC | Nova mini série conta a origem da Mulher Maravilha

A história da Mulher Maravilha antes de se tornar um ícone dos quadrinhos.

Em meio a uma nova leva de novas mini séries em quadrinhos com estreia prevista para a primeira metade do ano que vem, a DC Comics recentemente anunciou recentemente um novo título digital contando a origem do ícone das super heroínas, a Mulher Maravilha.

"The Legends of Wonder Woman" é uma mini série em nove partes integralmente escrita e desenhada pela autora do gibi sucesso no kickstater "Womanthology", Renae De Liz que focará na infância e adolescência de Diana Prince em Themyscira, antes de deixar a Ilha Paraíso e se tornar de fato a Mulher Maravilha. Apesar da história se passar em maior parte na Ilha, haverá algumas passagens no início da carreira da Amazona como Super Heroína.


"The Legends of Wonder Woman" segue os passos do título digital anterior protagonizado pela Princesa Guerreira da DC Comics, "Sensational Comics featuring Wonder Woman" que reunia uma antologia de histórias da personagem com artistas mulheres como Marguerite Sauvage, Noelle Stevenson e Marguerite Bennett (que nós entrevistamos aqui).

"Sensational Comics featuring Wonder Woman" termina em Dezembro e "The Legends of Wonder Woman" começa a ser publicada pela DC Comics logo em Janeiro de 2016.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

HQ do Dia | Lando - Série Completa

O malandrão mais querido da galáxia faz sua estreia na Marvel.

 
Este mês a Marvel finalizou a publicação de mais uma mini série situada no seu novíssimo universo expandido em quadrinhos da franquia Star Wars.

"Lando" é a quinta série Marvel publicada em sua linha em uma "Galáxia muito, muito distante" e conta uma aventura em cinco partes protagonizada pelo eterno vigarista espacial Lando Calrissian que se passa entre o Episódio III - Uma nova esperança e sua introdução na tela grande no Episódio IV - O Império contra-ataca. 

Na história escrita por Charles Soule (Uncanny Inhumans, Monstro do Pântano) e desenhada por Alex Maleev (Demolidor, Scarlet), o trambiqueiro Lando se envolve em um roubo de uma luxuosa nave espacial para pagar uma dívida anterior. Lando e uma equipe formada por seu parceiro de "esquemas" Lobot, os misteriosos guerreiros Aleksin e Pavol e a especialista em artefatos raros Sava Korin Pers acabam caindo na mira do impiedoso Imperador Palpatine em meio ao início da guerra civil galática.

Soule usa estas cinco edições de forma muito inteligente, estabelecendo uma dinâmica de amizade cativante entre Lando e Lobot e sempre mantendo o caráter duvidoso de seu protagonista equilibrado entre o aproveitador egoísta e o anti-herói malandrão, sem tender para nenhum dos dois lados por muito tempo. O pano de fundo entre os episódios III e IV é quase que irrelevante (exceto no início da história) e o que temos aqui é um mergulho na personalidade deste que é um dos coadjuvantes favoritos dos fãs da série de filmes. Lando é surpreendente, sempre tem algum ângulo nem um pouco óbvio para escapar de situações complicadas, joga sujo quando tem de jogar, mas acima de tudo tem um grande coração. O final da série escrito por Soule contribui de maneira muito sutil para a transformação do personagem de um mero aproveitador em um herói da resistência rebelde. Temos um texto rápido e direto, como é característico do autor, peças de diálogo muito naturais, boas referências ao universo "macro" de Star Wars, ganchos inteligentes a cada final de edição e a introdução de um ótimo elenco de apoio sem apelar em nenhum momento para os baluartes de Star Wars. Se você quer uma expansão de universo isto aqui é material recomendado.

A arte de Alex Maleev para esta mini série é uma escolha bem inusitada e um tremendo desafio para este ilustrador. Para quem se habituou a ver o cara desenhando seus belos quadros em HQs com ambientação mais urbana / noir é uma verdadeira surpresa ver Maleev despejando cenários alienígenas, caçadores de recompensa galáticos e cruzadores espaciais com este grau de naturalidade neste gibi. O visual de "Lando" tem a cara de "Star Wars" da Marvel, mas do jeito rústico e meio grosseiro de Maleev. Somado ao roteiro direto de Soule, "Lando" ganha personalidade e um visual único. O destaque são as expressões faciais feitas por Maleev que dão a intensidade necessária aos diálogos, as cenas de luta, que não são tão numerosas, mas são breves e bem claras e a caracterização visual do elenco que é cuidadosa e atende aos padrões da linha de publicações de Star Wars da Marvel.

O sucesso de "Lando" não é surpresa. O personagem é um querido dos fãs de Star Wars e uma escolha natural para uma mini série neste novo universo da franquia na Marvel. A naturalidade com Charles Soule expande e molda a personalidade do cara nestas cinco edições ao mesmo tempo em que conta uma história simples e divertida sobre um período muito fértil na mitologia da franquia é que acaba surpreendendo. Com uma arte bem diferente do que se espera de uma HQ de Star Wars, Alex Maleev deixa novamente sua marca em um gibi da Marvel e faz de "Lando" uma leitura muito gratificante para os fãs desta amada franquia. 


Marvel | Editora apresenta o novo Falcão em Janeiro

Sim. Sam Wilson atualmente não é o Falcão e sim o Capitão América da Nova Marvel (e você pode ler a resenha de seu novo gibi aqui). Portanto alguém tem que assumir o manto do herói alado da editora.

Hoje nas prévias de solicitações de varejistas de quadrinhos de Janeiro de 2016, a Marvel revelou que a nova encarnação do Falcão faz sua estreia no próprio título do novo Sentinela da Liberdade.

Na quinta edição de "Captain America: Sam Wilson" o novo falcão alça voo e você pode ver a capa da gibi abaixo via CBR.


A sinopse somente descreve a quinta edição como "Testemunhe o nascimento de um Completamene novo e completamente diferente Falcão!"

"Captain America: Sam Wilson" #5 chega às bancas americanas em Janeiro de 2016.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

HQ do Dia | Captain America: Sam Wilson #1

Estreia da nova revista de Sam Wilson, o Capitão América da nova Marvel.


Outubro abriu a nova temporada de títulos com números "1" na capa na Marvel. A editora apresentou sua nova linha de quadrinhos através de uma de suas típicas edições "Point-One" (e você já pode ler a resenha aqui) e agora começa a enxurrada de novos títulos da chamada iniciativa "All-New, All-Different" (que já foi analisada por alto aqui). 

Puxando o "bonde" das novidades temos a estreia de "Captain America: Sam Wilson", título sob responsabilidade do roteirista Nick Spencer (do mais recente volume da HQ do Homem-Formiga e da interessante "Avengers World") com ilustrações de Daniel Acuna que trabalhou na segunda metade do último volume de "Uncanny Avengers", escrito por Rick Remender. 

Ao contrário do que se possa imaginar pela promoção em torno deste título, este já é o segundo volume de um gibi Marvel sob o selo "Captain America" protagonizado por Sam Wilson como o Sentinela da Liberdade (o primeiro escrito por Rick Remender e desenhado por Stuart Immonen foi reenhado aqui). Aqui Spencer nos apresenta uma realidade bem diferente do que vimos no título anterior do Soldado Alado - O Capitão, agora atuando em conjunto com a casca-grossa, Misty Knight e Dennis Dunphy (o eterno "Demolição"), age independente do governo dos Estados Unidos, mas também sem apoio da S.H.I.E.L.D. Sem financiamento e atendendo diretamente à população necessitada sem intermédio de instituições, este Capitão ainda está aprendendo o caminho das pedras e tomando porrada de todos os lados ao tentar conciliar sua figura pública de símbolo Americano com suas posições e visões políticas pessoais. O resultado é uma queda abrupta de popularidade do herói e um Capitão América desacreditado por parte da população e imprensa, na pindaíba tendo de pedir dinheiro emprestado e viajando pelos EUA para defender a população em classe econômica. 

Spencer faz um trabalho excelente contextualizando o personagem com a situação social do país (e, em reflexo, de muitos lugares do mundo) nesta edição de estreia. Temas como xenofobia, violência policial e movimentos de grupo raciais no país estão distribuídos de maneira bastante uniforme nesta revista sem parecer forçação de barra e nem afogar o leitor com demagogia. Tudo isso é balanceado com ação (afinal este é um título de super herói) e certa dose de humor de situação bem sutil. A intenção da primeira edição é mostrar as dificuldades encontradas por Sam em ser um símbolo Americano nos tempos de hoje, ao contrário de uma grande conspiração misteriosa ou ameaça em contexto global como foi visto no volume anterior. Isso é uma mudança de tom extremamente válida para este tipo de gibi que tende a apresentar primeiro o plot megalomaníaco e aos poucos ir desenvolvendo o protagonista e suas dificuldades. Os antagonistas aqui apresentados (quase no final da revista) são secundários (apesar de incontestavelmente filhos da puta) e o foco fica mesmo na relação do Capitão com o público, o governo, seus entes próximos e a própria S.H.I.E.L.D. Spencer nos entrega um roteiro de fácil assimilação, inteligente, atual e com um bom ritmo, mas não espere surpresas. Não há nada disso aqui.

A arte de Daniel Acuna (que finaliza e ainda faz toda a colorização), assim como em seu trabalho anterior em "Uncanny Avengers", é um pouco irregular nesta edição de estreia. Enquanto em algumas páginas (as cenas no avião por exemplo) o estilo dinâmico, cômico e minimalista do artista (além do ótimo uso de uma colorização semi-fosca na revista toda) dá uma cara muito descontraída e irreverente à revista, nas cenas de ação nem tudo funciona muito bem e a falta de alguns detalhes e capricho joga contra o ilustrador. Portanto na mesma página em que você vê uma bela expressão facial de desdém da aeromoça em relação ao Capitão, vê também um quadro com seu icônico escudo desenhado de forma desproporcional e um Ossos Cruzados nem um pouco ameaçador. O gibi tem seus bons momentos gráficos, alternando com outros não tão bons e o leitor nem queira comparar com o trabalho de Stuart Immonen no volume anterior, pois ali vimos uma das apresentações mais belas desta versão do Sentinela da Liberdade. Aqui a arte serve o bom roteiro de Spencer e só, mas não tem impacto algum na leitura. Afinal, apesar da síndrome de "Gavião Arqueiro" que infecta muitos títulos de heróis solo atualmente, nem todo mundo é um David Aja, não é verdade?

"Captain America: Sam Wilson" estreia trazendo uma análise muito feliz da relação entre um sujeito tentando ser um símbolo de seu povo e as repercussões desta escolha. Sam Wilson é vulnerável, muito mais do que Steve Rogers e esse é o trunfo de Nick Spencer. O autor pontua de forma sutil o gibi com temas sociais extremamente válidos e mistura isso ao típico roteiro de ação super heróica num pacote leve e de fácil digestão. A arte de Daniel Acuna dá aquilo que o roteiro pede e não prejudica em momento algum a leitura, no entanto não se pode dizer que é uma estreia visualmente impactante ou mesmo um trabalho gráfico linear em todas as suas 26 páginas. Mesmo com este solavancos gráficos, o roteiro carrega o gibi nas costas e esta trata-se de uma estreia muito forte com um direcionamento narrativo alinhado com o que o leitor atual espera ver atualmente nos títulos de seus heróis favoritos.



sábado, 17 de outubro de 2015

HQ do Dia | Paper Girls #1

Conheça "Paper Girls", a nova aventura adolescente do criador de Saga.


Stony Stream, Ohio. Algumas horas após a noite de Halloween de 1988. Em um bairro aparentemente pacífico durante as primeiras horas da madrugada quatro jovens entregadoras de jornal fazem suas rotas diárias até que uma bizarra descoberta muda completamente a vida de Mac, Tiffany, KJ e da novata Erin. 

E assim começa "Paper Girls", nova criação do autor Brian K. Vaughan ("Y - O último homem", "Saga") em conjunto com o artista sensação em "Mulher Maravilha", Cliff Chiang. A sinopse descrita acima não revela nada de especial além de uma trama de mistério com ambientação retrô protagonizada por quatro garotas. A sinopse descrita acima pode fazer você ignorar este título caso não esteja familiarizado com o trabalho de Vaughan. Isso porque a sinopse acima não chega nem aos pés de fazer justiça a tudo que vemos nesta primeira edição de "Paper Girls".

Sabe aquela sensação de frio na barriga que muitas vezes experimentamos na infância e adolescência
quando saímos em uma aventura com um grupo de amigos ou mesmo conhecidos sem saber o que vai acontecer naquele dia? Ok, imagine se algo realmente bizarro acontecesse neste dia. Agora multiplique essa sensação de frio na barriga por 30, adicione uma sutil camada de ficção científica a esta aventura e considere o fato de que esta aventura é protagonizada por quatro jovens moças que são a definição de "amor a primeira vista". Talvez você possa ter uma ideia do que é a primeira edição de "Paper Girls". Se filmes como "Conta Comigo", "Os Goonies" ou mesmo "Super 8" vierem a cabeça durante a leitura, é isso mesmo que o autor está mirando (e acertando em cheio) ao apresentar o título.

Vaughan aparentemente não se esforça neste roteiro. Esqueça seus habituais conceitos esdrúxulos e ambientações estranhas. Isto aqui é um simples passeio de bicicleta na madrugada por um bairro bem comum no qual muita coisa dá errado. Uma história com clima moleque e com gente de verdade - pessoas que você provavelmente já interagiu em algum momento da sua vida. Tudo isso salpicado com aquele clima de início de "bromance" feminino e uma dose bem sutil de mistério de ficção. As personagens são apaixonantes individualmente com seu jeito especial: Você vai gamar logo de cara na durona Mac e seu jeito descaralhado de encarar a vida, mas aos poucos se identifica com a sagacidade meio inocente da jovem Erin, com a inteligência de Tiffany e o senso de humor e a bravura surpreendente de KJ. "Paper Girls" tem o mérito de apresentar o elenco mais forte em estreias de quadrinhos do ano de 2015. É bater os olhos nas falas e se apaixonar para sempre por essas meninas.

E a arte de Cliff Chiang? "Paper Girls" é um verdadeiro festival de sutileza e genialidade. O estilo minimalista de Chiang cria personagens e cenas com um impacto visual marcante onde a regra do "menos é mais" é levada ao seu limite. O visual do elenco de "Paper Girls" é tão distinto que você vai olhar uma personagem pela primeira vez e aquela imagem vai ficar "iconizada" na tua mente. Repare principalmente nas expressões faciais de cada um dos personagens (mesmo os que aparecem só em um ou dois quadros) nesta edição. Aqueles rostos tem vida, mesmo com a aparente ausência de detalhismo no traço do artista. Enquanto na apresentação geral do elenco o artista parece que economiza nos detalhes, nos cenários e ambientação há um cuidado absurdo para tornar este gibi com o clima de 1988. Desde o modelo das bicicletas até os posters em um dos quartos ("Deu a louca nos monstros" peloamor...), passando pelo estilo das construções e detalhes que só quem viveu aquela época ou vivenciou este tipo de gênero em outras mídias vai se ligar. Ambientação é tudo em "Paper Girls". Um trabalho gráfico único. Chiang toma conta do gibi e desde o início já se torna insubstituível aqui.

A pergunta mais frequente dos novos leitores sobre os trabalhos de Brian K. Vaughan é: "É tudo isso?". Em "Paper Girls" temos um generoso "Sim!" como resposta. Gibi moleque, com ritmo acelerado, clima de aventura adolescente, um elenco que dá vontade de abraçar até esmagar, um mistério a ser desvendado e uma arte que você só encontra aqui. Sem mais. Pare o que está fazendo neste momento e leia a primeira edição. Depois volte aqui e agradeça.

Leia também: HQ do Dia | Telos #1 

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

HQ do Dia | Telos #1

Direto das páginas de "Convergence" conheça a nova entidade cósmica da DC Comics.


Lembram de Telos? Não? Apesar de pouquíssimo tempo de vida no Universo DC, o personagem figura entre os seres mais poderosos da editora desde que foi introduzido na saga "Convergence". A princípio Telos tratava-se de um planeta prisão no qual as múltiplas realidades condenadas do Multiverso DC foram mantidas, no entanto Telos evoluiu para uma espécie de carcereiro multiversal e protagonista principal da mais recente saga da editora. Para mais detalhes sobre Telos leia nossas resenhas sobre a saga Convergence.

Bom, a convergência terminou e hoje temos um novo e riquíssimo Multiverso DC no qual o próprio Telos ganhou um título próprio escrito pelo autor de "Convergence", Jeff King e ilustrado por um dos desenhistas da saga, Carlo Pagulayan, que estreia este mês.

Em "Telos" o personagem confronta seu "criador", Brainiac após os eventos finais de "Convergence" a respeito de sua família perdida. O argumento de Jeff King, ao contrário do que se possa imaginar, não oferece muitas explicações sobre eventos prévios mostrados em "Convergence". King parte direto para o confronto no qual Telos quer explicações sobre as promessas de Brainiac ao final da mega saga. Se você não leu "Convergence" portanto, pode acabar levemente perdido se pegar esta edição para ler sem algum conhecimento prévio. 

O Telos de Jeff King, apesar de todo o seu mimimi, poderes e atitude agressiva, continua tão frio, raso e genérico quanto em sua aparição em "Convergence". O autor dá uma motivação bem justa e clara para o personagem e temos até um pano de fundo com um cenário proposto que foi feito para durar um arco de ao menos mais 5 edições. No entanto nesta edição de estreia, nada "gruda" na cabeça do leitor. Telos e Brainiac, apesar de estarem intimamente conectados, não tem química alguma entre si. E tendo em vista que 90 % desta primeira edição consiste em uma discussão entre os dois, a leitura rapidamente cai em um tremendo marasmo. 

A arte de Pagulayan cumpre o papel de apresentar o confronto entre os dois seres e os cenários alienígenas da melhor forma possível. O visual de ambos é detalhado e grandioso como deve ser. Os quadros em larga escala nas páginas são bem posicionados, causam o impacto visual esperado e o fluxo de leitura é bem confortável. Portanto temos aqui uma apresentação muito caprichada de um roteiro bem sonolento. 

A promessa de um gibi que tivesse abrangência grande o suficiente para transitar entre as múltiplas realidades do atual multiverso DC é uma dádiva para qualquer escritor de ficção. Em "Telos", Jeff King tinha esta ferramenta a sua disposição, no entanto a edição de estreia do título não chega nem perto do potencial que este tipo de elenco pode alcançar. Estamos lidando aqui com dois seres que tem poder suficiente para aprisionar universos inteiros. Isso deveria ser usado a favor da revista logo de cara para capturar a imaginação do leitor fã do universo cósmico da DC, todavia o autor escolhe um tom mais intimista e um conflito de personalidades bem justo, mas falha miseravelmente em dar peso a esta abordagem. O resultado é uma edição de estreia com uma apresentação bem bonita, mas sonolenta e que necessita urgentemente de um aumento de escopo.



quinta-feira, 15 de outubro de 2015

HQ do Dia | All-New, All-Different Point One #1

O "novo e completamente diferente" universo Marvel surge.

Calma! Começamos esta resenha simplificando logo de cara para os leitores que estão meio abobados com o festival de novos títulos da Marvel que foram lançados recentemente - De maneira bem simples: No universo Marvel atual nós temos (no mínimo) três janelas de tempo simultâneas ocorrendo:

1- Os títulos pré-Guerras Secretas que contam histórias antes do evento que teoricamente modificará todo este universo. Exemplos são "Ms. Marvel" e "Silver Surfer" que saem sob o selo "Last Days".
2- Os títulos que se passam já dentro do contexto das Guerras Secretas e que não necessariamente contam histórias simultâneas (nem vou tentar explicar isso aqui). Exemplos são a própria saga principal "Guerras Secretas" e tie ins como "A-Force", "Weirdworld", "Future Imperfect" entre outros.
3- A Marvel pós-Guerras Secretas que começou a ser publicada na semana passada e já conta as histórias que se passam 8 meses após o final da saga (Sim! Tem esse detalhe pra deixar tudo ainda mais "simples"). É aqui que entra esta edição "Point One" que serve de apresentação para os novos títulos que já estão estreando neste final de ano.

"All-New, All-Different Point One" é uma edição simples expandida com 51 páginas que reúne mini-histórias de alguns dos novos títulos da editora como "Carnificina"; "Rocket Raccoon e Groot"; "The Agents of S.H.I.E.L.D."; "All-New Inhumans" e "Demolidor". Todas as histórias são astutamente interligadas por uma trama estrelada pelo Maestro e o Colecionador inserida na nova "Contest of Champions" escrita por Al Ewing e desenhada por Paco Medina. Este artifício usando trechos de leitura intercalada por comentários dos dois personagens dá uma dinâmica interessante a um gibi que poderia ser um amontoado de histórias curtas recortadas e cumpre o papel de apresentar os novos títulos citados de maneira convincente.

Logicamente nem todos os trechos escolhidos como forma de apresentação vão capturar a atenção dos leitores. Ao mesmo tempo que um título bem casual estrelado por Rocket e Groot escrito por Skootie Young e desenhado por Felipe Andrade pode parecer interessante para uns, para outros o trecho escolhido para apresentar o gibi pode parecer meio simplório. O mesmo ocorre em "All-New Inhumans" de Charles Soule e Stefano Caselli que tem um impacto visual incrível por conta da arte, mas que não apresenta nada de muito diferente do que temos visto em títulos protagonizados pelos Inumanos desde a saga "Inumanidade". "Carnificina" de Gerry Conway e Mark Perkins parece ter uma premissa bastante genérica, apesar do visual agressivo e da personalidade magnética do protagonista. "S.H.I.E.L.D." de Marc Guggenheim e German Peralta, por sua vez usa a popularidade do elenco do seriado de TV e pode ser uma boa pedida para os fãs da série. O destaque mesmo vai para o novo título do Demolidor também de Soule, mas com os desenhos de Ron Garney. A prévia já nos mostra o Demolidor sob o olhar do novato vigilante urbano chamado Samuel Chung e de fato estimula a leitura do novo volume do título do Demônio da Cozinha do inferno. A história em "Contest of Champions" que permeia toda esta edição não tem nada demais, mas cumpre a função de introduzir todas as outras de forma fluída e coerente, tornando este formato "picotado" bem digerível para novos e antigos leitores da Marvel.

Como trata-se de uma espécie de pout pourri da nova Marvel, a arte neste "Point One" alterna conforme a HQ que está sendo apresentada. E no geral temos ótimas apresentações gráficas em todos os trechos. Os destaques vão para a arte impactante de Stefano Caselli em "All-New Inhumans", o ótimo uso de sombras do veterano Ron Garney no Demolidor e a apresentação cartunesca e leve de Paco Medina em "Contest of Champions".

Em termos de apresentação de conteúdo "All-New, All-Different Point One" cumpre o seu papel. Há um gibi para grande parcela dos fãs da Marvel na seleção de títulos aqui apresentada. Os trechos de história mostrados talvez não sejam os mais legais das séries, mas o investimento em franquias mais "fora" do eixo "Vingadores" e "Homem de Ferro" para apresentar a nova fase da editora é louvável e vale a pena dar uma conferida para ver o que te agrada neste novo Universo Marvel.



DC Comics | Novas HQs de Lanterna Verde, Monstro do Pântano e Hera Venenosa em 2016

Três novas séries em quadrinhos anunciadas para 2016.

A DC Comics anunciou esta semana três novos títulos em quadrinhos com estreia prevista para início de 2016.

Então anote na sua agenda e prepare o bolso:


O primeiro é a continuação da série "Green Lantern: Lost Army" protagonizada pela Tropa dos Lanternas Verdes liderada por John Stewart. O novo título se chamada "Green Lantern: Edge of Oblivion" (Algo como "Lanterna Verde: A beira do esquecimento") e agora conta com o time criativo composto pelo roteirista Tom Taylor e o veterano desenhista Ethan Van Sciver. A série continua a saga da Tropa perdida pelo espaço no Universo DC.


Outra série que estreia no início do ano que vem é um novo volume do Monstro do Pântano dessa vez escrito por seu criador Len Wein e ilustrado pelo aclamado Kelley Jones. A dupla recentemente escreveu o tie in em duas partes do personagem na saga Convergence. A sinopse do novo título no entanto é muito vaga e descreve o protagonista apenas recebendo um aviso e sendo atacado por forças desconhecidas de magia negra.


Por fim foi anunciada uma mini série em seis partes protagonizada por Hera Venenosa chamada "Poison Ivy: Cycle of life and death". A revista será escrita pela autora indie Amy Chu (de CMYK) e desenhada pelo artista de Ninjak da Valiant, Clay Mann. Na história, o alter ego de Hera, a Dra. Pamela Isley, começa em um novo emprego no Jardim Botânico de Gotham, mas é acusada de assassinato. O crime é cometido utilizando métodos similares a de Hera.